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A Química quer conhecer os novos contaminantes do ambiente


5/12/2013

A rapidez com que novos produtos, e substâncias, chegam ao mercado torna impossível o conhecimento preciso sobre os efeitos que podem provocar na saúde humana ou no meio ambiente. Além do surgimento de substâncias únicas, as inúmeras combinações possíveis entre elas aumentam as possibilidades de efeitos adversos nos seres vivos. Essa criação permanente de novos elementos pouco conhecidos atende as necessidades da indústria de consumo, mas deve ser objeto de preocupação dos profissionais da ciência. Um convite à reflexão sobre esse quadro é feito por Wilson de Figueiredo Jardim, professor do IQ da Unicamp e ex-diretor da Divisão de Química Ambiental da SBQ.

Ele vai apresentar a conferência "Avaliando os riscos associados aos novos contaminantes no ambiente", durante a 37ª Reunião Anual da SBQ. Figueiredo Jardim lembra que, a cada ano, são registrados mais de mil novos produtos, como pode ser visto pelos registros do Chemical Abstracts Service. As substâncias estão sendo registradas com uma velocidade que não permite à pesquisa e órgãos regulatórios determinarem riscos da exposição para os seres humanos e para a vida selvagem.

Essa expansão trouxe um novo tipo de desafio para a toxicologia, que normalmente trabalha com substâncias isoladas. "Você conhece o efeito daquela substância, administrada em determinadas condições". Hoje, as pessoas são expostas a um "coquetel" desses compostos, o que aumenta o número de questões a serem respondidas pela toxicologia.

A produção científica ilustra esse desafio.. O caso de novos materiais pode ser visto como referência. O crescimento do número de artigos sobre propriedades, síntese e outros estudos desses materiais mostra uma curva exponencial. Os artigos que tratam da ecotoxicologia e efeitos danosos dos compostos levam um tempo para aparecer. Na comparação há, por exemplo, 10 mil artigos publicados sobre propriedades e síntese, em um determinado período, e 50 textos referentes à ecotoxicidade. São duas curvas similares, mas afastadas em uma janela temporal, quase sempre de muitos anos. Quando se começa a conhecer os efeitos danosos, já há um grande número de usuários desses compostos. "A indústria farmacêutica é um bom exemplo disso", constata.

"Temos aí um sério problema para entender ou avaliar quais seriam os riscos da exposição a essa nova sociedade que nós estamos criando, onde eu tenho milhares de compostos com os quais eu convivo diariamente". E indaga: "quais as consequências, por exemplo, de beber a água que tenha um nanograma de hormônio feminino?"

A discussão vem sendo travada também no âmbito da Organização Mundial de Saúde e alguns países tomam iniciativas preventivas. A França, assinala, decretou moratória a nanocompostos de prata, pois não se sabe exatamente quais são os danos que podem advir da produção exacerbada desses compostos.

O prazo final para submissão de resumos à 37ª RASBQ é 03/02/2014. A Reunião será realizada de 26 a 29 de maio de 2014, no Centro de Convenções de Natal(RN).

Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)




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