PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE CATALISADORES Mo/Ni/Al2O3 PARA REAÇÃO DE REFORMA A VAPOR DE METANO
Silvia Sálua Maluf (PG)1, José M. Assaf (PQ)2, Elisabete M. Assaf (PQ)1
1 Departamento de Físico-Química, IQSC, USP, Av. Carlos Botelho,1465, 13560-970 São Carlos, SP. e-mail: eassaf@iqsc.sc.usp.br
2 Departamento de Engenharia Química, UFSCar, São Carlos, SP.
Palavraschave : catalisador Mo/Ni/Al2O3, caracterização, promotor
Introdução
A formação de depósitos de carbono em catalisadores de Reforma a Vapor de Hidrocarbonetos é um fenômeno prejudicial ao processo, pois causa desativação do catalisador metálico, levando a diminuição de sua vida útil. Para o controle desse processo, pesquisadores têm estudado a adição de promotores ao sistema níquel-alumina, visando aumentar a resistência à formação de coque(1,2,3). Apesar do sucesso obtido com relação à vida útil do catalisador, tem-se observado que a atividade específica sofre um considerável decréscimo, quando se trabalha com promotores do grupo dos metais alcalinos e alcalinos terrosos, ou seja, a atividade permanece aproximadamente constante durante o tempo de utilização, mas num nível inferior àquele observado como atividade inicial do catalisador não promovido. Entretanto, estudos sobre a adição de Molibdênio em catalisadores Ni/Al2O3 comerciais, obtidos por impregnação do Níquel e do promotor em a-alumina, têm mostrado efeitos positivos com relação a estabilidade e atividade do catalisador(1,2).
Este trabalho tem como objetivo preparar e caracterizar catalisadores do tipo Ni/Al2O3, com razão molar pelo método da precipitação simultânea da fase ativa e do suporte, seguido da adição de diferentes teores de Molibdênio como promotor, para aplicação em processos de reforma a vapor de metano.
Métodos
O precursor do catalisador Ni/Al2O3 foi obtido por co-precipitação, seguido de lavagem, secagem, pré-calcinação e impregnação com um sal de molibdênio. Após, foi novamente calcinado e reduzido, obtendo-se, assim, o catalisador. Os sólidos foram caracterizados através de: Espectroscopia de Absorção Atômica, Difração de RaiosX (DRX), Fisissorção de Nitrogênio (Método de B.E.T.) para determinação da área específica, volume e diâmetro dos poros, Redução a Temperatura Programada (TPR) e Quimissorção de H2 na determinação da área metálica e dispersão metálica.
Observando-se a Tabela 1, verifica-se que os catalisadores são mesoporosos, com raios de poros na faixa de 50Å, evoluindo para 60Å nas amostras com teores de Mo mais altos.
A área superficial específica sofre um considerável decréscimo com a adição de 0,05% de Mo. A adição de altas concentrações de promotor acentuaram este efeito que pode, em parte, ter sido causado pela obstrução de poros de menor diâmetro, como parece indicar o aumento do valor de raio médio de poros. Esse comportamento, no entanto, não é plenamente confirmado pela variação de volume de poros, que se apresenta oscilante e não com uma diminuição esperada do valor.
Os valores de área metálica e dispersão mostram que a presença de molibdênio tem efeito positivo até uma concentração de 1%, tornando-se prejudicial para concentrações mais altas.
Nos resultados de TPR, (Figura 1), o perfil de redução alto e estreito, com máximo em 756ºC, característico da presença predominante do composto NiAl2O4 é substituído por perfis mais alargados, resultantes de uma maior distribuição de compostos com diferentes graus de estabilidade térmica. No TPR do composto com 2%Mo, um pico de menor intensidade em 500ºC é claramente observado, indicando a formação de uma fase de NiO de menor estabilidade térmica e outra de NiAl2O4 mais cristalina, que se reduz a temperaturas mais altas (790ºC), devido a uma possível interação de Mo com a alumina. Isto é confirmado pelos resultados de DRX (Figura2), os quais mostram um aumento de intensidade da banda de difração na posição de 2q em 36º e uma melhor definição da banda em 63º, que se separa em duas (63º e 66º) como consequência da melhor definição das duas fases.
Tabela 1: Valores de raio, volume, área superficial, área metálica e dispersão metálica em função do teor de molibdênio no catalisador Mo/Ni/Al2O3
%Mo |
Raio médio dos poros (Å) |
Volume de Poros (cm3/g) |
Área Específica (m2/g) |
Área Metálica (m2/gNi) |
Dispersão metálica (%) |
|
|
0,0% |
50,3 |
0,41 |
162,3 |
56,8 |
14,3 |
|
|
0,05% |
46,2 |
0,27 |
82,6 |
- |
- |
|
|
0,5% |
51,4 |
0,37 |
58,0 |
55,5 |
18,9 |
|
|
1,0% |
58,2 |
0,28 |
59,3 |
64,0 |
23,0 |
|
|
2,0% |
61,7 |
0,38 |
49,3 |
36,5 |
13,5 |
|
|
Figura 1: TPR em função da % de Mo no catalisador |
Figura 2:Difratograma dos catalisadores |
1- Borowiecki, T.; Golebiowski, A. Catalysis Letters, v.25, p. 309-313, 1994.
2- Borowiecki, T.; et all Applied Catalysis A, v.37, p.141-156, 1997.
3- Trimm, D. L. Catalysis Today, v.49, p. 3-10, 1999. FAPESP