DEGRADAÇÃO RADIOLÍTICA DO HERBICIDA ÁCIDO 2,4 DICLOROFENOXIACÉTICO (2,4-D) EM SOLUÇÃO AQUOSA CONTENDO ÁCIDO HÚMICO
Sandro Xavier de Campos (PG); Eny Maria Vieira(PQ)
palavras-chave: degradação, radiação gama, 2,4-D
Introdução
A possibilidade de utilização da tecnologia nuclear na proteção e conservação do meio ambiente tem sido objeto de discussões nos últimos anos. Dentro desta perspectiva, o emprego da radiação gama como indutora da decomposição dos mais diversos poluentes orgânicos tem se mostrado instrumento eficiente para a despoluição ambiental [1,2,3]. Devido sua alta capaciadade de penetração a radiação gama pode ser utilizada na degradação de contaminantes ambientais nos mais diversos meios como por exemplo solos e substâncias húmicas [4]. O herbicida ácido 2,4 diclorofenóxiacético (2,4-D) é amplamente utilizado em todo mundo de forma pós-emergente em culturas de arroz, aveia , centeio, trigo, café, cana-de-açúcar, milho, sob linhas de transmissão elétrica e pastagens e de forma pré emergente nas culturas de café, milho e cana-de-açúcar. O 2,4-D apresenta certa resistência a métodos convencionais de degradação como por exemplo a degradação química, biológica e fotoquímica onde sua destruição torna-se bastante difícil, especialmente quando agregado a sedimentos e em ambientes anaeróbicos, tornando-se necessário estudos sobre novas técnicas de degradação deste composto, como por exemplo, a utilização de radiação gama proveniente do cobalto-60 [5,6].
Objetivo
Este trabalho teve como objetivo utilizar a radiação gama do cobalto-60 como indutora da degradação do herbicida ácido 2,4-D em solução aquosa contendo ácido húmico.
Métodos
A solução aquosa do herbicida 2,4-D foi preparada numa concentração de 25 mg L-1 e a essa solução foi adicionado ácido húmico extraído de solo obtido da Aldrich a uma concentração de 0,025 mg L-1 e a solução foi agitada por 2 horas para total solubilização do ácido húmico . Em seguida foram transferidas aliquotas de 5 mL desta solução para tubos de vidro de 20 cm de comprimento e 1cm de diâmetro e depois de fechados foram irradiados à diferentes doses em um irradiador do tipo MDS-Nordion que possui cobalto-60 como fonte de radiação na Empresa Brasileira de Radiações (EMBRARAD). Depois de irradiados os tubos foram abertos, as soluções foram filtradas e tranferidas para frascos de vidro e conservados em geladeira até serem analisados. As análises foram realizadas através da cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), em um cromatógrafo do tipo Shimatzu LC-9A com detector de UV-visível, trabalhando em comprimento de onda fixo em 280 nm, eluição isocrática 60% água + 2% ácido acético glacial e 40% acetonitrila com um fluxo de 1ml min-1, coluna RP-8 (20 cm x 4,6 mm D.i x 10 mm) e equipado com um injetor de 20 ml.
Resultados e discussões
Através dos resultados obtidos pela análise dos cromatogramas e da curva analítica feita com a utilização de padrões externos, verificou-se a percentagem de degradação do 2,4-D nas diferentes doses de radiação aplicadas. Assim observou-se que à dose de radiação aplicada de 3 kGy, cerca de 55% do herbicida 2,4-D foi degradado, a uma dose de 10 kGy cerca de 70% e à uma dose de 40 kGy 100%.
Conclusões
Conclui-se que a degradação do herbicida 2,4-D é dependente da dose de radiação aplicada. Quanto maior a dose de radiação aplicada maior percentagem do herbicida 2,4-D é degradado. Desta maneira a utilização da radiação gama na degradação do herbicida 2,4-D é um método eficiente.
Referências bibliográficas
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