Isabele Cristine B. Moraes (IC); Fabíola Soraia Vital Campos Barbosa da Silva (PG);
Ivone Antônia de Sousa (PQ); Maria do Carmo Alves de Lima (PQ);
Suely Lins Galdino (PQ) e Ivan da Rocha Pitta (PQ)
Palavras-chave: atividade antiinflamatória, arilideno-tiazolidinonas.
Introdução:
O ensaio farmacológico de uma substância envolve uma série de etapas, muitas vezes surpreendente através de seu estudo dinâmico, cujas propriedades correlacionam-se com o campo da medicina pré-clínica. A presença do anel tiazolidínico em penicilinas e derivados relacionados foi o primeiro reconhecimento de sua ocorrência na natureza. Este fato levou Labouta e colaboradores (1987) a desenvolver um extensivo estudo da relações entre estrutura química e atividade biológica. De acordo com trabalhos anteriores (Singh e cols. 1986; Boschelli e cols. 1992), também podemos afirmar que compostos que possuem o núcleo tiazolidinônico apresenta uma potencial atividade antiinflamatória e analgésica.
Objetivos:
O presente trabalho tem por objetivos a síntese, caracterização química e avaliação da atividade antiinflamatória de derivados 3-(4-metilbenzil)-5-arilideno-tiazolidinônicos.
Métodos:
Os
derivados 3-(4-metilbenzil)-5-arilideno-tiazolidinônicos foram
obtidos em duas etapas. Inicialmente obteve-se a
3-(4-metilbenzil)-tiazolidina-2,4-diona a partir da reação
N-alquilação da tiazolidina-2,4-diona com o brometo de
4-metilbenzil. Na segunda etapa, o intermediário N-alquilado
sofre uma reação de condensação com
2-arilideno-cianacetato de etila substituídos, em etanol e na
presença de piperidina como catalisador. Todos os compostos
sintetizados foram purificados e caracterizados por métodos
físico-químicos e espectrométricos usuais.
Na determinação da atividade antiinflamatória utilizou-se o método de Winter e colaboradores (1962), que se baseia na inibição do edema de pata induzido pela carragenina. Para cada via de administração, oral e intra-peritoneal, utilizou-se 6 grupos de 8 ratos machos dos quais, 4 grupos para avaliação da atividade antiinflamatória, 1 grupo padrão tratado com a indometacina e 1 grupo controle, tratado com solução salina a 0,9%. Trinta minutos após a administração das substâncias, injetou-se por via subcutânea (plantar), 0,1mL de carragenina a 1% na pata esquerda e igual volume de solução salina a 0,9% na pata direita. O edema de pata foi medido através de imersão até o mielóide lateral. Esta medida foi tomada em intervalos de 30 minutos, durante 6 horas.
Resultados e Discussão:
Os compostos 3-(4-metilbenzil)-5-(2,4-dimetoxiarilideno)-tiazolidina-2,4-diona (GQ-6), 3-(4-metilbenzil)-5-(3-cloroarilideno)-tiazolidina-2,4-diona (GQ-7) e 3-(4-metilbenzil)-5-(4-metilarilideno)-tiazolidina-2,4-diona (GQ-8) foram purificados, apresentando, respectivamente, rendimentos de 85, 65 e 43% e pontos de fusão de 161, 145 e 141ºC. Suas estruturas foram comprovadas por análises no infravermelho, por ressonância magnética nuclear protônica e por espectrometria de massa.
A injeção plantar da carragenina produziu edema e aumento gradativo da pata esquerda, com pico máximo em 180 minutos após a injeção. As três substâncias citadas, com uma dose fixa de 20mg/Kg de peso, foram administradas 30 minutos antes da injeção da carragenina. Os grupos tratados apresentaram inibição similar ao grupo padrão tratado com a indometacina, variando o tempo de início da inibição. Tanto na via de adminstração oral como na via intra-peritoneal, com inibições respectivas de 32% e 43% do edema de pata, destacou-se o composto GQ7 como mais ativo.
Conclusões:
A presente investigação demonstra que a substância 3-(4-metilbenzil)-5-(3-cloroarilideno)-tiazolidina-2,4-diona (GQ-7) apresenta potencialidade de ação quando no tratamento de edema localizado em ratos. Tais resultados motivam estudos posteriores para validação de outros compostos mais eficazes, estruturalmente análogos aos fármacos tiazolidinônicos já utilizados na terapêutica como antiinflamatórios.
Bibliografia:
Labouta, I.M., Salama, H.M., Eshba, N.H., Kader, O., El-Chrbini, E. Eur. J. Med. Chem., 22, 485-489. 1987.
Singh, I.P., Saxena, A.K. , Shanker, K. Indian J. of Chem. 25B, 838-843. 1986.
3. Boschelli, D.H., Connor, D.T., Kuipers, P.J., Wright, C.D. Bioorg. & Med. Chem. Letters. 2(7), 705-708. 1992.
Winter, C.A., Risley, E.A., Nuss, G.W., Proc. Soc. Exp. Biol. Med. 111, 544-547, 1962.