MALHAS DE POLI(TEREFTALATO DE ETILENO) MODIFICADAS COM N,N-DIMETILACRILAMIDA: SORÇÃO DE CORANTE ANTRAQUINÔNICO DISPERSO EM CO2 SUPERCRÍTICO


Washington Luiz Félix Santos3 (PQ), Vanessa Ribeiro de Souza1 (IC), Mário Fernando Porto1 (PG), Nanci Pinheiro Povh2 (PQ), Edvani Curti Muniz1 (PQ),

Adley Forti Rubira1 (PQ)


Universidade Estadual de Maringá Departamento Química1 , Engenharia Química2 e Engenharia têxtil3. Av. Colombo 5790, CEP 87020-900 - Maringá-PR
E-mail: afrubira@uem.br


Palavras-chave: PET, N,N-dimetilacrilamida, CO2 supercrítico, corantes dispersos


As fibras de PET são as mais comercializadas dentre as fibras sintéticas existentes no mercado. Este possui, dentre as fibras sintéticas, uma das estruturas mais compactas e cristalinas[1]. Segundo Stinson et al[2], o PET absorve apenas 0,4% de água e não entumesce na mesma. Essa falta de interação com a água requer, no tingimento, o uso de sistemas de alta temperatura/alta pressão ou compostos chamados carriers, que são absorvidos rapidamente e aceleram a velocidade de tingimento[1]. O uso de agentes dispersantes no tingimento é comum, uma vez que os corantes utilizados possuem baixa solubilidade em água( 5- 30 mg/l). Tais métodos convencionais de tingimento a úmido ocasionam problemas ambientais devido ao inevitável uso em excesso de água e a descarga de vários aditivos químicos[3]. O tingimento, utilizando CO2 supercrítico, de fios tratados com N,N-dimetilacrilamida e de fios não tratados tem se mostrado uma alternativa para o tingimento do PET, com inúmeras vantagens do ponto de vista ambiental[4,5].

Temos desenvolvido trabalhos utilizando CO2 supercrítico na incorporação de corantes dispersos em PET. Este trabalho trata da sorção do corante antraquinônico Vermelho Dianix (C.I. Disperse Red 60). Foi realizado um planejamento fatorial 23 a fim de verificar a influência das variáveis tempo, temperatura e pressão no processo de tingimento. Os resultados foram comparados com os obtidos para o tingimento de fibras de PET, na mesma modalidade com corantes azo dispersos[4,5].

Malhas de PET foram imersas no solvente modificador sob agitação à 85ºC por 15 minutos. Após lavadas e secas, as malhas modificadas e não modificadas foram inseridas em uma célula de tingimento com CO2 supercrítico, juntamente com o corante. O corante incorporado ao material foi extraído totalmente com DMF e a quantidade incorporada foi determinada em relação a uma curva padrão deste corante em DMF medida em 520 nm.

A temperatura de decomposição a nível de 10%, determinada por análise termogravimétrica (TGA), para o PET e PET modificado foi de 414 e 417ºC, respectivamente, evidenciando que o tratamento não altera a estabilidade térmica do polímero. Não foram observadas variações na Tfusão (2580C) e a Tg (700C) do PET após o tratamento. Entretanto, houve alteração na temperatura de transição cristalina de 121ºC para 149ºC após a modificação com N,N-dimetilacrilamida. A presença do modificador nas malhas de PET pode ser comprovada através dos picos na região de 1647, 1610 e 1175 cm-1, o que está em concordância com dados da literatura.[5]

Os resultados da quantidade de corante sorvido por massa de malha estão descritos na Tabela I. A análise dos efeitos das variáveis mostrou que para a malha tratada, a temperatura exerce maior influência, enquanto que nas malhas não tratadas o tempo é o fator principal. Estes resultados são semelhantes aos obtidos para fibras de PET tingidas com corantes azo.[5] As quantidades de corante antraquinônico incorporadas foram inferiores às quantidades de corantes azo para PET modificado. Para PET não modificado, os resultados mostram que a variação de quantidade incorporada é função da combinação de variáveis para os corantes. Estes dados estão em concordância com os dados da literatura onde é mostrado que i) os corantes antraquinônicos têm maior solubilidade em CO2 supercrítico quando comparados aos corantes azo[3]; ii) via de regra quanto mais solúvel o aditivo for no polímero, maior será a quantidade sorvida, entretanto esta quantidade de aditivo sorvido no polímero não é diretamente correlacionada com a solubilidade do aditivo em CO2.[6]

É possível o tingimento de PET com corante antraquinônico utilizando CO2 supercrítico, obtendo-se valores da ordem de 3,63 mg de corante/g de malha. A malha modificada pode incorporar até 4 vezes mais corante que a fibra não modificada nas mesmas condições de tingimento.


Tabela I: Resultados dos planejamentos fatoriais para malha modificada e não modificada.


Variáveis

(Massa de corante / Massa de malha) x 103


Temperatura

Pressão

Tempo

Malha modificada

Malha não modificada

1

-

-

-

0,14

0,08

2

-

-

+

1.37

0,67

3

-

+

-

0.40

0,03

4

-

+

+

1.33

0,52

5

+

-

-

0,14

1.50

6

+

-

+

3,63

0,85

7

+

+

-

1,47

3.04

8

+

+

+

1.88

1.58

Temperatura de tingimento (ºC): [50(-);65(+)]

Pressão de tingimento (Kgf.cm-2): [140(-);250(+)]

Tempo de tingimento(min): [30(-);180(+)]


[1] Fité, F. J. C., Textile Research Journal, 65(6), 362-8, (1995).

[2] Stinson, R. M., Obendorf, S.K., Journal of Applied Polymer Science, 62, 2121-34

[3] Young, S.N., Yoo, Ki-Pung, Journal Chemical Eng. Data, 43(1), 9-12 (1998).

[4] Santos, W.L.F., Porto M.F., E. C. Muniz, Povh N. P. and A. F. Rubira, submetido ao Journal of Supercritical Fluids.

[5] Santos, W.L.F., Porto M.F., E. C. Muniz, Nanci Pinheiro Povh and A. F. Rubira, Livro de resumos da 22a Reunião Anual da SBQ, vol. 3, 1999.

[6] Berens, A.R., Huvard G.S., Korsmeyer R.W., Kunig F.W., Journal of Applied Polymer Science, Vol. 46, pp. 231-242, 1992.

UEM, CAPES, CNPq