DETERMINAÇÃO TURBIDIMÉTRICA DE TANINOS EMPREGANDO REAÇÃO DE PRECIPITAÇÃO COM GELATINA
Edilene C. Ferreira1,2 (PG), Fernando V. Silva1,3 (PG),
Marcos Y. Kamogawa 1,2 (PG), Ana Rita A. Nogueira (PQ)1
Embrapa, Pecuária Sudeste, São Carlos SP
Departamento de Química, UFSCar, São Carlos SP
3. Instituto de Química de São Carlos, IQSC-USP, São Carlos SP
Palavras Chave: taninos, turbidimetria, injeção em fluxo
Introdução
Taninos são polifenólicos que formam compostos estáveis com proteínas. Ocorrem naturalmente nos vegetais, incluindo espécies economicamente importantes. Os taninos são responsáveis pelas cores vistas em flores e pelo sabor adstringente de muitas frutas, chás, vinhos, forrageiras, entre outros. Entre suas ações biológicas destaca-se a complexação com proteínas, o que provoca uma grande influência no valor nutritivo de muitos alimentos, além de ifluenciar a palatabilidade e reduzir a digestibilidade dos tecidos vegetais por complexar enzimas digestivas.
Sob condições moderadas, as interações com proteínas são baseadas nas ligações hidrofóbicas e ligações de hidrogênio não covalentes. Os complexos formados podem ser dissociados por detergente, que quebra as interações hidrofóbicas, ou por altos valores pH, através da ionização do grupo hidroxilfenólico destruindo a habilidade de ligação com hidrogênio. Em valores de pH próximos ao ponto isoelétrico da proteína, a precipitação é máxima e o precipitado formado pode ser detectado espectrofotométricamente pelo monitoramento da turbidez.
Objetivos
Desenvolvimento de método simples e de baixo custo para a determinação de taninos, baseado na principal atividade biológica desenvolvida por esses compostos, a precipitação com proteínas.
Métodos
O método proposto inclui um sistema de análise por injeção em fluxo com detecção turbidimétrica do precipitado formado pela reação entre os taninos de amostras de suco de caju e uma solução de gelatina (Fig. 1).
Para o desenvolvimento do método foram utilizadas solução 1000 mg L-1 de gelatina e soluções analíticas 75, 100, 125, 135, e 150 mg L-1 de ácido tânico, preparadas a partir de diluição de solução estoque 1000 mg L-1 de ácido tânico. O método proposto foi aplicado à três amostras de suco de caju de diferentes procedências, previamente centrifugadas à 10000 rpm durante 30 min.
Figura 1: Sistema em fluxo utilizado. C, água desionizada; A, amostra; B, bobina de reação (40 cm); R, solução 1000 mg L-1 gelatina; D, descarte; l, detector (450 nm).
Resultados:
Os teores de tanino encontrados nas amostras de diferentes procedências podem ser observados na Tabela 1. Em todos os experimentos foram observados linearidade para a curva analítica e desvios entre as medidas inferiores a 3,0% (n= 10) (Fig. 2). O procedimento proposto apresentou freqüência analítica de 48 amostras por hora e limite de detecção de 1,89 mg L-1 de ácido tânico. Testes de adição e recuperação indicaram a ausência do efeito de matriz, podendo as medidas serem realizadas sem a necessidade do uso de artifícios como adição de analito ou compatibilização de matrizes.
Conclusões:
O método proposto constitui alternativa fácil e de baixo custo para a determinação de taninos, baseada na principal reação biológica desenvolvida por esses compostos. O método também pode ser utilizado para determinação de proteínas se a solução de gelatina, R (Fig.1) for substituída por uma solução de ácido tânico. A diferença entre os teores de taninos obtidos para as amostras são provavelmente resultado de frutos de diferentes variedades e procedência, os quais tiveram diferentes coleta, armazenamento e preparo comercial.
[FAPESP, EMBRAPA]