ESTUDO ESPECTROSCÓPICO, UV/VIS, DA TETRAHIDROXI-FENIL-PORFIRINA (THPPH2) E DE SEU COMPLEXO DE ZINCO
Maria
Elisa F. Gandini (IC), Cláudio R. Neri (PG),
Osvaldo A.
Serra (PQ) e Yassuko Iamamoto (PQ).
Laboratório de Terras Raras Departamento de Química da FFCLRP Universidade de São Paulo Av. Bandeirantes 3900, 14040-901 Ribeirão Preto SP
Porfirinas, ftalocianinas, clorinas e bacterioclorinas estão sendo estudadas e utilizadas como agentes de Terapia Fotodinâmica (TFD). A TFD é um tratamento eficiente para vários tipos de câncer que podem ser atingidos por radiação laser. Estes corantes de elevada absortividade molar, fotosensibilizadores, absorvem energia luminosa (laser) e a transferem para o oxigênio, excitando-o ao estado singlete, que reage com as células cancerígenas, destruindo-as [1-2].
As porfirinas possuem onze duplas ligações dispostas alternadamente, determinando um sistema altamente conjugado [3]. Como resultado dessa conjugação cíclica, as porfirinas possuem uma intensa absorção próxima à 400nm denominada banda Soret. As porfirinas e seus análogos tem a propriedade de formar complexos com a maioria dos íons metálicos, constituindo uma classe de pigmentos cíclicos de grande importância em sistemas biológicos [4].
Esse trabalho tem como objetivo o estudo, através de espectroscopia no UV/Vis e luminescência, da THPPH2 em diversos solventes (água, tampão fosfato, metanol, etanol e acetona) e de seu complexo ZnTHPP em metanol. Os derivados da THPPH2 estão entre os fotosensibilizadores mais promissores na TFD, sendo de grande importância seu estudo espectroscópico.
Registrou-se os espectros de absorção no UV/Vis e de luminescência da THPPH2 em vários solventes calculando-se os respectivos valores de absortividade molar (e) para a banda Soret. A inserção do íon Zn2+ foi realizada seguindo o método descrito por Buchler [5]. A purificação da ZnTHPP foi feita por cromatográfia em coluna de sílica gel. Os eluentes foram escolhidos por Cromatografia de Camada Delgada (CCD): 1º fração eluída em metanol puro e a 2º fração eluída em diclorometano-acetona (1:1). As bandas de absorção e os valores de e para a THPPH2 em diversos solventes, estãos apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Valores de lmax. e e da banda Soret da THPPH2 em diversos solvente.
Solventes |
lmax. (nm) |
e / (mol-1.L.cm-1) |
Água |
426, 525, 563 |
8,60x104 (l=426nm) |
Metanol |
418, 517, 554 |
17,8x104 (l=418nm) |
Etanol |
418, 517, 553 |
18,4x104 (l=418nm) |
Tampão |
424, 523,563 |
11,9x104 (l=424nm) |
Acetona |
419, 516, 554 |
90,9x104 (l=419nm) |
Tabela
2: Valores de lmax
de excitação e emissão da THPPH2
em diversos
solventes.
Solventes |
lmax. de excitação (nm) |
l max de emissão (nm) |
Água |
421 |
663 e 723 |
Metanol |
413 |
657 e 721 |
Etanol |
398 |
656 e 720 |
Tampão |
430 |
660 e 724 |
Acetona |
396 |
657 e 723 |
Podemos observar que a THPPH2 apresenta comprimentos de onda de excitação e emissão bem semelhantes nos diversos solventes, mas a intensidade relativa de emisão da THPPH2 é bem menor, devido seu baixo valor de e.
A reação de metalação com zinco foi acompanhada por espectroscopia de absorção, onde se observou o deslocamento da banda Soret de 418 para 424 nm, e a alteração das bandas: 507 e 656 nm para 559 e 600 nm. A purificação da ZnTHPP foi feita através de cromatografia em coluna de silica gel.
Tabela 3: Dados espectroscópicos relativos a solução de ZnTHPP em metanol.
Bandas de Absorção (nm) |
e / (mol-1.L.cm-1) Banda Soret |
lmax de excitação (nm) |
lmax de emissão (nm) |
424, 559 e 600 |
2,54x105 (l=424) |
401 |
611 e 655 |
Observamos que durante a eluição da coluna, houve a formação de duas frações. A primeira fração, refere-se ZnTHPP, já a segunda fração também é a ZnTHPP, mas provavelmente na forma de compostos tipo sanduíche, devido às interações eletrostáticas do grupo hidroxila da cadeia lateral de uma porfirina com o zinco de outra
[1]
Sheldon, R. A. in Metalloporphyrins in Catalytic Oxidations,
Ed. R. A. Sheldon,
Marcel Deckker Inc., New York, pp.1-27
(1994).
[2]
Milgron, L.R.; The Colours of life, Oxford University Press,
New York, pp.207-
214 (1997).
[3] Blasse, G., Adv.Inorg. Chem. 35 319 (1990).
[4]
Baker, E. W. and Palmer, S. E., The Porphyrins, ed. Dolphin D.
1; Acad Press,
New York, p.485-486 (1978).
[5]
Buchler, J. W. in Porphyrins and Metalloporphyrins, ed. K. M.
Smith, Elsevier
Amsterdam, pp 157-224 (1975).