INFLUÊNCIA DOS CORANTES NATURAIS BIXINA E NOR-BIXINA E DOS FLAVONÓIDES LUTEOLINA E APIGENINA NA ATIVIDADE DA LIPASE
Leonardo Ramos Paes de Lima(PG)1, Tânia Toledo de Oliveira(PQ)1, Tanus Jorge Nagem (PQ)2, Aloísio da Silva Pinto (PQ)3, Maria Goreti de Almeida Oliveira(PQ)1, Adelson Luiz Araújo Tinoco (PQ)4, Marly Lourdes de Oliveira (PQ)1, Cleysson Hermes Altoé (IC)5 , Maria Aparecida Leão(TEC)1
1Departamento de Bioquímica e Biologia Molecuar UFV MG;2Departamento de Química UFOP MG; 3Departamento de Veterinária UFV MG; 4Departamento de Nutrição e Saúde, UFV-MG; 5- Departamento de Química UFV MG.
palavras-chave: lipase, corantes naturais, flavonóides
Lipase é uma enzima que no organismo, degrada os triacilgliceróis liberando ácidos graxos e glicerol. Alguns flavonóides têm sido investigados pela propriedade de diminuir a concentração sanguínea de lipídeos, podendo ter ação direta na enzima lipase, ativando-a, e consequentemente degradando os triacilgliceróis. A lipase é específica para ésteres na posição a do glicerol bem como para ácidos de graxos de cadeia longa com mais de dez carbonos. A forma purificada da enzima é fortemente inibida por ácidos biliares que normalmente estão presentes no intestino delgado durante a digestão de lipídeos. O problema da inibição está ligado à uma colipase, que é uma proteína com 12Kda e que se liga à interfase lipídeo-água e à lipase, ligando-se à enzima. O sítio ativo da lipase pancreática tem 449 resíduos que contem o N- da cadeia terminal (resíduo 1-336), que contém a tríade catalítica.
O presente trabalho procurou caracterizar a ação de alguns corantes naturais e flavonóides sobre a atividade de lipase pancreática, a fim de verificar se estas substâncias possuem capacidade de modificar a atividade desta enzima in vitro. Com a finalidade de entender o mecanismo de ação de nor-bixina, bixina, apigenina e luteolina foram testados os seus efeitos sobre a atividade da lipase.
Os corantes naturais (bixina e norbixina, frações lipossolúvel e hidrossolúvel, respectivamente, do extrato de urucum) e os flavonóides (Luteolina e apigenina, também encontrados no urucum), foram testados na presença de lipase, e a atividade enzimática foi determinada pelo método de Cherry e Crandall, utilizando-se o Kit enzimático BIOCLIN, em presença de éster de glicerol como substrato a 37 0C, em tampão Tris pH = 8,55, contendo azida sódica. As velocidades iniciais foram determinadas pela liberação do cromóforo a 412 nm. O estudo do efeito dos modificadores foram realizados comparando-se as análises feitas na presença e ausência dos corantes naturais e flavonóides, isoladamente.
As análises foram realizadas variando-se as concentrações dos compostos
em estudo da seguinte maneira: 6,0 x 10-6 mol/L, 1,2 x 10-5 mol/L, 1,8 x 10-5 mol/L, 2,4 x 10-5 mol/L, 3,0 x 10-5 mol/L, 3,6 x 10-5 mol/L, 4,2 x 10-5 mol/L, 4,8 x 10-5 mol/L, 5,4 x 10-5 mol/L, 6,0 x 10-5 mol/L, para Bixina, Norbixina, Luteolina e Apigenina. A concentração 0 mol/L refere-se à análise realizada na ausência destes modificadores, sendo a ação enzimática monitorada pela medida da absorvância a 412 nm.
Para as quantificações, utilizou-se o espectrofotômetro da marca Hitachi.
Os resultados obtidos na determinação da atividade da lipase em várias concentrações dos modificadores foram os seguintes:
Amostra sem os modificadores: (27,5 U.I),
Amostra com a Bixina: (28,8 U.I; 24,8 U.I; 29,1 U.I; 25,9 U.I; 31,1 U.I; 25,7 U.I; 26,3 U.I; 41,5 U.I; 67,4 U.I, 57,2 U.I; valores nas respectivas concentrações),
Amostra com a Norbixina: (24,8 U.I; 28,0 U.I; 28,1 U.I; 33,4 U.I U.I; 29,0 U.I; 30,8 U.I; 23,5 U.I; 38,8 U.I; 47,1 U.I; 23,1 U.I; valores nas respectivas concentrações),
Amostra com a Apigenina: (23,1 U.I; 27,0 U.I; 29,5 U.I; 20,8 U.I; 30,8 U.I; 33,0 U.I; 39,4 U.I, 25,6 U.I, valores nas respectivas concentrações),
Amostra com Luteolina: ( 23,4 U.I; 28,4 U.I; 25,2 U.I; 30,0 U.I; 34,6 U.I; 27,9 U.I; 30,9 U.I; 67,4 U.I; 45,5 U.I; 50,7 U.I; valores nas respectivas concentrações).
Pelos resultados apresentados, pode-se notar que, no geral, a atividade da lipase manteve-se constante até a concentração de 4,2 x 10-5 mol/L para todos os modificadores, aumentando na concentração de 4,8 x 10-5 mol/L, tendo-se atingido a ativação máxima na concentração de 5,4 x 10-5 mol/L e voltando a diminuir na concentração de 6,0 x 10-5 mol/L. Pode-se verificar que com o aumento da concentração dos modificadores aumentou-se a atividade da enzima lipase pancreática.
Pode-se concluir que todas as substâncias testadas aumentaram a atividade da lipase em determinadas concentrações, sendo que os modificadores que induziram a lipase a uma maior atividade, foram conferidas à bixina 67,4 U.I (na concentração de 5,4 x 10-5 mol/L) e a Luteolina 67,4 U.I (na concentração de 4,8 x 10-5 mol/L).
Esses resultados parecem comprovar uma explicação para os efeitos hipotrigliceridêmicos destas duas classes de substâncias corantes naturais bixina e nor-bixina e flavonóides luteolina e apigenina, todos extraídos do urucum.
Agências financiadoras: FAPEMIG, CNPq.