isolamento de Um novo sesquiterpeno drimano com atividade antinociceptiva das cascas de Drimys winteri


Angela Malheiros (PG)a, Clarisse B. SChmidt (IC)a, Valdir Cechinel Filho (PQ)b, Adair R. S. Santos(PQ) b, Franco Delle Monache (PQ)c, João B. Calixto (PQ)d, Rosendo A. Yunes (PQ)a


aDepartamento de Química, Campus Universitário, Trindade, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 88040-900, Florianópolis, SC, Brasil

bNúcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas (NIQFAR)/CCS, Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), 88302-202, Itajaí, SC, Brasil

cCentro Chimica Recettori, CNR, Universita Cattolica Del Sacro Cuore, Roma, Italia

dDepartamento de Farmacologia, Campus Universitário, Trindade, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 88040-900, Florianópolis, SC, Brasil



palavras-chave: Drimys, drimanial, antinocicepção


A Drimys winteri (Winteraceae) é uma planta usada frequentemente na medicina popular de muitos países, incluindo o Brasil, para tratar várias doenças inflamatórias, como asma, alergia e bronquites. Também é usada como antiespasmódica, contra anemia, fraqueza em geral, febres e no tratamento do câncer1. Estudos fitoquímicos anteriores demonstraram que esta planta contém sesquiterpenos do tipo drimano e flavonoídes2-3. Estes compostos tem demonstrado particular interesse devido a atividade biológica que vem demonstrando, como antimicrobiano, inseticida, reguladora de crescimento de plantas, entre outras4. Em prévios estudos, nosso grupo de pesquisas mostrou a ação do extrato hidroalcóolico das cascas de Drimys winteri em contrações induzidas por mediadores inflamatórios5. Este extrato também exibiu ação anti-inflamatória e analgésica em diferentes modelos farmacológicos6. Estes efeitos estão relacionados, em grande parte, com a presença de polygodial, um sesquiterpeno drimano, majoritário nesta planta7-8.

No presente estudo as cascas de D. winteri foram maceradas e extraídas com CHCl3 e o extrato foi concentrado à pressão reduzida em evaporador rotativo. O extrato clorofórmico (23 g) foi submetido à cromatografia em coluna ( diâmetro de 4,5 cm) de sílica gel (219 g), empacotada com hexano e eluída com hexano e gradualmente enriquecida com acetato de etila e etanol. Foram coletadas 75 frações de 100 ml cada. As frações foram reunidas de acordo com semelhanças observadas por c.c.d. A fração 50-54 ( 5,518 g ) foi recromatografada em coluna (diâmetro de 2,5 cm) de sílica gel ( 48,7 g ), empacotada com hexano, eluída com hexano e gradualmente enriquecida com acetato de etila e etanol. Foram coletadas 72 frações de 25 mL cada. Da fração 50-54 ( 30 - 42 ), isolou-se o drimanial (1) (325 mg ) composto inédito na literatura.

A estrutura do composto foi elucidada com base na análise dos dados espectroscópicos (IV, EM, RMN 1D e 2D) obtidos e comparação com os existentes na literatura para compostos similares.

O efeito antinociceptivo de drimanial foi analisado no teste da formalina em camundongos, o qual apresentou DI50 (mmol/Kg) de 19,5 e 16,0 em relação a primeira e segunda fase do teste respectivamente.

Estes resultados sugerem que além do polygodial, o drimanial contribui para explicar o potente efeito antinociceptivo da D. winteri.


Referências bibliográficas:

1- HOUGHTON, P. J.; MANBY, J. (1985). J. Ethnopharmacol. 13, 89-103.

2- CECHINEL FILHO, V.; SCHLEMPER, V.; SANTOS, A. R. S.; PINHEIRO, T. R.; YUNES, R. A.; MENDES, G. L.; CALIXTO, J. B.; DELLE MONACHE, F. (1998). Journal of Ethnopharmacology, 62, 223-27.

3- REYES, A.; REYES, M.; ALVEAL, A.; GARCÍA, H. (1990). Rev. Latinoamer. Quím. 21 (1), 42.

4- JANSEN, B. J. M.; GROOT, A. (1991). Nat. Prod. Rep., 8 (3), 309-318.

5- EL SAYAH, M.; CECHINEL FILHO, V.; YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. (1997). Gen. Pharmacol., 28, 699-704.

6- TRATSK, K.S.; CAMPOS, M.M.; VAZ, Z.R.; CECHINEL FILHO, V.; SCHLEMPER, V.; YUNES, R.A.; CALIXTO, J.B (1997). Inflamm. Res., 46, 509-514.

7- EL SAYAH, M.; CECHINEL FILHO, V.; YUNES, R. A.; PINHEIRO, T. R.; CALIXTO, J. B. (1998). Eur. J. Pharmacol., (344), 215-221.

8- MENDES, G. L.; SANTOS, A. R. S.; CAMPOS, M. M.; TRATSK, K. S.; YUNES, R. A.; CECHINEL-FILHO, V.; CALIXTO, J. B.(1998). Life Sci., 63, (5), 369-381.


[CNPq - DQI/UFSC]