Determinação direta de nitrogênio AMONIACAL do solo utilizando sistema de injeção seqüencial com pervaporação

Marcos Y. Kamogawa(PG)1,2, Ana Rita A. Nogueira(PQ)1

Gilberto B. de Souza (TE)1, Edilene C. Ferreira(PG)1,2, Fernando V. Silva(PG)1,3

1Embrapa, Pecuária Sudeste, C.P. 339, 13560-970, São Carlos SP

2Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos SP

3Instituto de Química de São Carlos, Universidade São Paulo SP


palavras-chave: pervaporação, injeção seqüencial, amostra sólida.


Introdução

Há milhares de anos, o “princípio do retorno ao solo” já era conhecido pelos chineses. Baseava-se em devolver tudo o que era retirado pela lavoura à terra. A medida que os nutrientes se escasseiam, é necessário devolver ou fornecer ao solo os nutrientes que lhe faltam. Um adubo bastante utilizado na agricultura é a uréia. A uréia é convertida biologicamente a uma forma amoniacal (NH4+), onde as plantas assimilam esse nitrogênio mais facilmente. A utilização de sistemas automatizados/mecanizados como os sistemas de injeção seqüencial acoplados a câmaras de pervaporação, difusão gasosa, etc., tem apresentado crescente aplicação no campo agronômico, como em análise de sais minerais, adubos e corretivos.

O objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de um sistema de pré-concentração rápido e confiável, que permita o monitoramento de nitrogênio amoniacal do solo, sem a necessidade de tratamento prévio da amostra e correlacionar com sua concentração efetiva no solo. Nesse enfoque, é proposto sistema por injeção seqüencial acoplado a uma câmara de pervaporação, aliando as vantagens da injeção seqüencial, como robustez, simplicidade de seus diagramas de fluxos e um controle preciso do volume das amostras e reagentes à possibilidade de realização de análises diretamente em amostras sólidas.


Metodologia

O sistema de análise em fluxo proposto empregou módulo de pervaporação, bomba peristáltica de velocidade e sentido variáveis com saída microprocessada, tubos de bombeamento, válvula solenóide de 6 vias, potenciômetro, eletrodo tubular seletivo ao íon amônio e eletrodo de referência, microcomputador com interface para aquisição de dados e portas digitais para controle externo. A pré-concentração da amônia, liberada pelas amostras sólidas a partir da injeção de 3 mL de NaOH 3,0 mol L-1, foi feita a partir da difusão da amônia por uma membrana hidrofóbica de Teflon®, sendo a seguir capturado em fluxo transportador (tampão tris-HCl 10-2 mol L-1) e direcionado ao detector.















Figura 1. Sistema proposto. A, amostra (1,0 g de solo); C, fluxo transportador/aceptor (tampão tris-HCl); ESI, eletrodo íon-seletivo, ER. Eletrodo referência; mV, potenciômetro.


Resultados

Visando avaliar a eficiência do método proposto, solos incubados com diferentes concentrações de uréia foram analisados pelo sistema proposto e os resultados comparados aos obtidos em sistema por injeção em fluxo com câmara de difusão gasosa e por destilação (Kjeldahl). Os resultados se mostraram estatisticamente semelhantes a nível de 95% de probabilidade (teste T).


Tabela 1. Resultados obtidos em solos com diferentes características. Sistema proposto (pervaporação); análise em fluxo (FIA) e destilação/titulação (Kjeldahl).


Amostra

Pervaporação

FIA

Kjeldahl


N-NH4 (mol L-1)

1

3,0 ( 10-2

2,4 ( 10-2

2,5 ( 10-2

2

5,0 ( 10-2

5,2 ( 10-2

4,5 ( 10-2

3

1,4 ( 10-3

1,5 ( 10-3

1,7 ( 10-3


Conclusões

A análise direta de amostras sólidas proporciona um ganho no tempo e a manutenção da matriz original da amostra. Com freqüência analítica de 15 amostras h-1, limite de detecção de 2,0 ( 10-5 mol L-1, d.p.r. < 5 % e linearidade da curva analítica igual a y = 255,1 + 46,9 x (R2 = 0,9963), o método apresenta a possibilidade de leitura direta dos teores de nitrogênio aplicado ao solo, fornecendo seus valores atuais, sem a necessidade de pré-tratamento das amostras.


[FAPESP, EMBRAPA]