OBTENÇÃO DO a-TERPINEOL A PARTIR DA HIDROXILAÇÃO DO b-PINENO CATALISADA POR HETEROPOLIÁCIDO (H3PW12O40)
Kelly Alessandra da Silva (IC), Patricia A. Robles-Dutenhefner (PG), Elena Gusevskaya (PQ)
Departamento de Química - ICEx –Universidade Federal de Minas Gerais
Palavras-chaves: heteropoliácido, hidroxilação, a-terpineol
Os monoterpenos de origem natural são olefinas de baixo custo e disponíveis em grande escala no Brasil [1]. A funcionalização da ligação C=C dos monoterpenos pode resultar em vários derivados oxigenados de interesse para a indústria de fármacos, perfumes e flavorizantes.
A acetoxilação e hidroxilação de terpenos são rotas sintéticas importantes que levam à formação de álcoois e ésteres. Sendo estas, reações que podem ser catalisadas por substâncias ácidas, particularmente por heteropoliácidos
Os heteropoliácidos (HPAs) são ácidos que incorporam ânions polioximetalatos (chamados heteropoliânions). Dentre as várias classes de HPAs, as que possuem maior importância para a catálise são os da série de Keggin. A fórmula geral do heteropoliânion é [XM12O40] x-8. Onde X é o átomo central (Si4+, P5+, etc), x é o estado de oxidação dele e M e o outro metal ( Mo6+, W6+, V5+, etc). H3PW12O40 e H3PMo12O40 são exemplos de HPAs pertencentes à essa série.[2]
Os HPAs apresentam várias vantagens sobre os catalisadores ácidos convencionais: são menos corrosivos, são ácidos de Bronsted mais fortes, possuem facilidade de recuperação, podem ser utilizados em sistemas heterogêneos líquido/líquido e líquido/sólido na forma suportada.[3]
O trabalho tem por objetivo estudar a aplicação do heteropoliácido H3PW12O40 como catalisador na obtenção do a-terpineol a partir de b-pineno. Estudou-se também, o efeito das variáveis reacionais (temperatura, composição do solvente e concentração do catalisador) nas seletividade e conversão visando uma otimização dessas reações.
As reações foram realizadas em reatores de vidro termostatizados sob agitação magnética constante. A solução de substrato (0,3 mol/L), padrão interno (0,1 mol/L de acetato de bornila), e catalisador em uma mistura de ácido acético e água. O desenvolvimento da reação foi monitorado por cromatografia gasosa (Cromatógrafo Shimadzu 14 B , coluna Carbowax 20 M e detector FID). A identificação e caracterização do a-terpineol (produto da reação) foi realizado através de uma amostra autêntica e de análise por espectrometria de massas acoplada à cromatografia gasosa após a neutralização com NaHCO3, da solução reacional e posterior extração com solução (2:1) éter/clorofórmio apresentando os fragmentos M/Z 59(100%) 93, 81, 21, 136, 68-67.
Foram estudados os efeitos das variáveis reacionais, sendo os melhores apresentados na tabela 1.
Tabela 1- Estudo das variáveis reacionais na obtenção do a-terpineol a partir da hidratação do b-pinenoa
[HOAc]/ [H2O] |
T (oC) |
Tempo (h) |
Conversão (%) |
Distribuição dos produtos (%) |
||
a-terpineol |
Isômeros |
Oligômeros |
||||
|
||||||
97,5/2,5 |
15 |
3,4 |
87 |
67 |
22 |
11 |
97,5/2,5 |
25 |
4,3 |
90 |
54 |
23 |
23 |
97,5/2,5 |
40 |
3,4 |
89 |
46 |
33 |
21 |
90/10 |
15 |
3,4 |
87 |
67 |
22 |
11 |
90/10 |
40 |
2,3 |
85 |
74 |
26 |
0 |
97,5/2,5 |
15 |
3,4 |
96 |
72 |
20 |
8 |
90/10 |
25 |
4,4 |
86 |
76 |
20 |
4 |
90/10 |
25 |
2,3 |
92 |
88 |
12 |
0 |
a[HPA] = 3mol/L, b[HPA] = 6 mol/L
1-W. E. Erman, Chemistry of the Monoterpenes. Na Encyclopedic Handbook, Marcel Dekker, Inc., New York, 1985.
2-I.V. Kozhevnikov, Russ. Chem. Rer.56 (1987) 811.
3-I.V. Kozhevnikov, Catal. Rer. Sci. Eng. 37 (1995) 311.