DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA DOSAGEM DE FENÓIS SINTÉTICOS UTILIZADOS EM FORMULAÇÕES DE DESINFETANTES POR CLAE


Ivan Pereira Machado (PQ), Adriana Sant´Ana da Silva (PQ),

Catia Veronica dos Santos Oliveira (PG)


Departamento de Química, Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), RJ


palavras-chave: desinfetante, fenóis, CLAE


Introdução Os desinfetantes fenólicos, saneantes com ação germicida e fungicida1, são normalmente usados na desinfecção domiciliar, em ambientes coletivos ou públicos2. A maioria destes produtos apresentam matrizes complexas devido a grande quantidade de componentes em sua formulação, tornando-se difícil sua análise. Os métodos comumente empregados utilizam a técnica de cromatografia gasosa3 com elaboradas etapas de preparo de amostra, que podem não eliminar a ocorrência de picos interferentes. Por este motivo iniciou-se o estudo de metodologia para dosagem dos fenóis sintéticos, mais utilizados em formulações de desinfetantes, por cromatografia líquida de alta eficiência.

Objetivo Este trabalho teve como principal objetivo desenvolver e otimizar os parâmetros analíticos para validação de um método rápido e preciso, que permita a separação e quantificação dos seguintes fenóis: 2-fenilfenol, 4-tercbutilfenol e 4-cloro-3-metilfenol em formulações de desinfetantes.

Método O método foi estudado em cromatógrafo líquido, marca Waters, modelo M45, utilizando coluna Lichrosorb RP-18, 5mm, (125 x 4 mm i.d.) Merck, à temperatura ambiente. Através do espectro de fenóis na região do ultravioleta selecionamos o comprimento de onda de 280 nm que apresentou alta absorção dos fenóis utilizados e baixa dos possíveis componentes da matriz, sendo esta preparada no laboratório isenta de fenóis em sua formulação, com objetivo de verificar a possível absorção de outros componentes neste comprimento de onda. Os ensaios foram realizados em condições constantes onde a fase móvel foi composta pelos solventes metanol e água na mesma proporção 50:50 (v/v), o volume de injeção foi de 20mL e fluxo de 1mL/min. Cerca de 0,3g de cada um dos fenóis foram dissolvidos em metanol e transferidos para balões volumétricos distintos (100mL), a cada um adicionou-se 3mL de matriz e completou-se quantitativamente o volume com metanol. A partir destas soluções estoques foram preparadas curvas analíticas com concentrações variando de 0 a 0,25mg/mL.

Resultados O método se mostrou linear, com coeficientes de correlação próximos de 1, a repetitividade foi expressa em termos de desvio padrão relativo (RSD%), para 20 determinações. Na tabela 1 observamos que o método foi preciso, com variações em torno de 1%. Na tabela 2 podemos observar que os resultados obtidos a partir do estudo de recuperação dos fenóis ficaram em torno de 100%, indicando boa exatidão do método.

Conclusões De acordo com os parâmetros de validação podemos concluir que o método desenvolvido é preciso, exato e rápido, dispensando etapas de preparação de amostra, sendo de grande aplicabilidade para laboratórios que trabalham no controle da qualidade de desinfetantes fenólicos.


Tabela 1: Resultados obtidos no estudo da precisão.


Componente

Tempo de retenção (min)

Concentração (mg/mL)

RSD%

4-cloro-3-metilfenol

7,6

0,1252

0,82

2-fenilfenol

11,1

0,0891

0,92

4-tercbutilfenol

12,7

0,1053

0,89


Tabela 2: Resultados obtidos no estudo de recuperação de fenóis para análise da exatidão.


4-cloro-3-metilfenol

2-fenilfenol

4-tercbutilfenol

Conc. Teórica (mg/mL)

% recuperada

Conc. teórica (mg/mL)

% recuperada

Conc. teórica (mg/mL)

% recuperada

0,0626

100,46

0,0445

101,44

0,0527

101,72

0,1252

98,63

0,0891

96,03

0,1053

100,11

0,1877

100,68

0,1336

94,53

0,1580

97,71

0,2503

99,80

0,1782

98,37

0,2107

101,16


Bibliografia


  1. Manual of chemical methods for pesticides and derives,. U.S. Environmental Protection Agency: Association of Official Analytical Chemists, 1976.

  2. Brasil, Decreto-Lei nº 79.094, de 5 de janeiro de 1977. Regulamenta a lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976, que submete a sistema de vigilância os medicamentos, insumos farmacêuticos, drogas, correlatos, cosméticos, produtos de higiene, saneantes e outros. Diário Oficial, Brasília, p.2, 05 nov. 1977.

  3. Preston, S. T. & Pankratz, R.. A guide to the analysis of phenols by gas chromatography, USA: Polyscience Corporation, 1978.

  4. Leite, F. Validação em Análise Química, Campinas: Editora Átomo, 124p, 1996.

  5. Hubert, P.; Chiap, P.; et. al.. The SFSTP guide on the validation of chromatographic methods for drug bioanalysis: from de Washington Conference to the laboratory. Analytica Chimica Acta, 391, 135-148, 1999.

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