CONSTITUINTES QUÍMICOS E ATIVIDADE IMUNOESTIMULANTE DE SYNGONANTHUS BISULCATUS


Roberta Gomes Coelho (PG)1, Lourdes Campaner dos Santos (PQ)1, Wagner Vilegas (PQ)1, Raquel R. Moreira Duarte (PG)2 e Iracilda Zepponi Carlos (PQ)2

1-Instituto de Química – Departamento de Química Orgânica – Unesp

2-Departamento de Análises Clínicas - Faculdade de Ciências Farmacêuticas- UNESP

palavras-chaves: Syngonanthus bisulcatus, atividade imunoestimulante, CG


INTRODUÇÃO

As espécies do gênero Syngonanthus Ruhl. são conhecidas por apresentarem inflorescências em capítulos e mesmo depois de coletadas e secas mantêm a aparência de vivas [1].

Syngonanthus bisulcatus Koern Ruhland (Eriocaulaceae) conhecida popularmente como “sempre-viva chapadeira” é uma das espécies mais visadas para cultivo e exportação. Esta espécie pertence à seção Eulepis e ocorre na Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e Bahia) [1].


OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi a análise dos extratos hexânico e diclorometânico dos capítulos e escapos uma vez que os mesmos apresentaram significativa atividade imunoestimulante.


MÉTODOS

Separou-se as partes das plantas de Syngonanthus bisulcatus em capítulos e escapos. Os extratos foram preparados por maceração, deixando os capítulos e escapos secos em contato por sete dias sucessivamente com hexano, diclorometano, etanol e etanol 70%. Ao fim de cada extração os extratos foram filtrados e evaporados a pressão reduzida em rotoevaporador.

Os extratos foram submetidos a ensaios de imunoestimulação. Este teste é realizado “in vitro” e consiste em determinar a liberação de H2O2 a partir de culturas de macrofágos peritoniais de camundongos Swiss.

Para este trabalho utilizaram-se somente os extratos hexânico e diclorometânico dos capítulos e escapos.

0,5mg dos extratos foi dissolvido em diclorometano, filtrado em Millex, injetado e analisado por CG-FID.

A análise foi feita com injeção de e/ou co-injeção de padrões. Os padrões utilizados foram misturas de hidrocarbonetos alifática de cadeia linear (n-C20H42 e n-C32H66), misturas de hidrocarbonetos (n-C20H42, n-C21H44, n-C23H48, n-C24H50, n-C25H52, n-C26H54) ácido oleico, ácido palmítico, ácido esteárico, triterpenos (friedelina, lupeol) e esteróides (b-sitosterol, estigmasterol e campesterol).

Para a identificação dos hidrocarbonetos construiu-se uma curva de calibração log tr x número de átomos de carbono do hidrocarboneto.


RESULTADOS

Os extratos que apresentaram maior atividade imunoestimulante foram os extratos apolares.

Tabela 1: Resultados do teste de liberação de H2O2 em ratos de laboratório


Extrato

Resultados para o ensaio de liberação de H2O2

S. bisulcatus

Cap. DCM

0,820


Cap. EtOH

0,230


Cap. EtOH 70%

0,230


Esc. Hexânico

1,380

Controle


0,114

Os perfis cromatográficos dos extratos hexânico e diclorometânico dos capítulos são semelhantes: em ambos pode-se observar a presença de hidrocarbonetos alifáticos de cadeia longa distribuidos por todo o cromatograma, ácidos graxos, esteróides (campesterol, estigmasterol e b-sitosterol). Uma análise mais detalhada mostra que o extrato hexânico contém maiores quantidades de hidrocarbonetos de cadeia alifática longa (n-C21H44, n-C25H52, n-C27H56, n-C29H60 e n-C31H64). Nos cromatogramas das amostras, observam-se picos de baixa intensidade, que comparados com os padrões sugerem a presença de triterpenos. O extrato diclorometânico mostrou um perfil bastante semelhante ao do extrato hexânico. Como diferença, verificou-se a menor quantidade dos hidrocarbonetos e maiores quantidades de ácidos graxos e esteróides.

Os cromatogramas dos extratos hexânico e diclorometânico dos escapos apresentaram menos picos que os dos extratos dos capítulos.

A análise do perfil apresentado pelo extrato hexânico mostrou-se distinta do extrato diclorometânico. Os hidrocarbonetos estão praticamente ausentes, predominando a mistura de ácidos graxos e de esteróides.

O perfil do extrato diclorometânico mostra predominantemente substâncias de baixo tempo de retenção. Alguns picos possuem tempo de retenção semelhante àqueles dos ácidos graxos (ácidos palmítico e esteárico). Os picos menores podem ser, especulativamente, hidrocarbonetos alifáticos de cadeia curta, ou seja, baixo peso molecular, da série homóloga àqueles anteriormente identificados nos capítulos.


CONCLUSÕES

Análise cromatográfica dos extratos evidenciam que os mesmos são constituídos principalmente por hidrocarbonetos alifáticos, ácidos graxos e esteróides. Estes resultados auxiliam a direcionar a continuidade do trabalho, que será o de testar a atividade imunoestimulante de cada uma dessas classes de substâncias.


BIBLIOGRAFIA

[1]. GIULIETTI, A.M., MENEZES, N.L., PIRANI, J.R., MEGURO, M., WANDERLEY, M.G.L. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: caracterização e lista das espécies. Bolm. Bot. Univ. S. Paulo, v.9, p.1-152, 1990.

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