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26a RASBQ

A Formação do Químico (Simpósio, Sociedade Brasileira de Química - 26ª Reunião Annual)

Jailson B. de Andrade (UFBA) - Coordenador, Fernando Galembeck (UNICAMP), Roberto Ribeiro da Silva (UNB), Marcelo C. Gandur (3M do Brasil).

O OBJETIVO DO SIMPÓSIO - Jailson B. de Andrade (UFBA).

Nos últimos cinco anos ocorreram mudanças significativas no sistema de ensino superior brasileiro e no financiamento à Pesquisa. Foram criadas as Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação e o sistema de avaliação dos cursos de pós-graduação, feita pela CAPES, foi alterado, com a ampliação do elenco de conceitos (introdução das notas 6 e 7) e a criação do sistema de classificação de periódicos denominado QUALIS. Por outro lado, o modelo de financiamento da pesquisa científica e tecnológica pelo Governo Federal foi totalmente reformulado, tendo sido introduzidos os Fundos Setoriais, os Institutos do Milênio, os Programas Temáticos e os Editais Universais do CNPq.

Nesse novo cenário, com o objetivo de contribuir para a formulação de políticas de C&T para a área de Química, a Diretoria e o Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Química, SBQ, decidiram em 2002 promover uma série de atividades visando à elaboração de um documento denominado "Eixos Mobilizadores em Química" e a discussão de temas como o ensino de graduação e pós-graduação em Química, o novo modelo de financiamento à pesquisa, a situação da área e suas perspectivas, especialmente considerando as eleições para Presidente, Governadores, Congresso Nacional e Assembléias Legislativas em 2002 e as respectivas posses em 2003.

Na 25a Reunião Anual da SBQ, em Poços de Caldas, MG, em maio de 2002, foi realizado o workshop "UM OLHAR SOBRE A PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA NO BRASIL", coordenado pelos Conselheiros Solange Cadore (UNICAMP) e Jailson B. de Andrade (UFBA), que contou com a presença, entre outros, de representantes da CAPES e do CNPq, do Coordenador da área de Química na CAPES e Membros do Comitê de Avaliação, além de Coordenadores de Cursos de Pós-Graduação em Química. Outra atividade realizada foi o Simpósio Noturno, "EIXOS MOBILIZADORES EM QUÍMICA", contando com a participação de Eliezer J. Barreiro (Presidente da SBQ naquele biênio), Eduardo Moacyr Krieger (Presidente da Academia Brasileira de Ciências) e Jailson B. de Andrade (UFBA). O workshop "A QUÍMICA NO BRASIL: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS", coordenado pelos Conselheiros Solange Cadore (UNICAMP) e Jailson B. de Andrade (UFBA), ocorreu em Salvador, BA, de 04 a 06 de dezembro de 2002, com o objetivo principal de dar continuidade às discussões sobre o ensino, pesquisa e avaliação em Química, com a participação dos (as) Coordenadores (as) de Programas de Pós-graduação em Química, Diretoria e Conselho da SBQ, Membros dos Comitês Assessores de Química na CAPES, CNPq e Fundações Estaduais de Fomento. Como resultados destes eventos foram identificados seis eixos mobilzadores: formação de recursos humanos qualificados, desconcentração regional e combate à endogenia, estímulo ao empreendedorismo e à interdisciplinaridade, aproximação pró-ativa da academia com a atividade econômica e vinculação orçamentária de recursos para C&T. O texto detalhado, as ações sugeridas e valor estimado do investimento necessário estão em divulgados em Química Nova (J. B. de Andrade, S. Cadore, P.C. Vieira, C. Zucco e A. Pinto, " Eixos Mobilizadores em Química", Química Nova, 2003, no prelo).

A etapa seguinte desta série de eventos é o Simpósio "A FORMAÇÃO DO QUÍMICO" que ocorrerá na 26a Reunião Anual da SBQ. O objetivo principal do Simpósio é discutir a formação dos profissionais de Química em nível de graduação e pós-graduação e as suas repercussões no ensino (inclusive o secundário) e a inserção destes profissionais no setor industrial. A contribuição dos participantes do simpósio, cujos resumos encontram-se abaixo, será no sentido de iniciar a discussão do tema.

