DESSORÇÃO IÔNICA DE PMMA, PVC E PES INDUZIDA POR
FEIXE DE ELÉTRONS
Maria Luiza M. Rocco.(PQ)1, Daniel E. Weibel (PQ)2, Frederico C. Pontes (PQ)1, Gerardo Gerson B. de Souza (PQ)1, Claudia S. C. de Castro (PQ)1,
Roberto R. Pinho (PQ)3
1 Departamento de Físico-Química, Instituto de Química Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 Facultad de Ciencias Químicas Universidad Nacional de Córdoba
3 Departamento de Física Universidade Federal de Juiz de Fora
palavras-chave: dessorção iônica, polímeros, feixe de elétrons
Introdução: Polímeros são materiais de grande importância tecnológica, desempenhando papel essencial em setores como a microeletrônica e microfabricação, construção civil, transporte, telecomunicações, embalagens,etc.. A interação destes materiais com a radiação (fótons na faixa de ultra-violeta a raios-X e elétrons na faixa de keV) não somente se constitui em etapa básica em técnicas como a microlitografia [1,2] como além disso pode induzir à formação de modificações estruturais causadoras de defeitos. Polímeros como o poli(metacrilato de metila) (PMMA) têm sido usados freqüentemente como resistes na área de microfabricação, particularmente quando associados com a fabricação de dispositivos de elevada razão de aspecto (aspect ratio). No presente trabalho, apresentamos os resultados da dessorção iônica de PMMA, PVC (poli(cloreto de vinila)) e PES (poli(éter-sulfona)) induzida por elétrons de energia na faixa de 0,3 a 1,2 keV.
Objetivo: Com o objetivo de melhor compreender a dinâmica de fragmentação induzida pela interação de polímeros com elétrons, foram realizados estudos com variação da energia do feixe de elétrons (300 1200 eV) de PMMA, PVC e PES. Uma das aplicações deste estudo consiste na análise do mecanismo de processos litográficos baseados no emprego de feixes de elétrons.
Metodologia: Um novo sistema experimental, dedicado ao estudo da interação de fótons e elétrons com sólidos e superfícies, foi desenvolvido no Laboratório de Impacto de Fótons e Elétrons (LIFE) do Instituto de Química da UFRJ. Neste sistema, um feixe de elétrons ou fótons incide sobre a superfície de uma amostra sólida e como resultado diferentes fragmentos (íons positivos) são formados. Os íons são analisados segundo suas relações carga/massa utilizando-se a técnica de tempo-de-vôo com o emprego de um conversor tempo-digital (time to digital converter, TDC). Na medida dos tempos de vôo, o sinal de parada (stop) é fornecido pelos íons positivos e o de inicialização (start) pelo canhão de elétrons, que é pulsado. A câmara de trabalho contém os seguintes componentes: a) canhão de elétrons, que pode cobrir uma faixa de energia de 0,3 a 3 keV; b) manipulador de amostras, o qual permite movimentação em x, y e z além de rotação ao longo do eixo z; c) espectrômetro de massas do tipo tempo-de-vôo, desenvolvido em nosso laboratório; d) espectrômetro de massas, comercial, do tipo quadrupolo, que varre até 200 u.m.a.. A pressão final na câmara de vácuo é da ordem de 10-9 torr. Os filmes poliméricos usados possuem espessura da ordem de alguns mícrons.
Resultados:
Fig.1 Espectros de tempo-de-vôo de PMMA. |
Na Figura 1, apresentamos os espectros de tempo-de-vôo para o PMMA em função da energia do feixe de elétrons. Observa-se que o padrão de fragmentação do polímero não se altera qualitativamente na faixa de energia investigada, ocorrendo o mesmo para o PES e PVC. Entretanto, verifica-se que a intensidade de todos os fragmentos diminui gradualmente com o decréscimo da energia do feixe de elétrons. Um mecanismo de fragmentação compatível com tais resultados poderia estar relacionado com processos de decaimento Auger. Pretende-se em etapa posterior utilizar a radiação síncrotron fornecida pelo LNLS para estudos da interação de fótons de diferentes energias com as amostras sólidas. Os estudos com a luz síncrotron serão precedidos de medidas preliminares realizadas utilizando-se uma lâmpada de descarga em hélio (HeI = 21,21 eV). |
Conclusão: O presente trabalho demonstra que a técnica de tempo-de-vôo aplicada ao estudo da dessorção iônica de polímeros pode ser utilizada como ferramenta para o entendimento dos processos de interação de tais materiais com elétrons.
Bibliografia:
[1] W. Ehrfeld, H. Lehr, Radiat. Phys. Chem. Vol. 45, No. 3, pp. 349-365 (1995);
[2] H. Okuyama, H. Takada, Nucl. Inst. Meth. In Phys. Res. B 144, pp. 58-65 (1998).
FAPERJ, LNLS e CNPq.