NbCl5
COMO ÁCIDO DE LEWIS EM REAÇÕES DE REARRANJO DE EPÓXIDOS
Valquiria Aragão (IC), Giovanni Finoto Caramori (IC), Altamiro Xavier de Souza (PG), Valdemar Lacerda Júnior (PG), Mauricio Gomes Constantino (PQ), Paulo Marcos Donate (PQ)
Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
palavras-chave: pentacloreto
de nióbio; ácido de Lewis; rearranjo de epóxidos
O Brasil é o detentor das maiores
reservas mundiais de nióbio, além de ser o maior produtor mundial desse
elemento,1 que pertence ao mesmo grupo, na tabela periódica, do
tântalo e do vanádio, este último com tantas aplicações bem conhecidas em
Síntese Orgânica. 2 Uma pesquisa preliminar na literatura
revelou-nos que existem várias investigações em andamento sobre nióbio e seus
compostos (como aliás é evidenciado indiretamente pelo fato de a Aldrich
oferecer 14 compostos de nióbio para a venda), o que evidencia seu alto poder
de utilização em Síntese Orgânica. Dentre as possíveis aplicações de compostos
deste elemento, podemos citar os cloretos de nióbio que vêm apresentando comportamento de ácido de Lewis em algumas
reações.3 Estamos presentemente investigando a utilização desses
compostos em várias reações orgânicas, pricipalmente o uso do pentacloreto de
nióbio nas reações de rearranjo de epóxidos, normalmente realizados por
tratamento com BF3 eterato.4
Inicialmente,
o óxido de isoforona 1 foi tratado com NbCl5 que levou à
formação do ceto-aldeído 2, da a-dicetona 3 (representada na sua forma enólica, que é a mais estável) e de
outro composto 4, cuja estrutura ainda não foi elucidada.
No sentido de determinar as melhores condições de
reação, resolvemos estudar a influência da proporção dos reagentes na
composição e rendimento dos produtos. A temperatura e o solvente da reação
(acetato de etila) foram mantidos constantes e variou-se a proporção molar de
NbCl5. Os resultados preliminares indicam que em quantidades menores
de NbCl5 é formado principalmente o ceto-aldeído 2, mas
quando são utilizadas quantidades maiores de NbCl5 há também
formação de maiores quantidades do produto 3 e do produto 4.
Tabela 1 Dados da reação do composto 1 com NbCl5.
Reação |
NbCl5 (Eq.) |
Proporção dos Produtos Observados (%) |
|||
|
|
M. P.* |
2 |
3 |
4 |
1 |
0,57 |
2 |
77,3 |
18,2 |
2,5 |
2 |
1 |
3,5 |
34,5 |
47,2 |
14,8 |
3 |
1,3 |
4,2 |
31,1 |
50,3 |
14,4 |
4 |
1,5 |
5,2 |
28,7 |
50,4 |
15,7 |
Condições reacionais: tempo de reação de 1 min., atmosfera de N2
e solvente anidro
*M.P.=material de partida
O NbCl5 é um reagente muito sensível à
umidade, sendo que seu armazenamento deve ser feito sob atmosfera de N2.
Sendo assim, resolvemos verificar o comportamento do reagente quando exposto ao
ar atmosférico por um período de 15 minutos e os resultados mostram que esta
exposição modifica significativamente a proporção dos produtos formados.
Tabela 2 Dados da reação do composto 1 com
NbCl5 exposto ao ar por 15 minutos
Reação |
NbCl5 (Eq.) |
Proporção dos Produtos Observados (%) |
|||
|
|
M. P.* |
2 |
3 |
4 |
1 |
0,57 |
1,8 |
78,3 |
18,9 |
1,0 |
2 |
1 |
2,4 |
75,9 |
19,6 |
2,1 |
3 |
1,3 |
1,4 |
79,8 |
18,0 |
0,8 |
4 |
1,5 |
1,5 |
78,6 |
18,2 |
1,7 |
Condições reacionais: tempo de
reação de 1 min., atmosfera de N2 e solvente anidro
Os estudos prosseguem no sentido de adequar as
condições de reação com este reagente; estamos também iniciando os estudos de
rearranjos de outros epóxidos de interesse para a síntese orgânica.
(1) Payton, P. H.
in kirk Othmer Encyclopedia of Chemical
Technology Vol. 15
(Wiley-Interscience, New York, 3ª ed., 1981) pp 820-840; em
especial, pg 827.
(2) Hirao, T. Vanadium in Modern Organic Synthesis, Chem. Rev. 1997, 97, 2707.
(3) Howarth, J.; Gillespie, K.; Tetrahedron Lett., 1996,
37, 6011.
(4)Constantino, M.
G.; Matias, L. G. O.; da Silva, G. V. J.; Heleno, V. C. G.; Gambardella, M. T.
P. Synth. Commun. 1997, 27, 4285.
FAPESP, CAPES, CNPq