COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DAS FOLHAS E FRUTOS DE Caryocar brasiliensis CAMB. (PEQUÍ)
José Realino de Paula1 (PQ), Beatriz Helena N. Sales2 (PQ),
Suzana C. Santos3 (PQ), Cecília Maria A. de Oliveira3 (PQ), Luciano M. Lião3 (PQ), Pedro Henrique Ferri3 (PQ) e Heleno Dias Ferreira4 (PQ)
1Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Goiás;
2Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP; 3Instituto de Química e 4Instituto de Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Goiás, Campus II, C.P. 131, 74001-970, Goiânia, GO
palavras-chave: óleos essenciais; Caryocar brasiliensis; pequí
O gênero Caryocar L. compreende 16 espécies e constitui, juntamente com Anthodiscus Meyer (10 espécies), a pequena família Caryocaraceae na América tropical. Muitas espécies dessa família possuem madeira, frutos ou sementes de importância econômico potencial.1 Caryocar brasiliensis Camb. (pequí) é uma árvore característica dos cerrados do Brasil Central. A polpa do fruto é estomáquica, rica em vitaminas A e E, e utilizada contra gripes e resfriados, sendo o óleo usado na preparação de sabão. A gordura da semente é empregada na culinária regional e na medicina folclórica para o tratamento das vias respiratórias (coqueluche, asma e bronquites). O decocto das folhas e flores é energético, fortificante, afrodisíaco e utilizado contra doenças do fígado. As cascas da árvore e dos frutos são utilizadas como febrífugas e diuréticas. A investigação química de suas espécies restringe-se à caracterização dos óleos fixos das sementes ¾ com predominância dos ácidos palmítico (~35%) e olêico (~50%)2 ¾ e na identificação de friedelina, friedelanol, b-amirina, b-sitosterol, estigmasterol e ácido elágico nas folhas.3 O pequí participa significativamente na composição do cerrado, o qual é demonstrado pela presença da espécie em quase todas as vegetações. Apesar da eficiente proteção da semente, propiciada por inúmeros acúleos, os frutos não estão imunes ao ataque de animais. Formigas (Atta) visitam intensamente o pequizeiro, coletando néctar extrafloral localizados nos brotos terminais4, e alimentam-se da polpa dos frutos, sendo as amêndoas atacadas por larvas de borboletas e cupins.1 Neste trabalho, descrevemos a composição química dos óleos essenciais das folhas e frutos de C. brasiliensis, coletados nas estações seca e chuvosa. Os óleos essenciais das folhas e das sementes dos frutos foram obtidos por hidrodestilação, durante seis horas, em aparelho do tipo Clevenger. Para a análise da composição química, utilizou-se um CG-EM (Shimadzu QP5000 ou QP5050), equipado com uma coluna capilar de sílica fundida (DB-5; 30 m ´ 0.25 mm ´ 0.25 mm ou CBP-5; 50 m ´ 0.25 mm ´ 0.25 mm), mantendo-se um fluxo de 1mL.mim-1 de Hélio, como gás de arraste, e aquecimento com temperatura programada (60°C/2 min; 3°C.min-1/240°C; 10°C.min-1/280°C; 280°C/10 min) e energia de ionização de 70 eV. Injetou-se, para todas as amostras, 1.0 mL do óleo essencial em Et2O (2%). Os Índices de Retenção de Kovats (IR) dos compostos foram determinados em relação aos tempos de retenção de uma série de hidrocarbonetos (C9-C32). Os compostos foram identificados por comparação de seus IR com aqueles da literatura e através de seus espectros de massas.5 Os principais componentes voláteis estão descritos na tabela 1. Observou-se que as estações seca e chuvosa influenciam no acúmulo, mas não na composição dos óleos essenciais dos frutos, enquanto para as folhas, não se obteve óleos essenciais em amostra coletada durante a estação chuvosa.
Tabela 1. Componentes majoritários dos óleos essenciais obtidos por hidrodestilação
das folhas e sementes dos frutos de Caryocar brasiliensis (pequí).
Componente |
Óleo Essencial |
|
|
Frutoa, b |
Folhac |
Pentanoato de metila |
0.68 |
|
Hexanoato de metila |
94.41 |
|
tiglato de propila |
2.69 |
|
Octanoato de etila |
2.22 |
|
tuja-2,4(10)-dieno |
|
1.83 |
hidrato de trans-sabinene |
|
3.71 |
a-terpineol |
|
4.87 |
Geraniol |
|
3.51 |
geranil acetona |
|
5.52 |
(E)-b-ionona |
|
3.69 |
Tetradecanal |
|
1.86 |
Heptadecano |
|
16.33 |
Dodecanoato de isoamila |
|
13.01 |
Ambretolídeo |
|
4.23 |
Hexacosano |
|
3.72 |
Octacosano |
|
18.63 |
a0.095% (estação seca), b 0.0038% (estação chuvosa) e c 0.003% de rendimento (estação seca).
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CNPq, PADCT, FUNAPE-UFG