SÍNTESE E RMN-17O DE POLICÍCLICOS TENSOS
Valentim E. U. Costa (PQ) e Aline G. Nichele (PG)
Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, UFRGS
Palavras-chave: RMN-17O, compressão estérica, policíclicos
Efeitos de compressão estérica são bastante observados em deslocamentos químicos de RMN-1H e 13C. Moléculas com geometrias rígidas são ideais para o estudo de compressão estérica em deslocamentos químicos devido a interações entre átomos não ligados, espacialmente próximos.
Em estudo anterior, onde correlacionou-se deslocamentos químicos de RMN-17O com 13C para estruturas tetracíclicas, verificou-se que o oxigênio-17 mostrou-se mais sensível que o carbono-13, resultando em maiores variações de deslocamento químico. Tal resultado permitiu a diferenciação de estereoisômeros de cetonas tetracíclicas via RMN-17O, a qual não foi possível via 13C.
Com o intuito de observar a correlação existente entre a compressão estérica e deslocamentos químicos de RMN-17O (devido a maior sensibilidade deste núcleo) sintetizou-se os compostos pentacíclicos  (1) e (4) - a partir do endrin; os tetracíclicas  (2) e (5)  a partir do isodrin ( já apresentado na 22a-RA da SBQ); e, o bicíclico (6) o qual foi obtido do exo-norborneol (3).
Esquema 1: Obtenção das estruturas pentacíclicas
Esquema 2: Obtenção das estruturas tetracíclicas e bicíclicas
Todos compostos foram identificados e caracterizados por cromatografia gasosa e ressonância magnética nuclear. Efetuou-se a otimização da geometria das estruturas e a determinação de seus parâmetros geométricos utilizando-se cálculos de mecânica molecular (MM2), pois verificou-se que este método empírico refletiu melhor os resultados experimentais para esses sistemas policíclicos do que métodos semi-empíricos (AM1 e PM3). Os principais dados são apresentados na tabela 1.
TABELA 1 - Dados de RMN-17O e 13C e parâmetros geométricos
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			 AMOSTRA  | 
		
			 17O - d (ppm)  | 
		
			 13C - d (ppm)  | 
		
			 parâmetros geométricos  | 
	
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			 álcool (3)  | 
		
			 42,3  | 
		
			 C-OH: 74,7  | 
		
			 
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			 álcool (2)  | 
		
			 45,6  | 
		
			 C-OH: 70,1  | 
		
			 H4-H10a: 1,938 A  | 
	
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			 álcool (1)  | 
		
			 27,7  | 
		
			 C-OH: 73,7  | 
		
			 H4-H10a: 1,793 A  | 
	
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			 acetato (6)  | 
		
			 COC: 202,9 C=O: 361,7  | 
		
			 C-O: 77,5 C=O:170,8  | 
		
			 
  | 
	
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			 acetato (5)  | 
		
			 COC: 208,5 C=O: 352,6  | 
		
			 C-O: 73,9 C=O:170,6  | 
		
			 H4-H10a: 1,947 A 
  | 
	
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			 acetato (4)  | 
		
			 COC: 189,4 C=O: 364,5  | 
		
			 C-O: 77,9 C=O:170,6  | 
		
			 H4-H10a: 1,789 A 
  | 
	
Espectros obtidos em equipamento I-300 Varian, 300 MHz, modelo Inova. Análises obtidas em abundância natural, probe 5mm a 40 MHz, CH3CN como solvente, D2O como referência interna, a 60oC.
Aumentando-se o número de ciclos de quatro para cinco tem-se um aumento da tensão anelar na estrutura, e um consenqüente aumento da compressão estérica. Este fato pode ser observado pela diminuição da distância H4-H10a, entre os álcoois (2) e (1) e entre os acetatos (5) e (4), resultando na desblindagem dos deslocamentos químicos em RMN-13C, e uma blindagem em 17O. Interessante foi observar uma relação praticamente linear entre a variação da distância H4-H10a (Dd- H4-H10a) e a variação de deslocamento químico de 17O (Dd-17O ) para os álcoois e os acetatos.
TABELA 2  Variações de deslocamento químico de 17O e 13C e parâmetros geométricos
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			 Dd-17O (ppm)  | 
		
			 Dd-13C (ppm)  | 
		
			 Dd- H4-H10a (A)  | 
	
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			 Álcoois (1)-(2)  | 
		
			 17,9  | 
		
			 3,6  | 
		
			 0,145  | 
	
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			 Acetatos (4)-(5)  | 
		
			 19,1  | 
		
			 4,0  | 
		
			 0,158  | 
	
As correlações envolvendo os bicíclicos deverão ser melhor estimadas na continuidade deste estudo, quando serão obtidos os análogos tricíclicos e hexacíclicos, visando o estabelecimento de uma equação que permita estimar o d-17O em função da compressão estérica na estrutura.
AGRADECIMENTOS: CAPES, CNPq e FAPERGS.