LIXO: PROBLEMAS E SOLUÇÕES


Márcia Gorette Lima da Silva (PQ)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento de Química

CEP 59072-970 - Natal -RN - Brasil



Palavras chave: estudo do meio; estudo dirigido, lixo.

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi desenvolvido na disciplina de Laboratório de Química ministrada no I ano do Ensino Médio. A Química participa do desenvolvimento científico-tecnológico e suas contribuições têm alcance social, econômico e político.

A visão, de modo geral, do ensino da Química nos níveis médio e fundamental é de um conhecimento acadêmico, com transmissão de informações desligadas da realidade vivida pelos alunos e professores, que são memorizadas passivamente, desprezando o prazer das investigações. Entretanto, o conhecimento químico visa, entre outros, a formação de novos cientistas e cidadãos mais conscientes e críticos inseridos no contexto social.

Dentre as metodologias alternativas que visam a motivação dos alunos e facilitadoras da compreensão dos conteúdos encontra-se o estudo dirigido e o estudo do meio.


OBJETIVO

Na tentativa de estimular os alunos a capacidade analítica e criadora, foi proposto o projeto: “A Química na Sociedade”, sendo escolhido vários temas por grupos diversos. Empregou-se o uso de seminários, que além de excitar o talento criador, oferece oportunidades de manifestações pessoais de tradução, interpretação e extrapolação, além de desenvolver também a consciência crítica. Nos chamou a atenção ao tema “Lixo” e que posteriormente ao final do trabalho o título foi modificado para “Lixo: problemas e soluções”.


MÉTODOS

O projeto visava investigar a problemática do lixo da cidade de Natal no Rio Grande do Norte. As etapas do planejamento se dividiram em duas fases. Na primeira fase realizou-se o levantamento bibliográfico analisando historicamente a sociedade de consumo, passando a caracterização dos tipos de lixo, chegando a destinação do lixo urbano e ao seu tratamento com suas vantagens e desvantagens. Na segunda fase realizou-se um estudo do meio, com a visita ao “Lixão da cidade” e ao “Forno do lixo”. Foram coletados dados estatísticos quanto a coleta urbana/zona da cidade (Quadro I), o percentual de resíduos sólidos domiciliares (Quadro II), observou-se o processamento e separação do lixo, e a organização social dos catadores de lixo.

Realizaram-se então novas visitas em busca de soluções, conhecendo o “Programa de Coleta Seletiva” de algumas empresas e o destino adequado aos recicláveis transformando-os em benefícios, possibilitando inclusive a garantia de cestas básicas para as comunidades carentes.


RESULTADOS

As informações obtidas junto ao órgão responsável pela coleta de lixo na cidade do Natal, URBANA – Companhia de Serviços Urbanos de Natal, Sociedade Anônima de Economia Mista, foram organizadas nas seguintes propostas: Projeto de estímulo à participação da população na coleta seletiva nas residências e implantação de postos de entrega voluntária pelos cidadãos; O “Forno do lixo” deverá ser desativado e o “lixão atual”, que é um aterro controlado, será extinto no prazo máximo de 1 ano, devido a um ultimato do Ministério Público; O “novo lixão”, deverá ser um aterro sanitário, que diminuirá a contaminação dos lençóis freáticos e a presença de catadores; Projeto de restauração da usina de separação que se encontra desativada, que evitará a grande quantidade de catadores além de tornar a separação mais eficiente.

Quadro I – Percentual de Lixo coletado por zona

Zona

Percentual

Zona Norte

24,36 %

Zona Sul

24,27 %

Zona Leste

20,72 %

Zona Oeste

30,45 %


Quadro II – Percentual dos resíduos sólidos domiciliares

reciclados no município do Natal

Material Reciclado

Percentual

Plástico duro

1,05 %

Plástico mole

0,31 %

Lata

2,10 %

Papelão

2,74 %

Papel

2,89 %

Vidro

1,38 %

Osso

0,26 %

Alumínio

0,07 %

Metais ferrosos

0,16 %

Cobre

0,01 %

Melissa

0,21 %

Coco

7,69 %

Matéria orgânica (compostagem)

66,50 %

Rejeitos

14,63 %

Total

100 %

OBS: Universo pesquisado – 50 ton/dia



CONCLUSÃO

A visita causou impacto emocional no grupo, que resolveu levantar os dados sobre as irregularidades observadas, buscando através de entrevistas, as providências sociais e tecnológicas a serem tomadas pelo órgão responsável, assim como de alternativas possíveis, entre elas a reciclagem, coleta seletiva, aterros sanitários, trabalhar com a comunidade, e outros, que para alguns componentes do grupo foram verdadeiras descobertas tais como os biodigestores e a compostagem, e o custo de tais alternativas

Reunindo todos os dados coletados foi organizado um seminário para exposição e debate com o restante do grupo. A abordagem estimulou a discussão e motivou o surgimento de novas propostas na busca de soluções para o problema a nível do próprio universo escolar e doméstico através de campanhas.

Após a análise do projeto pode-se afirmar que utilizando um planejamento bem elaborado, o aprendizado da química possibilita a compreensão tanto dos processos químicos em si quanto da construção de um conhecimento científico com aplicações tecnológicas e suas implicações sociais, ambientais, políticas e econômicas.


Bibliografia

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Alegre: Artmed.

INHELDER,B.; BOVET, M & SINCLAIR, H. (1977). Aprendizagem e estruturas do conhecimento. São

Paulo: Saraiva.

MORTIMER, E.F. (1992) Pressupostos epistemológicos para uma metodologia de ensino de química:

mudança conceitual e perfil epistemológico. Química Nova, 15 (3): 242-249.

Santos,W.; Mól. G.S. (1998), Química na Sociedade. vol. 1. Brasília: UNB

INHELDER,B. & PIAGET,J. (1976). Da lógica da criança a lógica do adolescente. São Paulo:Pioneira

Programa de coleta seletiva-Petrobrás/E&P RNCE. Comissão de coleta seletiva.