CONTROLE DA DIASTEREOSSELETIVIDADE NA ALDOLIZAÇÃO
DO FENILACETATO DE METILA
Marcelo B. de Lima (PG), Clara B. S. S. Gonçalves (PG), Sérgio F. Pedraza (PG), Florence M. C. de Farias (PQ) e Sergio Pinheiro (PQ)
Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, Universidade Federal Fluminense, Campus do Valonguinho, Centro, 24210-150, Niterói, RJ, Brasil.
e-mail: SPINH@BOL.COM.BR
palavras-chave: fenilacetatos, aldol, estereosseletividade
A reação aldólica de ésteres arilacéticos com aldeídos tem sido pouco empregada em síntese orgânica1 devido às modestas diastereosseleções simples observadas. Isto pode ser atribuído à formação, em muitos casos, de misturas de E e Z-enolatos de lítio em baixos estereocontroles nas desprotonações cinéticas de arilacetatos com LDA, LHMDS e butil-lítio.2
Na década de 90, Ganesan e Brown descreveram3 que a enolização do fenilacetato de etila pelo emprego de c-Hex2BI em Et3N ou DIPEA é altamente estereosseletiva (E:Z-boroenolato = 97:3) e que a subseqüente aldolização com o benzaldeído levou ao produto de anti-aldol em excelente diastereosseleção simples (anti:syn = 97:3). Contudo, este método não possibilitou o acesso a syn-aldóis.
Mais recentemente, Masamune e colaboradores mostraram4 que o organoborano c-Hex2BOTf é um reagente mais estereosseletivo (anti:syn = 98:2) que o n-Bu2BOTf na aldolização de ésteres propiônicos com aldeídos para gerar produtos de anti-aldol.
Neste trabalho descrevemos a aldolização do fenilacetato de metila com o benzaldeído usando diferentes enolatos metálicos e o emprego do organoborano comercialmente disponível n-Bu2BOTf como um reagente altamente estereosseletivo nesta reação (ver Tabela).
A ausência de seletividade na reação do enolato de lítio gerado a partir de LDA em THF5 seguiu a conhecida tendência dos ésteres metílicos em produzir misturas de anti e syn-aldóis, a despeito do E-enolato ser predominante na mistura (E:Z = 81:19).2a Conforme esperado, o aumento da temperatura (entrada 2) e a reação nas condições de Mukaiyama (entrada 3) favoreceram o isômero anti-aldol. Esta diastereosseletividade foi dramaticamente incrementada pelo emprego do sistema de solventes THF-23 % HMPA (entrada 4).
Enquanto os enolatos de zircônio6 e de titânio7 mostraram-se pouco seletivos (entradas 5 e 6), o emprego de n-Bu2BOTf em DIPEA8 forneceu o produto de syn-aldol em excelente diastereosseletividade (entrada 7), possivelmente como uma conseqüência da formação seletiva de Z-boroenolato.

Enquanto o uso de THF-HMPA (entrada 4) é uma boa alternativa para a preparação de anti-aldóis, o n-Bu2BOTf mostrou-se um excelente reagente para o acesso a syn-aldóis em altas seletividades a partir de fenilacetatos, constituindo-se em um método complementar ao uso do c-Hex2BI descrito por Ganesan e Brown.3
Referências
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			 1.  | 
		
			 van Aardt, T. G.; van Rensburg, H.; Ferreira, D. Tetrahedron 1999, 55, 11773.  | 
	
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			 2.  | 
		
			 a) Tanaka, F.; Node, M.; Tanaka, K.; Mizuchi, M.; Hosoi, S.; Nakayama, M.; Taga, T.; Fuji, K. J. Am. Chem. Soc. 1995, 117, 12159. b) Solladié-Cavallo, A.; Csaky, A. G.; Gantz, I.; Suffert, J. J. Org. Chem. 1994, 59, 5343. c) Corset, J.; Froment, F.; Lautié, M. -F.; Ratovelomanana, N.; Seyden-Penne, J.; Strzalko, T.; Roux-Schmitt, M. -C. J. Am. Chem. Soc. 1993, 115, 1684.  | 
	
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			 3.  | 
		
			 Ganesan, K.; Brown, H. C. J. Org. Chem. 1994, 59, 2336.  | 
	
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			 4.  | 
		
			 a) Liu, J. -F.; Abiko, A.; Pei, Z.; Buske, D. C.; Masamune, S. Tetrahedron Lett. 1998, 39, 1837. b) Abiko, A.; Liu, J. -F.; Masamune, S. J. Am. Chem. Soc. 1997, 119, 2586.  | 
	
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			 5.  | 
		
			 Heathcock, C. H.; Pirrung, M. C.; Montgomery, S. H.; Lampe, J. Tetrahedron 1981, 37, 4087.  | 
	
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			 6.  | 
		
			 Katsuki, T.; Yamaguchi, M. Tetrahedron Lett. 1985, 26, 5807.  | 
	
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			 7.  | 
		
			 Ghosh, A. K.; Onishi, M. J. Am. Chem. Soc. 1996, 118, 2527.  | 
	
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			 8.  | 
		
			 Evans, D. A.; Bartroli, J.; Shih, T. L. J. Am. Chem. Soc. 1981, 103, 2127.  | 
	
Agradecimentos: CNPq, CAPES