NOTÍCIAS
José Bonifácio, um cientista pioneiro no tempo da colônia
16/1/2014
|
O espaço que os livros de história dedicam a José Bonifácio de Andrada e Silva (1763–1838), o Patriarca da Independência, é ocupado, quase sempre, pela política. Figura chave no processo de emancipação do país, influente ministro de D. Pedro I, ele foi também tutor de D. Pedro II. Mas a trajetória política só teve início aos 56 anos, quando retornou ao Brasil. Antes disso, foi o cientista que obteve reconhecimento internacional incomum para alguém nascido na colônia de um país periférico da Europa. Sua atuação estendeu-se à química, mineralogia, geologia e metalurgia, como mostrará a Conferência "José Bonifácio e a Ciência", que será apresentada na 37ª Reunião Anual da SBQ pelo professor Carlos Alberto Filgueiras (UFMG).
"Ele foi o primeiro cientista brasileiro a ter reconhecimento e prestígio internacionais", lembra inicialmente o conferencista. Entre as contribuições que justificaram esse prestígio, está o artigo publicado na revista alemã Allgemeines Journal der Chemie, de Leipzig, depois traduzido para periódicos de língua francesa e inglesa. No texto, o autor descrevia, com base na química e na mineralogia, doze novos minerais. Três deles teriam papel relevante para a ciência e a tecnologia no futuro. A petalita e o espodumênio foram identificados como silicatos. Mais tarde esse avanço deu origem a outras investigações científicas, em vários países, que auxiliaram o químico sueco Johan August Arfwedson (1792-1841) na descoberta do elemento químico lítio.
José Bonifácio foi, portanto, o único brasileiro cujo trabalho está ligado à sequência de eventos que deram origem à descoberta de um novo elemento químico, nota Filgueiras. A identificação do minério criolita, por sua vez, seria também uma contribuição valiosa. O mineral surgiria, no final do século XIX, como a resposta para um desafio industrial. Obter um processo eletroquímico que facilitasse a produção de alumínio.
Filgueiras lembra que deve-se a José Bonifácio, além disso, a criação do primeiro laboratório, em Portugal, para estudar as plantas brasileiras. Assim como outras iniciativas científicas da época, o pioneirismo tinha objetivos práticos. As "febres", que acometiam as populações e as tropas, num período em que Portugal vivia constantemente em guerra, eram tratadas, então, com a planta quina, do Peru. Encontrar outra planta com propriedades semelhantes na diversa flora brasileira era o alvo ambicionado pelo pesquisador, que obteve avanços modestos na empreitada.
A conferência vai tratar também da visão progressista do político do Império, que antevia a necessidade de se implantar escolas no país e chegou a elaborar um plano para a constituição de universidades.
O prazo final para submissão de resumos à 37ª RASBQ é 03/02/2014. A Reunião será realizada de 26 a 29 de maio de 2014, no Centro de Convenções de Natal (RN).
Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)
|