TERMOESTABILIDADE DE LIGNINAS OBTIDAS POR EXPLOSÃO A VAPOR DE CAVACOS DE Pinus taeda À PIRÓLISE
Amanda Imthurm1 (IC), Luiz Pereira Ramos2 (PQ), Alvaro Luiz Mathias1 (PQ)
1Departamento de Eng. Química, Universidade Federal do Paraná, C. P. 19070, 81531-990, Curitiba, PR. 2Departamento de Química, Universidade Federal do Paraná, C. P. 19081, 81531-990, Curitiba, PR. mathias@engquim.ufpr.br.
palavras-chave: explosão a vapor, lignina, estabilidade térmica, Pinus taeda.
Introdução.
Os três componentes básicos da madeira, celulose, hemiceluloses e lignina, podem ser separados pelo método da explosão a vapor [2]. A utilização de ácido sulfúrico como catalisador reduz a temperatura e o tempo necessários ao pré-tratamento por facilitar a hidrólise e fragmentação das hemiceluloses. Assim, as reações secundárias, como a desidratação de pentoses, são minimizadas e a recuperação da celulose e da lignina aumentam. A lignina produzida pode ser usada como um agente retardante de queima ou como material precursor de polímeros, logo é importante a avaliação da sua estabilidade térmica. Este trabalho amplia o estudo anterior [1] com novas condições de extração e com pirólise à menor taxa de aquecimento.
Objetivos.
Caracterizar a estabilidade térmica de ligninas derivadas de P. taeda por explosão a vapor e extraídas por extração alcalina.
Materiais e Métodos.
O pré-tratamento a vapor foi efetuado em um reator de 5 L de volume nominal sob diferentes condições de temperatura, concentração de ácido sulfúrico e tempo de reação na temperatura desejada. Os cavacos foram pré-impregnados com ácido sulfúrico diluído a diferentes concentrações e pré-tratados de acordo com o planejamento experimental descrito na Tabela 1. Transcorrido o tempo de pré-tratamento desejado no reator, a válvula inferior foi aberta e o material foi projetado (explodido) para o interior de um ciclone. O resíduo do ciclone foi recuperado com água, homogeneizado por 30 min e filtrado em tecido para separar as fibras da fração líquida ou extrato aquoso.
A extração da lignina foi realizada por tratamento alcalino (NaOH 0,1M) a partir de 50,0 g de fibras pré-tratadas. Para tanto, o extrato alcalino foi neutralizado com ácido sulfúrico diluído até pH 2,0 e o precipitado filtrado, seco a 60°. O resíduo foi triturado em gral com pistilo de porcelana e armazenado para as análises térmicas. Cerca de 4 mg de lignina em cadinho de platina foram submetidas a análise termogravimétrica sob atmosfera inerte (N2 = 30 mL.min-1 White Martins 4.6) até 900°C em um aparelho Shimadzu TA50 a 10ºC.min-1.
Resultados e Discussão.
A Tab. 1 mostra as condições experimentais de obtenção da lignina.
Tabela 1. Planejamento experimental.
Exper. |
T,, oC |
[H2SO4], mol/L |
Tempo, min |
1 |
195 |
0,5 |
2,5 |
2 |
210 |
0,5 |
2,5 |
3 |
195 |
1,0 |
2,5 |
4 |
210 |
1,0 |
2,5 |
5 |
195 |
0,5 |
5,0 |
6 |
210 |
0,5 |
5,0 |
7 |
195 |
1,0 |
5,0 |
8 |
210 |
1,0 |
5,0 |
9 |
190 |
0,75 |
3,75 |
10 |
215 |
0,75 |
3,75 |
11 |
202 |
0,33 |
3,75 |
12 |
202 |
1,17 |
3,75 |
13 |
202 |
0,75 |
1,70 |
14 |
202 |
0,75 |
5,30 |
15 |
202 |
0,75 |
3,75 |
As Tab.2 e Tab.3 mostram as principais características obtidas dos perfis de pirólise. Geralmente quatro picos de degradação foram identificados, muitas vezes eram fundidos. O primeiro pico variou de 3,8% a 14,5%, atribuído à perda de umidade. Três outros conjuntos de transformação ocorreram entre 258 e 340oC, 387 e 435oC e 735 e 774oC. A perda de massa entre 580 e 880°C foi superior as das regiões anteriores, mas um resíduo carbonáceo persistiu após a pirólise, sendo 14,7 a 22,6% da massa total. A perda de massa total foi maior para as ligninas com menor tempo de cozimento na temperatura máxima (exp 1 a exp. 8). Deste modo, conclui-se que as moléculas são mais reativas e podem sofrer fenômenos de fragmentação.
