AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE DESINFETANTES DE PRODUÇÃO LOCAL E CASEIRA DA CIDADE DE SÃO LUÍS (MA), EMPREGANDO ANÁLISE POR INJEÇÃO EM FLUXO

Antonio A. Santos (PG)1, Adenilde R. Nascimento (PQ)1, Márcia M. Kondo (PQ) e Marco T. Grassi (PQ)3

1Programa de Pós-Graduação em Química, Departamento de Tecnologia Química – Universidade Federal do Maranhão
2Departamento de Física e Química – Escola Federal de Engenharia de Itajubá
3Departamento de Química – Universidade Federal do Paraná


Palavras-chave: toxicidade, FIA, desinfetantes


INTRODUÇÃO

Em São Luís, assim como em outras cidades brasileiras, é comum nos bairros e feiras livres, a venda de desinfetantes de uso doméstico produzidos de forma caseira, sem qualquer controle de qualidade. O principal atrativo para a compra destes produtos é o baixo preço, mesmo sem nenhuma garantia de sua eficiência ou qualquer instrução de uso. Tais produtos, muitas vezes de origem e características totalmente desconhecidas, podem representar riscos tanto de natureza ambiental quanto para o homem, podendo causar danos irreversíveis à sua saúde. Neste sentido, existe hoje um crescente interesse por testes que possibilitem avaliar tanto o desempenho quanto a toxicidade dos mais variados produtos químicos (Cardoso et alii, 1996).

Em função da simplicidade, rapidez e baixo custo, os ensaios de toxicidade utilizando organismos vivos, como bactérias, fungos e leveduras, vêm sendo cada vez mais usados na avaliação do potencial tóxico de novos compostos. Estes organismos respondem ao estresse em tempo relativamente curto, podendo este ser avaliado monitorando-se um ciclo bioquímico vital do organismo (Gimenez, 1994).

No presente trabalho, foram realizados testes in vitro em agentes antimicrobianos de uso doméstico, utilizando Escherichia coli como organismo teste. O objetivo foi o de avaliar o desempenho de desinfetantes produzidos tanto por empresas locais quanto os de produção caseira, usando como referência, desinfetantes de grandes empresas, de circulação nacional.


MÉTODOS

Foi avaliado o desempenho de três desinfetantes de produção caseira, com princípios ativos desconhecidos (aqui denominados produtos 1, 2 e 3), além dos desinfetantes Bom Dia (quaternário de amônio 1,05%) e União (quaternário de amônio 0,2%), produzidos por empresas locais. Também foram avaliados os desinfetantes Pinho Bril (cloreto de alquildimetilbenzilamônio 0,75%), Scarlim (cloreto de alquildimetilbenzilamônio 1,0%) e San Pic, (cloreto de alquildimetilbenzilamônio e cloreto de alquildimetiletilbenzilamônio 2,5%), de circulação nacional.

O parâmetro utilizado para avaliar o potencial tóxico dos desinfetantes foi a inibição da respiração bacteriana (Jardim et alii, 1990). Na determinação analítica do CO2 usou-se um sistema FIA com detecção condutimétrica. O meio de cultura foi incubado com o organismo teste e a concentração de CO2 foi monitorada até atingir 0,25 mmol.mL-1. A solução foi então dividida (50 mL) em erlenmeyers, adicionando-se em seguida o desinfetante. Os frascos foram mantidos a 37°C e o CO2 foi monitorado a cada 20 minutos, durante duas horas.


RESULTADOS E CONCLUSÕES

Os volumes de desinfetantes necessários para se obter 100% de inibição da respiração bacteriana, após 60 minutos de monitoramento, estão mostrados na tabela que segue.


Produto

Procedência

Volume (mL)

1

Caseira

0,600

2

Caseira

0,600

3

Caseira

0,800

Bom Dia

Local

0,160

União

Local

0,025

Scarlim

Nacional

0,030

San Pic

Nacional

0,025

Pinho Bril

Nacional

0,020


De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que os desinfetantes de circulação nacional apresentaram desempenhos semelhantes, bastante satisfatórios. Em relação aos produzidos por empresas locais, o da marca União também apresentou bons resultados, similares aos nacionais, enquanto o da marca Bom Dia apresentou desempenho significativamente inferior. A ação bactericida de todos os produtos de origem caseira foi muito inferior aquelas observadas para todos os outros produtos investigados. Os produtos de circulação local e nacional também foram avaliados empregando-se a bactéria Staphilococcus aureus. Os resultados destes ensaios foram semelhantes aos obtidos quando se empregou E. coli como organismo teste.

BIBLIOGRAFIA

Cardoso, R.C.V.; Chaves, J.B.P.; Andrade, N.J.; Teixeira, M.A. (1996) Avaliação da Eficiência de Agentes Sanificantes Sobre Suspensões Bacterianas de Escherichia coli e Staphylococcus aureus Aplicados em Mãos de voluntários. Higiene Alimentar 10(43), 25-29.

Gimenez, S.M.N. Ensaios de Toxicidade Aguda usando E. coli como Organismo-teste. Tese de Doutorado. Instituto de Química, UNICAMP. 1994

Jardim, W.F.; Pasquini, C.; Guimarães, J.R.; Faria, L.C. (1990) Short Term Toxicity Testing Using Escherichia coli: Monitoring CO2 Productin by Flow Injection Anasysis. Wat. Res. 24(3), 351-354.

[CAPES, UFMA]