ANÁLISE COMPARATIVA DO ÓLEO ESSENCIAL DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE PILOCARPUS MICROPHYLLUS STAPF
Ubiratan de Araújo Cunha (PG), Francisco José Teixeira Gonçalves (IC),
Manoel Andrade Neto (PQ).
Departamento de Química Orgânica e Inorgânica Centro de Ciências - Universidade Federal do Ceará.
Palavras-chave: Pilocarpus microphyllus, óleo essencial, 2-tridecanona.
Introdução: Pilocarpus microphyllus (Rutaceae) é uma espécie de larga importância econômica para o Brasil, pois de suas folhas extrai-se a pilocarpina, um alcalóide utilizado mundialmente no controle do glaucoma. Esta planta considerada genuinamente brasileira, além de farta ocorrência no Norte e Nordeste brasileiro está sendo cultivada no Estado do Maranhão de onde são obtidas suas folhas para a obtenção da pilocarpina [1].
Desta espécie, além da pilocarpina foram isolados os alcalóides também imidazólicos conhecidos como isopilosina, epiisopilosina e epiisopiloturina [1], e estudos do óleo essencial das folhas comercializadas, foram relatados anteriormente [2,3]
Em trabalho anterior, relatou-se o estudo da composição química do óleo essencial não somente das folhas, mas também das cascas e lenhos do caule e da raiz e com exceção das amostras de folhas, em todas as análises a 2-tridecanona e o 2-tridecanol foram os componentes majoritários [1]. As metil cetonas 2-undecanona, 2-tridecanona e 2-pentadecanona presentes nos óleos essenciais de Pilocarpus spp. foram apresentadas como possíveis marcadores quimiotaxonômico para o gênero [1].
Objetivos: Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo comparativo entre plantas pertencentes a três populações nativas de Pilocarpus microphyllus e plantas cultivadas em condições de irrigação, sem irrigação e infestada com nematóides.
Metodologia: Foram analisados os óleos essenciais obtidos das folhas e raízes de P. microphyllus coletado em Santa Inês e em Barra do Corda, ambos municípios do Estado do Maranhão. No município de Santa Inês coletou-se uma população nativa na reserva florestal da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e outra população na Fazenda Faísa, a qual anteriormente havia sido campo de cultivo desta espécie e atualmente/ destinada a reforma agrária pelo INCRA. Estas duas populações se diferenciam pelo fato de que, as plantas da CVRD não são exploradas pela população para fins comerciais, enquanto as plantas da Fazenda Faísa são periodicamente submetidas a coleta de suas folhas para fins industriais. A análise destas plantas submetidas a duas diferentes condições, passa pela necessidade de investigar-se se plantas nativas não exploradas, se expressam do ponto de vista da composição do óleo essencial, diferentemente de plantas depredadas regularmente pela retirada das folhas.
No município de Barra do Corda, foram coletadas plantas cultivadas na Fazenda Chapada, atual campo de cultivo de P. microphyllus para fins industriais e as coletas foram divididas em três categorias: as de plantas não irrigadas, plantas irrigadas e infestadas com nematóides e plantas irrigadas e não infestadas por nematóides. Em cada experimento foram analisadas folhas e raízes de três espécimens diferentes, somando um total de 30 análises realizadas.
A análise dos constituintes dos óleos essenciais foi feita utilizando-se cromatógrafo Gás-Líquido acoplado a espectrômetro de massa, e a identificação foi realizada por pesquisa em espectroteca, comparação visual com espectros da literatura [6] e determinação de índices de Kovats simulados [7].
Resultados e conclusões: Das análises das folhas foram identificados 21 componentes dos quais 18 são constituintes de natureza terpenoídica: 03 monoterpenos [a-pineno, a-terpinoleno e o limoneno], 15 sesquiterpenos, sendo majoritários o b-elemeno e o b-cariofileno, globulol e o cubebol; e 03 constituintes de cadeia acíclica, [2-tridecanona, 2-tridecanol e a 2-pentadecanona].
Em todas as análises das raízes foram identificados 9 constituintes: os monoterpenos a-bergamoteno, mirceno e linalol e as metil cetonas 2-undecanona, 2-tridecanona, 2-pentadecanona e os álcoois correspondentes 2-undecanol, 2-tridecanol e 2-pentadecanol.
O fato da 2-tridecanona e o 2-tridecanol estarem presentes em todas as amostras de raízes perfazendo aproximadamente 90 % do óleo, aliado a existência de referências bibliográficas que constatam a habilidade de certos fungos e bactérias realizarem a redução da 2-tridecanona ao seu respectivo álcool [8], permite-nos sugerir que estas substâncias poderão ser responsáveis por alguma função dentro da ecologia microbiana do solo.
BIBLIOGRAFIA
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Alencar, J. W.; Craveiro, A. A; Matos, F. J. A. Kovats indices simulation essential analysIs. Química Nova. V.3, n.4, p. 282-84 (1990).
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CAPES, CNPq, FUNCAP