28a Reunião Anual
Sociedade Brasileira de Química
 
   
 
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LETRAMENTO EM QUÍMICA, EDUCAÇÃO PLANETÁRIA E INCLUSÃO SOCIAL

Wildson Luiz Pereira dos Santos

Instituto de Química – Universidade de Brasília

Campus Darci Ribeiro, Asa Norte, 70910-970, Brasília – DF

wildson@unb.br

No mundo globalizado, podemos dizer que com exceção de tribos isoladas, todos os habitantes do planeta fazem uso diário de produtos químicos sintetizados pela indústria química e originados de conhecimentos químicos desenvolvidos por cientistas de todo mundo. A Química tem gerado empregos e desenvolvimento econômico, contribuindo de forma significativa para o aumento da qualidade de vida. Por outro lado, o modelo de desenvolvimento tecnológico que vem sendo adotado tem priorizado o capital em relação às necessidades humanas. Isso tem resultado em um processo acelerado de degradação ambiental, com ocorrência de novas doenças que vêm afligindo enorme parte da população mundial e até mesmo ocasionando a morte imediata de milhares de pessoas em decorrência de grandes acidentes provocados por vazamento de gases, incêndios, contaminação de efluentes etc. Apesar dos avanços científicos e tecnológicos que vêm dando respostas rápidas para muitos problemas ambientais, o modelo adotado têm aumentado a concentração de renda, excluindo a maior parte da população global do acesso aos benefícios tecnológicos. A Química aparece nesse contexto, na maioria das vezes, como vilã, sendo poucas vezes lembrada pela população em geral como a responsável por muitos avanços no aumento, por exemplo, da expectativa de vida. Nesse quadro, em que se socializam riscos e se elitizam benefícios, amplia-se o movimento de reivindicação de alfabetização científica e tecnológica para todos, por entidades populares, educadores, cientistas, empresários e governantes. Mas que significados cada um desses atores atribuem ao papel da alfabetização científica? Discutindo diferentes concepções sobre alfabetização científica e tecnológica em debate no meio acadêmico e adotando a acepção de letramento em substituição a de alfabetização, apresentaremos na presente conferência, reflexões filosóficas, sociológicas e éticas sobre o papel das sociedades científicas, dos profissionais da Química e, sobretudo dos professores de escolas de educação básica, em relação ao compromisso de educação química em uma perspectiva planetária inclusiva e que assegure as conquistas da Química na melhora de qualidade de vida, preservando todas as formas de vida da presente e das futuras gerações. (Agradecimentos: UnB/DPP, Funpe).

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