DETERMINAÇÃO DE METAIS (Ca, Cd, Cr , Cu, Fe , Mg, Mn, Pb e Zn) EM GRAMÍNEAS DO DISTRITO INDUSTRIAL DE MANAUS (AM)

Rebecca Freire de Castro (PG) e Genilson Pereira Santana (PQ)

Universidade do Amazonas, Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Química, CEP 69077-000, e-mail gsantana@fua.br

PALAVRAS-CHAVES: metais pesados, análise de plantas, metais em plantas

A transformação de recursos naturais em bens úteis à sociedade vem alterando significativamente o meio ambiente, consumindo os recursos naturais não renováveis. A cidade de Manaus situada quase que no centro da maior floresta do mundo é uma das vítimas destas atividades. Desde a criação da Zona Franca, a cidade tem crescido assustadoramente e com os mesmos problemas das grandes metrópoles.

O Igarapé do Quarenta, segundo alguns trabalhos é o mais poluído, com concentrações de metais pesados muito acima dos recomendados pelo CONAMA; alguns autores afirmam que os níveis de poluição permitem afirmar que este Igarapé já possui as mesmas características do Rio Tietê (São Paulo). O Distrito Industrial é sempre responsabilizado pelos altos teores de metais pesados no Igarapé. A principal forma de poluição do Distrito Industrial é através da descarga nos igarapés que deságuam no Igarapé do Quarenta.

Como forma de avaliar o impacto ambiental do Distrito Industrial foram coletadas amostras de duas espécies de plantas: Dichorisandra – sp e Paspalum – sp., identificadas como gramíneas do mesmo gênero. As amostras foram coletadas em fevereiro, sendo retiradas em vários pontos ao longo das margens dos igarapés, compreendendo um total de nove pontos. Uma característica marcante é que nos locais de coleta as duas plantas estavam presentes juntas ou então em alguns pontos, como base de comparação as amostra foram misturada, somente assim poderíamos avaliar o quanto as gramíneas absorveram de metal pesado.

As amostras foram lavadas, secadas à temperatura ambiente por uma semana, em estufa a 70 ºC por 24 horas e trituradas. As gramíneas foram divididas em folha, caule e raiz, sendo pesado 0,500 g de cada parte da planta e submetida aos seguintes tratamentos: i) 15 mL de HF concentrado a frio por 24 horas e filtração; ii) aos resíduos adicionou-se 15 mL de HNO₃ concentrado, aquecendo-se a 100 ⁰C por 24 horas e iii) realização de medidas no espectrômetro de absorção atômica de Cd, Cu, Pb, Mn, Zn, Mg, Co, Ca, Cr e Fe.

As análises químicas dos resultados mostram que os metais Cd, Cr , Mn e Pb possuem concentrações abaixo do limite de detecção da técnica e os valores estão abaixo do limite recomendado pela literatura [1,2]. O Fe, Zn, Mg, Cu e Ca apresentaram teores muito significativos distribuídos entre as três partes das plantas. Uma característica interessante é que o Zn está presente em todas as amostras em valores que variam entre 100 e 700 mg.g^-1 e o Mg variam entre 33 e 403 mg.g^-1. A distribuição dos metais ocorre da seguinte maneira: o Cu tem sua maior concentração nas raízes; o Fe se encontra basicamente na raiz e caule; o Mg possui maior teor nas folhas e o Zn se distribui nas três partes.

Os resultados foram submetidos a análise fatorial, que mostrou o efeito sinérgico Zn-Mg e antagônico Fe-Cu (Figura 1). Quando a concentração de Zn e Mg aumentava o efeito sinérgico se tornava maior. Já no caso das concentrações de Fe e Cu o comportamento era contrário, ou seja, quando a concentração de Fe aumentava a de Cu diminuía.

Avaliando em termos ambientais, os pontos 4,5,6 e 9 são os mais afetados, principalmente pelos metais pesados Zn e Cu. Embora o Fe possua concentrações muito altas em todos os pontos, não foi considerado como preocupante nas gramíneas.

Relacionando as concentrações encontradas com a parte da planta analisada, verifica-se que Zn e Mg estão distribuídos na folha, caule e raiz; enquanto que o Cu está concentrado nas raízes e o Fe está concentrado nas folhas e raízes.

Portanto, os resultados indicam que o Cu e o Zn estão sendo absorvidos em teores acima dos necessários às gramíneas. Além disso, os altos teores desses metais indicam que não só o Igarapé do Quarenta está poluindo mais também parte da vegetação.

[1] KABATA-PENDIAS, A. & PENDIAS, H. Trace elementes in soils and plants. Florida, CRC Press, 1984. 315 p.

[2] LAKE, D. J. Sludge Disposal to Land. In: LESTER, J. N. (end) Heavy metals in wastewater an sludge treatment process. CRC Press Inc., Florida, John N. Lester (editor), 1987), 1987b. v. 2: Treatment and Disposal, p. 92-124.

[CAPES, Universidade do Amazonas]