Tabela 2. Temperaturas de picos de pirólise.
|
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
1 |
34 |
269 |
403 |
- |
735 |
2 |
40 |
268 |
415 |
- |
768 |
3 |
34/56 |
197/270 |
402 |
- |
757 |
4 |
41 |
273 |
427 |
- |
774 |
5 |
37 |
295 |
405 |
- |
761 |
6 |
38 |
264 |
406 |
722 |
760 |
7 |
52 |
302/340 |
- |
725 |
- |
8 |
40 |
265 |
412 |
716 |
768 |
9 |
36/50 |
297 |
387 |
729 |
760 |
10 |
40 |
273 |
435 |
- |
771 |
11 |
38 |
269/337 |
- |
725 |
754 |
12 |
36 |
258/295 |
403 |
730 |
- |
13 |
22/42 |
295 |
403 |
|
759 |
14 |
29/49 |
289 |
405 |
721 |
747 |
15 |
36 |
297 |
404 |
737 |
770 |
Tabela 3. Perda de massa
|
20- 180oC |
180-380 oC |
380-580oC |
580-880 oC |
Total |
1 |
8,4 |
19,9 |
19,8 |
32,9 |
81,1 |
2 |
9,9 |
16,0 |
21,3 |
35,1 |
82,2 |
3 |
14,5 |
17,6 |
18,8 |
29,2 |
80,2 |
4 |
11,6 |
16,8 |
20,6 |
32,4 |
81,4 |
5 |
9,5 |
20,9 |
20,4 |
30,9 |
81,6 |
6 |
10,9 |
16,2 |
21,4 |
29,2 |
77,6 |
7 |
3,8 |
24,8 |
18,8 |
31,8 |
79,2 |
8 |
7,5 |
16,3 |
23,1 |
30,6 |
77,4 |
9 |
6,2 |
28,5 |
18,2 |
25,9 |
78,8 |
10 |
9,2 |
13,9 |
23,0 |
36,6 |
82,7 |
11 |
5,8 |
25,8 |
17,1 |
30,8 |
79,5 |
12 |
7,8 |
26,6 |
19,3 |
29,3 |
83,0 |
13 |
7,7 |
21,3 |
23,5 |
30,7 |
83,2 |
14 |
8,0 |
19,0 |
25,7 |
32,6 |
85,3 |
15 |
9,1 |
16,4 |
23,1 |
34,4 |
83,0 |
Conclusão.
O perfil de pirólise de LSA produziu quatro picos. Algumas vezes, os picos entre 260 e 435oC apresentaram-se fusionados. Um último pico ocorreu próximo a 755oC. A pirólise até 880oC não foi suficiente para degradar toda a lignina.
Referências.
[1] Mathias, A.L.; Dieterich, G.J.B.; Ramos, L.P. Livro de resumos, 22a Reunião Anual da SBQ, Poços de Caldas, MG, 1996, TC-16.
[2] Ramos, L.P; Mathias, A.L.; Silva, F.T.; Cotrim, A.R.; Ferraz, A.L.; Chen, C.-L. J. Agric. Food Chem. 47, 2295-2302, 1999.
(UFPR, CNPq)