PESQUISANDO E ESTUDANDO QUÍMICA NA INTERNET


Ledjane Silva Nunes(IC), Rejane Martins Novais Barbosa (PC) e

Edenia Maria Ribeiro do Amaral (PC)

Universidade Federal Rural de Pernambuco


palavras-chave: Internet, sites de química, dificuldades e facilidades


A educação tomou novas dimensões a partir da era da informação, onde a preocupação vigente é a formação de alunos capazes de conduzir e construir a sua própria aprendizagem (Toffler,1990: in Passarelli,1993, p.63). São oferecidas aos alunos opções, como as tecnologias interativas associadas ao computador, ou melhor, programas educacionais interativos, CD-Rom, vídeo laser interativo, hipertexto, hipermídia, correio eletrônico, realidade virtual, programas simuladores e recursos da Internet, além dos convencionais - palestras, visitas técnicas, livros, etc. Trabalhos realizados por alguns pesquisadores (Walker,1992; Watson,1996: In Ferreira,1998) revelaram que os programas interativos oferecem melhorias no processo de ensino-aprendizagem tanto nas aulas teóricas como experimentais. Certamente, a tecnologia aliada aos serviços educacionais cria novos ambientes para o processo de ensino/aprendizagem. Considerando que o instrumento pedagógico exerce forte influência na forma com que as idéias vão ser apropriadas, torna-se pertinente estudar as melhores maneiras de se explorar os temas de forma a atingir uma aprendizagem significativa. A Internet é um sistema de computadores interligados, que permite troca de informações através de um protocolo comum. De 1995 a 1997, a estimativa de usuários da Internet espalhados no mundo chegava a 20 milhões, com um crescimento de um milhão por mês (Ferreira, 1998). Segundo o autor é uma excitante ferramenta para a sala de aula, favorece a pesquisa e o ensino, possibilita uma expansão da sala de aula, devido às trocas de informações. Entretanto, pesquisadores (Hagen,1997; Mosbacker,1996: In Ferreira,1998,P.784), ressaltam que para os mais conhecedores dos meandros da rede, ela parece um "grande karaokê" onde as informações não são fáceis de serem coletadas. Logo, esta ferramenta possui uma estrutura organizacional que pode fazer com que experiências, nas salas de aula, não sejam bem sucedidas. A Internet assim, como toda e qualquer tecnologia, por si só não cria resultados e não pode ser considerada a salvação para alguns dos problemas da educação, ou mais especificamente do ensino/aprendizagem. Dentre outros, um aspecto refere-se às posturas de professor e aluno em ambientes educacionais de tecnologia avançada. Considerando que, para a construção do conhecimento, o professor tem um papel fundamental, a partir da sua interação com o aluno, ambos devem estar preparados para lidar com as novas tecnologias, sendo necessária a capacitação de professores e alunos nesta área. Também vale ressaltar que o volume de informações advindas da Internet, torna o professor responsável por avaliar a confiabilidade das fontes utilizadas, além de adequá-las ao currículo do curso, ou disciplina. Portanto, dentro de um processo educacional, a Internet, o professor e o aluno devem caminhar juntos.

Considerando a importância das novas tecnologias educacionais no processo de ensino/aprendizagem, esta pesquisa se propôs a fazer uma análise das dificuldades e facilidades de estudo e pesquisa pela Internet a partir de um levantamento e análise de sites de interesse da química. A metodologia constou de 2 etapas. Na primeira etapa foi feito o levantamento de alguns sites na Internet e na segunda etapa, foi escolhida uma amostra de 4 sites para análise, considerando o conteúdo e a forma de abordagem dos mesmos. Foram então escolhidos os links mais diretamente relacionados à química. No site 1 foram analisados 7 links, onde eram abordados vários temas e alguns pontos podem ser ressaltados: havia apresentação de vidrarias sem especificação, tabela on-line incompleta, imagens de 11 cientistas relatando a contribuição de apenas 5 deles para a química e abordagem de assuntos não destinados diretamente a alunos do ensino médio. No site 2 foram analisados 4 links, onde foram encontrados: venda de apostilas envolvendo questões de vestibulares, mini-cursos, perguntas e respostas feitas pelos alunos (via e-mail), dicas do cotidiano. A vantagem deste site é o fato de se poder tirar dúvida por e-mail. No site 3 foram analisados 12 links abordando resumidamente conteúdos de Química Geral, Orgânica e Físico-Química. Foi percebida uma maior preocupação com a abordagem de alguns temas, por exemplo modelos atômicos, apresentando explicações associadas com imagens e/ou animações. No site 4 foram analisados 4 links, todos sobre química analítica. Foi percebida uma boa abordagem dos temas contendo exemplos de experiências feitas em laboratório. A análise dos resultados mostrou que dos 4 sites analisados, dois (sites 3 e 4) poderiam ser utilizados pelo aluno no processo de aprendizagem e os outros dois (sites 1 e2) podem ser utilizados como consulta/pesquisa em assuntos de interesse geral. Vale ressaltar que a maioria das informações estão na rede sem referências bibliográficas e em geral, os sites que são organizados com um forte caráter comercial, fazem uma abordagem superficial dos temas, não indicando outras fontes de consulta para o aluno se aprofundar.

Apesar da Internet ser um recurso tecnológico riquíssimo que nos permite ter acesso a um grande número de informações; comunicação entre pessoas; fazer compras; atualizar as escolas que não dispõem de biblioteca, dentre outras vantagens, algumas dificuldades foram enfrentadas no decorrer da pesquisa. Dentre elas podemos destacar a dificuldade na compreensão da linguagem da rede (site, hipertexto, hipermídia, nó, etc.); o tempo gasto para pesquisar devido a dificuldades técnicas; falta de instrução para lidar com a rede, a estrutura de organização da mesma e finalmente uma tendência ao isolamento. Mosbacker,1996 (in Ferreira,1998, p.782) aponta para o cuidado com o uso excessivo da rede, o que reduzirá o contato entre os seres humanos mais próximos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FERREIRA,V. F. As tecnologias interativas no ensino. Química Nova. 21(6), 1998.

PASSARELLI, B. Hipermídia e a Educação: algumas pesquisas e experiências. Contexto & Educação. Ano 8, No. 32, p.62-80, 1993. PIBIC/CNPq