FORMAÇÃO DO QUÍMICO - Fernando Galembeck (UNICAMP)

Esta contribuição aborda dois aspectos da formação do químico:

  1. aspectos atuais da formação em nível superior, que considero deficientes;
  2. a questão, de interesse muito amplo, do ensino precoce de ciências na escola primária.

Formação do químico em nível superior. Tenho elementos para acreditar que o químico formado em qualquer uma de dezenas de universidades públicas e várias universidades particulares brasileiras tenha um nível de conhecimento químico compatível com o dos seus colegas e competidores formados em países desenvolvidos. Com isso, não quero dizer que os químicos brasileiros tenham sempre formação excelente, apenas afirmo que são reconhecidos como químicos de boa formação, em outros países. Nem mesmo persiste hoje a tradicional desvantagem da formação dos estudantes brasileiros face aos de outros países do Cone Sul. Por outro lado, a formação recebida pelos nossos alunos se concentra excessivamente em aspectos acadêmicos da química e algumas disciplinas correlatas. Em conseqüência, noto algumas características negativas nessa formação:

  1. Mesmo nos melhores cursos do país, um grande número de estudantes forma-se tendo como meta realizar uma pós-graduação, quase sempre em tema acadêmico e com um forte caráter de simples reprodução intelectual do orientador.
  2. Químicos recém-formados não compreendem a enorme importância da crescente produção de produtos químicos por métodos biotecnológicos e o forte impacto que isto está tendo e terá sobre os investimentos na indústria química e sobre o seu futuro cenário de emprego.
  3. Químicos recém-formados têm formação inadequada para se tornarem biotecnólogos, químicos genômicos e qualquer uma das outras muitas modalidades novas, que se expandem rapidamente - embora a formação em química possa ser muito adequada como formação básica para estas modalidades.
  4. Falta aos alunos clareza quanto ao papel da química na vida moderna e quanto às razões para que o setor químico mereça, em todos os países desenvolvidos, uma grande preocupação estratégica e econômica.
  5. Falta clareza quanto à presença das substâncias químicas no cotidiano: estudantes gastam semanas estudando assuntos de interesse muito restrito, tanto ou mais do que gastam aprendendo sobre polímeros, tensoativos, corantes e pigmentos, produtos da indústria química de base e especialidades químicas, que estão presentes no seu dia a dia e respondem por grande parte da produção e empregos do setor químico.
  6. Desconhecimento do aparelho econômico dentro do qual a química é praticada: empresas, produtos, processos, setores de aplicação. Já encontrei numerosos grupos de formandos que simplesmente ignoram o fato de o exercício da profissão de químico ser regulamentado por lei e o significado desta regulamentação.
  7. Desconhecimento das atividades químicas executadas em empresas de outros setores que não o setor químico.

Em resumo, quase todos os problemas que detecto nos jovens químicos dizem respeito menos à sua formação em química e mais à sua inserção na profissão, no seu ambiente e no seu plano de vida. Não são problemas para serem resolvidos através de alterações curriculares pontuais, mas sim através de mudanças de atitudes (de professores e alunos) e do clima intelectual e profissional nos departamentos de química. Considero que o ambiente acadêmico dos alunos é prejudicado pelo regime de RTI ou RDIDP de docentes praticado de maneira estrita. O rigor nesses regimes teve sua importância na consolidação do sistema nacional de ensino superior, mas é hoje um fator negativo porque mantém os docentes em isolamento do mundo exterior. O resultado disso é que docentes empenham-se em ensinar aos alunos o que está em livros e revistas, nunca em patentes e menos ainda no seu ambiente imediato. Um caso absolutamente chocante que encontrei recentemente foi o de um professor que discute em aula de "Química Verde" a produção de álcool etílico, usando os dados de custos de produção observados nos Estados Unidos e ignorando que o país líder mundial em produção de álcool a partir de biomassa, sem subsídios e com vantagem de preços sobre o petróleo, é o Brasil. Ou seja, nossos alunos aprendem em aula o que está nos livros e revistas estrangeiros, mesmo quando o assunto é mundialmente liderado pelo Brasil.

