A OXIAMINAÇÃO VICINAL ESTEREOSSELETIVA DO (-)-a-PINENO



Angelo S. Gonçalves (PG),a Paulo R. R. Costa (PQ)a e Sergio Pinheiro (PQ)b


a LASA, Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais, CCS, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cidade Universitária, 21941-590, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

b Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, Universidade Federal Fluminense, Campus do Valonguinho, Centro, 24210-150, Niterói, RJ, Brasil.

e-mail: SPINH@BOL.COM.BR


palavras-chave: pineno, oxiaminação, estereosseletividade



A síntese de b-aminoálcoois quirais merece considerável atenção em função das suas importâncias como b-bloqueadores adrenérgicos,1 como antagonistas seletivos do receptor ionotrópico glutâmico NMDA2 e como auxiliares e ligantes quirais em síntese assimétrica.3 Seus derivados N-tosilamida foram empregados, por exemplo, como auxiliares de quiralidade em a-alquilação de enolatos4 e como ligantes na reação de aldol.5

Em função do nosso interesse na preparação de novos auxiliares e ligantes quirais a partir de matérias-primas facilmente acessíveis, bem como no desenvolvimento de uma estratégia para a síntese de uma série de novos b-aminoálcoois com potenciais atividades farmacológicas, neste trabalho é descrita a aplicação da reação de oxiaminação vicinal regio e estereosseletiva de olefinas6, 7 para o acesso a derivados N-tosilados de b-aminoálcoois contendo o arcabouço quiral de pinenos (ver Tabela).

As oxiaminações vicinais do (-)-a-pineno (1) em condições estequiométricas (método A, entrada 1)6 e na presença catalítica de OsO4 (método B, entrada 2)7 forneceram aminoálcool 2 e seu derivado N-tosilado 3, respectivamente, com totais controles das regio e estereosseletividades. Contudo, nesta condição catalítica o nopol (4) levou à formação de uma mistura intratável de produtos e, a exemplo do fenilcicloexeno,7 o fenilapopineno (5) mostrou-se inerte (entradas 3 e 4).

Enquanto a ausência de duplicidades de sinais nos espectros de 1H-RMN a 300 MHz e de 13C-RMN indicaram, em ambos os casos, a formação de apenas um diastereoisômero a partir do (-)-a-pineno (1), as configurações absolutas de 2 e 3 foram determinadas por estudos de nOe. Por exemplo, os valores de nOe significativos de H3 com o hidrogênio H4 pseudo-equatorial (3 %), com a metila na posição 10 (3 %) e com H8 (5 %) confirmaram as estereoquímicas (2R, 3S) dos novos centros quirais gerados no aminoálcool 2. Da mesma forma, no derivado N-tosilado 3 o hidrogênio H3 apresentou nOe com o hidrogênio H4 pseudo-equatorial (5 %), com H10 (4 %) e com H8 (11%).

Encontram-se em curso as oxiaminações do derivado O-benzilado do nopol e do fenilapopineno (este pelo método A), bem como a remoção7 do grupo tosila de 3.



























Método A: t-BuN=OsO3 (1,1 eq.), piridina, 25 oC, 15h; Método B: OsO4 (1 mol %), cloramina-T· 3 H2O (1,25 eq.), t-BuOH, refluxo, 15h então NaBH4, 25 oC, 1h.



Referências


1.

a) Frishman, W. H. New Eng. J. Chem. 1981, 305, 500. b) Lefkowitz, R. J. Ann. Rep. Med. Chem. 1980, 15, 217.

2.

Moloney, M. G. Nat. Prod. Rept. 1998, 205 e referências citadas.

3.

Ager, D. J.; Prakash, I.; Schaad, D. R. Chem. Rev. 1996, 96, 835.

4.

Helmchen, G.; Wierzchowski, R. Angew. Chem. Int. Ed. Engl. 1984, 23, 60.

5.

Reetz, M. T.; Kyung, S. -H.; Bolm, C.; Zierke, T. Chem. Ind. 1986, 824.

6.

a) Patrick, D. W.; Truesdale, L. K.; Biller, S. A.; Sharpless, K. B. J. Org. Chem. 1978, 43, 2628. b) Chong, A. O.; Oshima, K.; Sharpless, K. B. J. Am. Chem. Soc. 1977, 99, 3420. c) Sharpless, K. B.; Patrick, D. W.; Truesdale, L. K.; Biller, S. A. J. Am. Chem. Soc. 1975, 97, 2305.

7.

a) Herranz, E.; Sharpless, K. B. J. Org. Chem. 1978, 43, 2544. b) Sharpless, K. B. Chong, A. O.; Oshima, K. J. Org. Chem. 1976, 41, 177.


Agradecimentos: CNPq