Pesquisa em Química, 2007: Promessas e Desafios

Fernando Galembeck
Universidade Estadual de Campinas
fernagal@iqm.unicamp.br

A pesquisa química apresenta hoje um grande dinamismo, em todo o mundo. Depois de alguns períodos de uma certa depressão, dois fatores de motivação têm se mostrado muito efetivos: o presente ciclo global de desenvolvimento econômico e as demandas colocadas pela causa da sustentabilidade, incluindo o trabalho necessário para evitar o agravamento das mudanças climáticas globais. Além desses fatores, o cenário brasileiro em 2007 apresenta perspectivas extremamente interessantes para os pesquisadores químicos, decorrentes das circunstâncias únicas deste país: passamos por um período de razoável desenvolvimento econômico, sendo hoje auto-suficientes em petróleo e caminhando para a auto-suficiência em gás, líderes globais na produção de combustíveis de fonte renovável com perspectivas de enorme expansão, além de sermos detentores de uma notável capacidade de produção de derivados da biomassa.

            Portanto, a importância do Brasil cresce, nos mapas mundiais da petroquímica e da produção química derivada da biomassa. Finalmente, em que pese a virtual moratória da pesquisa sobre o aproveitamento da biodiversidade, esta continua sendo um imensurável conjunto de oportunidades. Esta privilegiada situação coloca alguns desafios muito grandes para os pesquisadores, professores e estudantes brasileiros. Entre estes, serão destacados os seguintes:

1)    O agronegócio está se tornando uma rica fonte de insumos químicos e o seu crescimento demanda fertilizantes e defensivos, além dos materiais para equipamentos e instalações de produção e armazenagem, colocando crescentes demandas sobre setores importantes da indústria química. Urge encontrar múltiplas soluções para as necessidades de potássio, nitrogênio e fósforo da agricultura – desde as práticas que reduzam as perdas e aumentem o aproveitamento dos insumos agrícolas, até a diversificação das fontes, incluindo o reaproveitamento e reciclagem.

2)      Por isso mesmo, efluentes, lixo e resíduos de todos os tipos, ricos em nutrientes, devem deixar de ser fontes de poluição, doença, sujeira e desconforto, tornando-se fontes de matérias-primas preciosas.

3)     Todas as competências necessárias à separação, processamento e transformação de substâncias químicas (métodos sintéticos, catálise, métodos de separação, modelagem e simulação de processos) devem ser objeto de intenso aprimoramento através da pesquisa, focalizada nas matérias-primas naturais.

4)     As biotecnologias e as nanotecnologias devem ser encaradas pelos químicos como áreas de seu interesse, buscando sinergias nos processos e nas propriedades dos produtos.

5)     Toda a metodologia analítica e de caracterização de substâncias químicas simples ou complexas deve ser continuamente aperfeiçoada, focalizando os aspectos de qualidade e o papel extremamente estratégico que a análise tem em qualquer exercício de "benchmarking" ou de engenharia reversa.    

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