ESTUDO DE METAIS PESADOS (Cu, Cd, Zn, Mn, Fe, Pb e Cr) EM ÁGUA NA REGIÃO DO DISTRITO INDUSTRIAL DE MANAUS (AM)
Andréia Queiroz Sampaio (PG) & Genilson Pereira Santana (PQ)
Universidade do Amazonas, Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Química, CEP 69077-000, e-mail gsantana@fua.br
PALAVRAS-CHAVES: metais pesados, análise de água, absorção atômica.
É indiscutível a importância da água, pois sem ela não haveria vida na forma que conhecemos. Nos últimos tempos, a água se tornou uma das grandes questões a ser solucionada no planeta Terra no século XXI, existe previsões de que esse mineral precioso se tornará escasso. A Região Amazônica não é só conhecida por sua biodiversidade, mas também por possuir o maior manancial do mundo. O Rio Amazonas possui cerca de 80% da água doce do Brasil. A preocupação com este patrimônio nacional tem se tornado constante nos últimos anos, no caso de Manaus o crescimento exagerado provocou a poluição da maioria do sistema hídrico da cidade. Talvez o maior igarapé prejudicado neste processo seja o Igarapé do Quarenta, um dos igarapés com maior concentração urbana de Manaus; parte dos seus problemas é atribuída à atividade industrial do Distrito Industrial. Uma das questões que se tem levantado nos últimos anos é a contaminação por metais pesados provenientes principalmente da atividade industrial. Sendo assim, foram determinadas por espectroscopia de absorção atômica, a concentrações dos seguintes elementos: Cu, Cd, Zn, Mn, Fe, Pb e Cr.
Dos metais analisados, o Cd e Pb estavam abaixo do limite da detecção do aparelho, 0,005 e 0,25 mg.L-1, respectivamente. Os valores determinados os outros elementos são apresentados na Tabela 1, em que se observa que todos os valores estão acima dos teores recomendados pela resolução do CONAMA n0 020/86.
O Cr só foi determinado no ponto 4, devido a sua baixa mobilidade não poderíamos afirmar que neste ponto este elemento estaria biodisponível. A biodisponibilidade deste elemento está relacionada com o valor de pH; a forma Cr3+ (não tóxica), por exemplo, é muito insolúvel em pH neutro e se dissolve quase que totalmente em águas naturais com pH muito baixo, enquanto que na forma oxidada CrO42-, é muito mais solúvel em valores de pH maiores, sendo tóxica e cancenogênica.
O Zn foi encontrado apenas nos pontos 4 e 7, em valores muito acima do recomendado pelo CONAMA n0 020/86, mas a questão de sua toxicidade é discutível pois, a literatura afirma que o zinco tem participação importante na divisão celular, na síntese de proteínas e DNA, porém o excesso pode ser tóxico provocando dor gastrointestinal acompanhada de diarréia, câncer (carcinomas) e osteosarcomas.
Os elementos Cu, Mn e Fe estão presentes em praticamente todos os pontos de coleta, distribuídos aleatoriamente. O ferro é o metal que apresenta em maiores concentrações em todos os pontos de coletas, seguido do Cu e Mn, respectivamente. Dos três elementos, talvez o Cu seja o mais preocupante, pois é o mais biodisponível de todos, além de ser extremamente tóxico para muitos microorganismos causando um desequilíbrio no ecossistema. Além disso, é um potente veneno para as hemácias, danificando suas membranas celulares e inibindo várias enzimas no homem.
Tabela 1 Teores de alguns metais pesados estudados nas amostras de água coletadas no mês de Fevereiro de 1999.
Estação |
Teor (mg.L-1) |
||||
|
Cu |
Mn |
Fe |
Zn |
Cr |
1 |
0,821 (81) |
1,17 (3) |
2,622 (0) |
N.D. |
N.D. |
2 |
3,10 (8) |
N.D. |
17,7 (3) |
N.D. |
N.D. |
3 |
N.D. |
N.D. |
26,2 (7) |
N.D. |
N.D. |
4 |
1,22 (0) |
1,74 (5) |
11,2 (6) |
19,6 (0) |
0,777 (65) |
5 |
1,05 (8) |
1,19 (3) |
29,0 (1,2) |
N.D. |
N.D. |
6 |
1,11 (8) |
3,331 (3) |
25,0 (1,2) |
N.D. |
N.D. |
7 |
1,16 (24) |
0,661 (46) |
7,12 (1,1) |
19,6 (0) |
N.D. |
8 |
0,935 (8) |
1,82 (33) |
0,470 (9) |
N.D. |
N.D. |
9 |
0,651 (0) |
1,40 (7) |
3,23 (47) |
N.D. |
N.D. |
CONAMA |
0,02 |
0,10 |
0,30 |
0,18 |
0,50 (Cr+3) 0,05 (Cr+6) |
N.D. Não Determinado
Estes resultados sugerem da mesma forma que trabalhos realizados anteriormente [1,2], que a ocupação desordenada acompanhada de lançamentos de lixo e efluentes industriais têm contribuído para degradar o ecossistema localizado na região do Distrito Industrial de Manaus.
[1] DO VALLE, C.M. (1998). Impacto Ambiental Urbano: Avaliação física e química dos solos da bacia do Igarapé do Quarenta (Manaus-AM). Manaus, Universidade do Amazonas, 90p. (Dissertação de Mestrado em Ciências do Ambiente). |
[2] SILVA, M.S.R. (1996). Metais pesados em sedimentos de fundo de igarapés (Manaus-Am). Belém, Universidade Pará, 109p. (Dissertação de Mestrado em Geologia e Geoquímica). |
[CAPES, Universidade do Amazonas]