ÓLEOS ESSENCIAIS DE REPRESENTANTES DE Hyptis E Marsypianthes (LAMIACEAE) COLETADOS NO CERRADO/GO
José Realino de Paula1 (PQ), Beatriz Helena N. Sales2 (PQ),
Suzana C. Santos3 (PQ), Cecília Maria A. de Oliveira3 (PQ), Luciano M. Lião3 (PQ), Pedro Henrique Ferri3 (PQ) e Heleno Dias Ferreira4 (PQ)
1Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Goiás;
2Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP; 3Instituto de Química e 4Instituto de Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Goiás, Campus II, C.P. 131, 74001-970, Goiânia, GO
palavras-chave: óleos essenciais; Hyptis Jacq.; Marsypianthes montana
Espécies da família Lamiaceae têm sido utilizadas em infusões e tinturas para o tratamento de uma grande variedade de doenças. Igualmente importante têm sido a utilização de suas espécies aromáticas como condimentos e matéria prima para a indústria de alimentos e cosmética. Dos 200 gêneros conhecidos, 40% deles possui propriedades aromáticas, sendo comercializados, a mais de 70 anos, os óleos essenciais de pelo menos 30 espécies selecionadas, como Rosmarinus officinalis, Thymus zygis, Hyssopus officinalis e Salvia officinalis. Na América, o gênero Hyptis apresenta maior número de espécies (350) e são potencialmente exploráveis.1 Esse gênero é membro da subtribo Hyptidinae que contém outros oito gêneros reconhecidos, mas com pequeno número de espécies: Eriope (30), Eriopidium (1), Marsypianthes (6), Peltodon (5), Raphiodon (1), Hypenia (24), Hyptidendron (16) e Asterohyptis. A maioria possui o centro de diversidade nos Cerrados da região Centro-Oeste. Os gêneros Hypenia e Hyptidendron1 foram recentemente propostos a partir de critérios de número de cromossomos, morfologia do pólen e ramos, e incorpora espécies, até então, formalmente incluídas em Hyptis. Vários representantes de Hyptis e Marsypianthes têm uso na medicina tradicional e apresentam importantes atividades biológicas.1 Seus componentes voláteis contém um grande número de compostos, que apenas recentemente começaram a ser descritos.1-3 Em continuidade ao levantamento do perfil químico-biológico de representantes de Hyptidinae contra fungos patogênicos humanos,4 descrevemos neste trabalho a composição química dos óleos essenciais das folhas de Hyptis ovalifolia e das partes aéreas de Hyptis conferta Pohl ex Benth. var. conferta e Marsypiantes montana Benth., até o momento não investigados. As amostras foram secas ao ar e os óleos essenciais obtidos por hidrodestilação, durante seis horas, em aparelho do tipo Clevenger. Para a análise da composição química utilizou-se um CG-EM (Shimadzu QP5000 ou QP5050), equipado com uma coluna capilar de sílica fundida (DB-5; 30 m ´ 0.25 mm ´ 0.25 mm ou CBP-5; 50 m ´ 0.25 mm ´ 0.25 mm), mantendo-se um fluxo de 1mL.mim-1 de Hélio, como gás de arraste, e aquecimento com temperatura programada (60°C/2 min; 3°C.min-1/240°C; 10°C.min-1/280°C; 280°C/10 min) e energia de ionização de 70 eV. Injetou-se, para todas as amostras, 1.0 mL do óleo essencial em Et2O (2%). Os Índices de Retenção de Kovats (IR) dos compostos foram determinados em relação aos tempos de retenção de uma série de hidrocarbonetos (C9-C22). Os compostos foram identificados por comparação de seus IR com aqueles da literatura e através de seus espectros de massas.5 Os principais componentes voláteis estão descritos na tabela 1. Em M. montana, o biciclogermacreno é o principal constituinte, enquanto a-humuleno, epi-a-cadinol e a-bisabolol e, 14-hidróxi-9-epi-(E)-cariofileno preponderam em H. conferta var. conferta e H. ovalifolia, respectivamente.
Tabela 1. Rendimentos e componentes majoritários dos óleos essenciais obtidos por hidrodestilação
das folhas ou partes aéreas de espécies de Hyptis sp e Marsypianthes montana.
| 
				 Componente  | 
			
				 Hyptis ovalifoliaa  | 
			
				 Hyptis conferta var. confertab  | 
			
				 Marsypianthes montanac  | 
		
| 
				 octen-3-ol  | 
			
				 2.65  | 
			
				 
  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 b-selineno  | 
			
				 
  | 
			
				 
  | 
			
				 1.74  | 
		
| 
				 b-bourboneno  | 
			
				 1.59  | 
			
				 1.52  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 (E)-cariofileno  | 
			
				 
  | 
			
				 5.28  | 
			
				 6.63  | 
		
| 
				 a-humuleno  | 
			
				 1.05  | 
			
				 1.88  | 
			
				 0.76  | 
		
| 
				 g-muuroleno  | 
			
				 
  | 
			
				 16.67  | 
			
				 22.65  | 
		
| 
				 Germacreno A  | 
			
				 
  | 
			
				 
  | 
			
				 1.53  | 
		
| 
				 Biciclogermacreno  | 
			
				 
  | 
			
				 6.03  | 
			
				 54.27  | 
		
| 
				 g-elemeno  | 
			
				 4.38  | 
			
				 
  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 g-cadineno  | 
			
				 6.60  | 
			
				 3.80  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 Germacreno B  | 
			
				 
  | 
			
				 2.14  | 
			
				 5.12  | 
		
| 
				 Espathulenol  | 
			
				 
  | 
			
				 3.53  | 
			
				 2.23  | 
		
| 
				 d-cadineno  | 
			
				 0.94  | 
			
				 2.76  | 
			
				 0.81  | 
		
| 
				 Viridiflorol  | 
			
				 6.09  | 
			
				 
  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 óxido de cariofileno  | 
			
				 4.98  | 
			
				 
  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 1,10-di-epi-cubenol  | 
			
				 
  | 
			
				 3.10  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 epi-a-cadinol  | 
			
				 
  | 
			
				 24.42  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 b-copaen-4-a-ol  | 
			
				 
  | 
			
				 6.21  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 14-hidróxi-9-epi-(E)-cariofileno  | 
			
				 60.07  | 
			
				 
  | 
			
				 
  | 
		
| 
				 a-bisabolol  | 
			
				 
  | 
			
				 18.69  | 
			
				 
  | 
		
a 0.05%, b 0,01% e c 0,03% de rendimento.
Harley, RM; T Reynolds, T (1992) Advances in Labiatae Science, The Royal Botanic Gardens, Kew, UK.
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Lião, LM; Cirilo, HNC; Bonifácio, VG; Oliveira, CMO; Santos, SC; Ferri, PH; Silva, MV; Costa, TR; Costa, MR; Fernandes, OFL; Silva, MRR; Paula, JR; Ferreira, HD (1999) Growth inhibition in Candida and Cryptococcus from human immunodeficiency virus-infected individuals by Brazilian savanna plants. 2nd IUPAC International Conference on Biodiversity , Belo Horizonte/MG, p. 168.
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CNPq, PADCT, FUNAPE-UFG