ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DO HERBICIDA METRIBUZIN EM ÁGUA NA PRESENÇA DE ÁCIDO HÚMICO EXTRAÍDO DE VERMICOMPOSTO
Juliana Cristina Barreiro (PG); Maria Diva Landgraf (PQ); Maria Olímpia de Oliveira Rezende (PQ).
Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP.
Palavras-chave: degradação de metribuzin, ácido húmico, vermicomposto.
O uso contínuo de substâncias que atuam como defensivos leva à contaminação dos lençóis freáticos, empobrecimento do solo e danos à saúde humana. A habilidade do solo em se autodepurar, ligar-se com esses produtos ou retardar-lhes o movimento, ajuda a reduzir esses efeitos nocivos [1].
Sendo assim, um fator importante a ser considerado no comportamento dos pesticidas é a sua degradação, uma vez que a sua persistência prolongada no solo leva à contaminação de outros ambientes, como as águas subterrâneas. A degradação nesses sistemas é influenciada pela concentração e estrutura molecular do pesticida, difusão, sorção, pH, matéria orgânica do meio em que se encontra o pesticida e fatores climáticos como temperatura, umidade, duração e intensidade da luz solar [2].
O
metribuzin é um herbicida utilizado na agricultura como pré
e
pós-emergente no controle de ervas daninhas. No Brasil,
é aplicado nas culturas de soja.
O metribuzin degrada-se no solo produzindo como principal produto de degradação o DADK desaminodiceto metribuzin, seguido do diceto metribuzin, DK, e desamino metribuzin, DA [3].
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi estudar a degradação do metribuzin na presença de ácido húmico de vermicomposto em água através da luz solar, identificando e quantificando os produtos de degradação.
Metodologia
O ácido húmico de vermicomposto de esterco bovino, produzido na região de São Carlos - SP, foi extraído e purificado seguindo a metodologia proposta por Stevenson [4] e posterior caracterização.
Foram preparados dois frascos, A e B, contendo 5 mg de ácido húmico e 500 mL de uma solução de metribuzin (10 mg L-1 ). E outros dois frascos, C e D, contendo 500 mL de solução de metribuzin (10 mg L-1 ). Os frascos A e C foram expostos à luz solar e os frascos B e D foram guardadas ao abrigo da luz, para controle. Coletaram-se em dias intercalados alíquotas de 50 mL de cada um dos frascos. A extração do metribuzin e seus produtos de degradação foi realizada em cartucho C-18. As amostras foram eluídas utilizando um volume de 10 mL de metanol e determinadas por cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons.
Resultados e conclusões
A caracterização do ácido húmico está apresentada na tabela a seguir.
Tabela - Caracterização do ácido húmico de vermicomposto.
Parâmetros |
|
|
|
COOH |
0,06 |
Grupos Funcionais |
OH-fenólico |
3,94 |
(mmol/g) |
Acidez total |
4,00 |
Teor de cinzas (%) |
1,44 |
|
PH |
6,21 |
|
CTC (mmolc/Kg) |
0,44 |
|
E4/E6 |
6,61 |
|
C |
53,02 |
|
H |
6,32 |
|
N |
3,84 |
|
O |
36,82 |
|
C/N molar |
16,37 |
A
partir da determinação cromatográfica pôde-se
identificar e quantificar os três principais produtos de
degradação do metribuzin, o DADK, DA e DK.
Verificou-se
um aumento na degradação do metribuzin nas amostras
expostas à luz solar. O decaimento na concentração
do metribuzin foi acompanhado até a sua completa degradação.
Nas condições do experimento verificou-se que o ácido húmico adicionado não influenciou na degradação do metribuzin. Este fato pode estar relacionado a estrutura química do ácido húmico.
Referências
1 MELO, I.S. de; AZEVEDO, J.L. Microbiologia Ambiental. Jaguariúna, Ed. EMBRAPA CNPMA, 1997. Cap. 4, p.107-124.
2 KEARNEY, P.C.; KAUFMAN, D.D. Herbicides Chemistry, degradation, and mode of action. New York, Marcel Dekker,1975. v.1, p.130-137.
3 LOCKE, M.A.; HARPER, S.S.; GASTON, L.A. Metribuzin mobility and degradation in undisturbed soil columns. Soil Science, v.157, n.5, May 1994.
4 STEVENSON, F.J. Humus Chemistry: genesis, composition, reactions. New York, J. Wiley, 1982.