Ensino precoce de ciências. Há resultados muito importantes, obtidos em várias partes do mundo nos últimos vinte anos, mostrando que o ensino precoce de ciências utilizando novas metodologias pode produzir excelentes resultados sobre o aprendizado geral de crianças, com um custo reduzido e mesmo tratando-se de populações que estão em condição econômica muito desvantajosa. Portanto, os programas baseados nestas metodologias são não apenas eficientes, mas também socialmente inclusivos.

Os dois principais programas atuais são o "Main à la Pâte" francês e o "Science for All Children" americano, aplicados já em vários países. No Brasil o programa "Mão na Massa" é aplicado ainda em pequena escala, em São Paulo, Rio de Janeiro e em algumas experiências isoladas.

Considero que a disseminação destes programas merece os esforços de pessoas interessadas não apenas na formação dos químicos, mas de todos os cidadãos. No Brasil, a introdução destes programas tem sido liderada por físicos e biólogos, com presença pouco expressiva de químicos.

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO -
Roberto Ribeiro da Silva (UNB).

O atual curso de formação de professores de Química para o ensino médio (Curso Noturno de Licenciatura) foi concebido segundo dois eixos organizadores, a saber:

1) Identidade do curso noturno

Caracterizada por: a) distinções que vão do ritmo do curso à sua duração; da reconstrução da grade curricular à metodologia dos inter-relacionamentos subjetivos; b) especificidade tal que não possa ser caracterizado como um apêndice do curso de bacharelado em Química.

2) Princípios curriculares convergentes para o exercício do magistério

Os princípios curriculares estabelecidos para o curso foram: a) formação profissional docente como eixo gerador; b) consolidação da formação profissional na área de Ensino de Química; c) adoção de práticas pedagógicas diferenciadas pelos professores formadores; d) consolidação da formação dos conceitos químicos; e) formação em Ciência-Tecnologia-Sociedade.

As estratégias que estão sendo utilizadas para garantir a operacionalização dos eixos norteadores são: realização de seminários pedagógicos em ensino de Química, com a participação dos professores formadores; b) redimensionamento das disciplinas introdutórias; c) redimensionamento das disciplinas de conteúdo químico; d) formação através da prática de ensino, integrando teoria e prática; e) integração entre as disciplinas do fluxo; f) desativação da habilitação licenciatura em Química (diurno); g) reativação do duplo curso para os alunos dos cursos de licenciatura e bacharelado em Química; h) adequação do número de vagas ofertadas no concurso vestibular; i) consolidação, no Instituto de Química da UnB, da área de ensino de Química.

Conclusão: em 2003, o Curso Noturno de Licenciatura em Química completa 10 anos. Durante este período, foi possível superar, em parte, a polarização entre a formação específica e a pedagógica que tradicionalmente pulverizam a formação do professor, gerando o despreparo do futuro profissional para desenvolver ações pedagógicas em sintonia com o conhecimento químico.

O AMBIENTE DE TRABALHO DO QUÍMICO NA INDÚSTRA -
Marcelo C. Gandur (3M do Brasil)
A Chegada na Indústria
visão "bancada" x ambiente de trabalho na indústria
competências globais:
Conhecimento Corporativo
Inteligência nos Negócios
Experiência Funcional
o modelo de competências: atributos da liderança
Definir o rumo
Elevar o nível
Energizar pessoas
Saber inovar
Vivenciar os valores da empresa
Apresentar resultados
conhecimento x relacionamento
visão de negócios
problemas "não formulados"
conceitos científicos x problemas do cotidiano na indústria
conhecimento químico x logística/burocracia do cotidiano
o inventor e o inovador
distorções de comunicação

A Universidade e a Indústria

a falta de interlocutores
o relacionamento preconceituoso (bidirecional)
alunos do curso noturno x diurno

Oportunidades de Melhoria

maior conhecimento do ambiente de trabalho do químico industrial
comunicação e relacionamento
informática aplicada à química
o curso de química aplicada



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26a Reunião
Cartaz
Cartaz da 26a Reunião

Tema 26a RA
A QUÍMICA TORNA SUA VIDA MELHOR

Local
Poços de Caldas - MG

Data
26 a 29 de Maio de 2003

Prazo para envio de trabalhos
03 de Fevereiro de 2003

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