EFEITOS DE BIXINA SOBRE O METABOLISMO LIPÍDICO



Eliana Carla Gomes de Souza (PG)1, Paulo César Stringheta (PQ)1, Tânia Toledo de Oliveira (PQ)2, Tanus Jorge Nagem (PQ)3, Aloísio da Silva Pinto (PQ)4, José Francisco Silva (PQ)5 Maria Aparecida Leão (TEC.)2


1Departamento de Tecnologia de Alimentos- UFV – MG, 2Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular- UFV- MG, 3Departamento de Química-UFOP - MG

4 Departamento de Veterinária – UFV – MG,5 Departamento de Zootecnia-UFV-MG.


“palavras-chave”: bixina, triacilgliceróis, colesterol


Devido ao solo bastante propício para o plantio de urucum, o Brasil, hoje, é um dos maiores produtores, e a sua comercialização no mercado externo vem crescendo dia a dia. O corante é empregado em condimentos (colorau ou colorífico), maioneses, margarinas, molhos para saladas, sorvetes, balas, produtos de confeitaria, pós instantâneos para sobremesa, aperitivos e na indústria de laticínios (iogurte, manteiga, queijo).

Pelo fato de sua importância econômica e pelo extenso uso, fez-se necessário um estudo toxicológico da bixina através de análises hematológicas. A determinação dos triacilgliceróis ocupa lugar de destaque no laboratório clínico moderno porque é dado importante e necessário para a classificação e fenotipagem das hiperlipoproteinemias. É também de importância a íntima correlação que se observa entre a hipertrigliceridemia e o aumento do risco coronariano.

As causas das elevação do triacilgliceróis são as várias doenças chamadas hiperlipidemias ou hiperlipoproteinemias. As hiperlipidemias podem estar associadas a doenças cardiovasculares e ocorrem comumente no diabetes, alcoolismo, pancreatitte, síndrome nefrótica, hipoparatireodismo, e mieloma múltiplo.

Estudos epidemiológicos populacionais e estudos experimentais em animais, demonstraram uma correlação positiva entre os níveis do colesterol LDL e VLDL, e o risco de doença coronariana isquêmica e ao mesmo tempo evidenciaram que os níveis de colesterol HDL são inversamente proporcionais ao risco de doenças coronarianas. Valores aumentados de colesterol são encontrados na nefrose, hipotireoidismo, doenças colestática do fígado e nas hiperlipoproteinemias. Níveis séricos de colesterol diminuídos são encontrados no hipertireoidismo e desnutrição crônica.

Este trabalho teve como objetivo estudar os efeitos das três doses de bixina sobre os níveis plasmáticos de triacilgliceróis, colesterol.

Foi conduzido um ensaio biológico, com 96 ratos (48 machos e 48 fêmeas) (Rattus norvergicus), variedade albinus, da raça Wistar, recém-desmamados, com 24 dias de idade. Os animais foram distribuídos em quatro grupos de 24, sendo que o grupo 1 recebeu ração, o grupo 2 70 mg de bixina , o grupo 3 350 mg e o grupo 4 700 mg. A bixina fornecida aos animais é um corante utilizado na indústria de alimentos e contém 28% de bixina.

Os ratos foram colocados em gaiolas individuais, recebendo água e alimento “ad libitum”, à temperatura ambiente variando entre 20 e 24 0C e com iluminação controlada com 12 horas de claro e escuro por um período de cento e oitenta dias. A administração da bixina foi feita diáriamente, por via oral, misturadas à ração Labina.

No tempo zero, após 3 meses e após 6 meses foram feitas dosagens dos níveis séricos de triacilgliceróis, colesterol. As dosagens sorológicas foram feitas em equipamento Alizé utilizando Kits da marca Biolab.

Dos resultados obtidos obervou-se que as percentagens de variação foram:

No grupo das fêmeas, no terceiro mês de experimento, houve uma redução nos níveis séricos da triacilgliceróis nos três grupos que receberam bixina em relação ao grupo controle, de 9,30% no grupo 2, de 15,24% no grupo 3 e 10,85% no grupo 4.

No sexto mês de experimento, o grupo das fêmeas respondeu com diminuição de 6,40% no grupo 3 e 12,58% no grupo 4 e aumento nos níveis no grupo 2 de 1,32% para triacilgliceróis.

No grupo dos machos houve aumento no terceiro mês nos níveis séricos de triacilgliceróis no grupo 2 de 4,77%, e redução no grupo 3 de 37,36% e no grupo 4 de 43,82%.

O grupo dos machos no sexto mês teve como resultado a redução dos níveis séricos de triacilgliceróis , no grupo 2 foi de 25,91%, no grupo 3 de 9,21% e no grupo 4 de 13,28%.

No grupo das fêmeas as dosagens do colesterol no terceiro mês observou-se uma redução nos níveis séricos nos três grupos, para o grupo 2, (64,52%), para o grupo 3 (23,68%) e e para o grupo 4 (30,37%).

No grupo das fêmeas, as dosagens de colesterol feitas no sexto mês de experimento tiveram como resultado uma redução nos níveis séricos no grupo 2 de 5,6%, no grupo 4 de 3,2%, no grupo 3 houve um aumento de 1%.

Da mesma forma os machos, em todos os grupos houve redução no terceiro mês nos níveis de colesterol no grupo 2 foi de 15,73%, no grupo 3 de 21,94% e no grupo 4 de 11,04%.

Nos machos no sexto mês os níveis de colesterol aumentaram no grupo 3 de 7,03% e 4 de 19,18% e no grupo 2 houve redução de 3,3%.


Pode-se concluir que a bixina nas doses de 70, 350 e 700mg apresentou efeito hipolipidêmico mesmo com os animais normais (não tiveram hiperlipidemia induzida) e com o princípio ativo da bixina em 28% no material corante.



Agências financiadoras:FAPEMIG E CAPES