INFLUÊNCIA DO ÁCIDO HÚMICO DE DIFERENTES ORIGENS NA DEGRADAÇÃO DO PESTICIDA PARATION ETÍLICO ATRAVÉS DA RADIAÇÃO UV


Francismário F. dos Santos (PG), Maria Olímpia de Oliveira Rezende (PQ)


Grupo de Radioquímica e Química Ambiental - Instituto de Química de São Carlos - USP


Palavras chave: ácido húmico, radiação ultravioleta, paration etílico


Introdução

A presença de poluentes no sistema aquático tem levado a uma série de impactos negativos ao meio ambiente, principalmente no que diz respeito à saúde pública e à destruição dos ecossistemas. Atualmente, o tratamento de efluentes e águas através de processos oxidativos avançados (POAs) é um dos mais promissores. Os POAs, baseados na combinação da radiação ultravioleta (UV) com vários reagentes como óxido de titânio (UV/TiO2), H2O2 (UV/ H2O2) etc., produzem espécies altamente reativas como radicais hidroxilas, espécies estas responsáveis pela alta eficiência na destruição de inúmeros poluentes 1. A matéria orgânica, em especial os ácidos húmicos (AH), presentes no solo e em sistemas aquáticos, também são capazes de gerar radicais hidroxilas quando submetidos à radiação UV. Vários trabalhos têm demostrado aumento na velocidade de fotodegradação de vários pesticidas quando na presença de AH 2. Os AH não apresentam estrutura química definida e podem, assim, apresentar diferentes comportamentos. Assim, neste trabalho, foi avaliada a influência dos AHs de diferentes origens (AH extraído de turfa (AHT), AH aquático (AHA) e AH comercial proveniente da Aldrich (AHC)) frente à radiação UV na degradação do pesticida paration etílico.


Metodologia

Soluções aquosas de paration (1mg/L) na presença de AH (10mg/L) foram irradiadas durante 300 minutos. O processo de irradiação foi realizado em fotorreator equipado com uma lâmpada de mercúrio de média pressão de 450watts. O reator é um cilindro anular com uma câmara reacional (pirex) e uma jaqueta de quartzo. Todos os experimentos foram realizados sob agitação e temperatura constante. Após a irradiação, as soluções foram extraídas em acetato de etila (3x10mL), rotoevaporadas e ressuspendidas em metanol (10mL). Todas as determinações analíticas foram realizadas através da cromatografia líquida (HPLC-UV).


Resultados e conclusões

A degradação induzida pela excitação direta do paration, ou seja, na ausência de AH, ocorreu totalmente em menos de 240 minutos de irradiação. No entanto, quando na presença dos AHs (AHT, AHA, AHC), o tempo de degradação foi substancialmente diminuído. A velocidade de fotodegradação do paration seguiu a seguinte ordem: AHA>AHC>AHT. A cinética de fotodegradação para todos os sistemas indicou uma reação de primeira ordem. Como esperado, os resultados mostraram que a degradação é dependente da origem do AH. Este fato é de grande importância e pode contribuir para uma melhor compreensão do destino final de pesticidas no ambiente.


Bibliografia:


1. Legrini, O.; Oliveros, E.; Braun, M. Chem. Rev., 93, 671-698 (1993).

2. Arguer, J.P.; Richard, C. Chemosphere, 38, n.10, 2293-2301 (1999).


CNPq, FAPESP