ÁLCOOL - UM CONCEITO INICIAL AO ENSINO

DA QUÍMICA ORGÂNICA



Katia Christina Leandro Antunes (FM) 1, Alexandre da Silva Antunes (FM) 2,

Jaylei Monteiro Gonçalves (FM) 3


Escola Estadual Agripino Grieco 1, Escola Estadual João Kopke 2 , Colégio Militar do Rio de Janeiro 2 , Centro Educacional da Lagoa 2, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 1,3


Palavras- chave: álcool, ensino de química orgânica, interdisciplinaridade


Introdução

A introdução ao ensino da química orgânica é normalmente apresentada como sendo uma parte da química relacionado à vida, tendo como ponto central, o átomo de carbono, e com funções e reações específicas. A abordagem tradicional privilegia a nomenclatura, as classificações e as reações, causando uma grande confusão ao aluno, que assim utiliza principalmente, a memorização como instrumento para posterior avaliação.

Uma das propostas atuais de ensino é a contextualização dos conteúdos para que esses sejam mais facilmente assimilados. O presente trabalho relata a experiência realizada com duas turmas de 2ª série (51 alunos), do ensino médio da Escola Estadual Agripino Grieco, localizada no Rio de Janeiro, na qual a química orgânica foi precedida por uma discussão sobre o alcoolismo. Tal tema foi escolhido por estar intensamente ligado a vivência dos alunos e também conforme pesquisa realizada pela UNESCO e FIOCRUZ 1 , de setembro/98 a março/99, na cidade do Rio de Janeiro, com jovens de escolas públicas e privadas; que mostra que o consumo de álcool é acompanhado pela crença equivocada de que bebida alcoólica não é droga.


Objetivo

Abordar a questão do alcoolismo sob o aspecto da cidadania. Desmistificar o conceito de que álcool seja uma única substância, caracterizando-o como uma função química. Utilizar a função álcool como referência para o desenvolvimento de conceitos básicos em Química Orgânica e das demais funções.


Métodos

Distribuição de um questionário aos alunos, com a intenção de verificar a sua opinião sobre o que é álcool, problemas advindos da ingestão da bebida, conhecimento sobre o alcoólicos anônimos (AA) entre outras perguntas. Discussões em sala de aula sobre as respostas obtidas. Trabalho interdisciplinar onde estudou-se os efeitos do alcoolismo no metabolismo humano. Abordagem dos conceitos iniciais em Química Orgânica, somente com a função álcool.

A análise da aplicação deste trabalho foi feita por comparação com duas turmas de mesma série do ano anterior, onde utilizou-se a abordagem tradicional.


Resultados

Foi verificado principalmente a associação do nome álcool à bebida e à droga (Tabela 1) e a partir de discussões, em sala de aula, advindas das respostas, os alunos passaram a perceber a amplitude de utilização, seja como combustível, medicamento e/ou produtos de limpeza. A discussão gerada a partir deste ponto ocasionou um grande interesse sobre o assunto e a subsequente abordagem dos conteúdos específicos somente com a função álcool, mostrou ser um excelente preparo para o posterior prosseguimento com as demais funções. Observou-se que esse fato deveu-se a melhor sedimentação dos conceitos iniciais e principalmente a facilidade em fazer conexões com a substituição do radical OH, característico da função álcool, por outro radical característico de outra função.

Finalmente, uma última análise foi relacionar a média anual das turmas do ano anterior (1998) com as turmas pertencentes a este projeto. Observou-se a elevação da média de 6,7 para 7,9.


Tabela 1 – Percentual de escolha quanto ao significado da palavra álcool.


Significado


Percentagem

Bebida

Droga

Limpeza

Medicamento

Combustível

Substância

63 %

23 %

4 %

4 %

2 %

4 %



Conclusão

A aproximação dos temas abordados em sala de aula com o cotidiano do aluno ou mesmo com fatos atuais é capaz de fazê-lo não somente perceber a importância da química na sociedade, bem como de desenvolver o senso crítico e instigar a curiosidade, levando-o a participar e interagir melhor com os conteúdos que lhe são apresentados.


Bibliografia

  1. MINAYO, M.C.S. Fala Galera: juventude, violência e cidadania na cidade do Rio

de Janeiro, Rio de Janeiro: Garamond, 1999.

  1. LUTFI, Mansur. Cotidiano e Educação em Química, Ijuí: UNIJUÍ, 1988.

  2. LONGENECKER, Gesina. L. Como Agem as Drogas, o abuso das drogas e o

corpo humano, São Paulo: Quack do Brasil Ltda, 1998.

  1. CHASSOT, Áttico. Catalisando Transformações na Educação, Ijuí: UNIJUÍ, 1993.

  2. CHASSOT, Áttico. Para Que(m) é Útil o Ensino?. Canoas: Ulbra, 1995.