TOXICOLOGIA CRÔNICA DE BIXINA
Eliana Carla Gomes de Souza (PG)1, Paulo César Stringheta (PQ)1, Tânia Toledo de Oliveira (PQ)2, Tanus Jorge Nagem (PQ)3, Aloísio da Silva Pinto (PQ)4, José Francisco Silva (PQ)5 Maria Aparecida Leão (TEC)2
1Departamento de Tecnologia de Alimentos- UFV MG, 2Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular- UFV- MG, 3Departamento de Química-UFOP - MG
4 Departamento de Veterinária UFV MG,5 Departamento de Zootecnia-UFV-MG.
palavras-chave: bixina, toxicologia, produtos nitrogenados
O interesse pelos corantes naturais vem aumentando, devido à questionável inocuidade dos corantes artificiais. O pigmento do urucum é conhecido há muito tempo, tendo sido utilizado pelos Índios sul-americanos na coloração de seus corpos, artesanatos e instrumentos de caça e pesca e como repelentes de insetos. Como o urucum é um dos corantes mais utilizados no Brasil, faz-se necessário o estudo toxicológico deste para que possa ser liberado seu uso sem restrições. Em um estudo toxicológico são feitas algumas análises hematológicas de alguns constituintes. A determinação das proteínas totais é útil para detecção de hiperproteinemia devido à hemoconcentração como nas desidratações e várias condições de hiperglobulemia com mieloma múltiplo, infecções, enfermidades hepáticas. A hipoproteinemia pode também ser observada em estados de má nutrição, enfermidades renais e processos malignos. Diminuições dos níveis de albumina ocorrem nas doenças crônicas (cirrose), na síndrome nefrótica, em casos de perdas maciças de albumina, na artrite reumatóide, em casos de baixa ingestão protéica e após hemorragia grave. A constância na formação e excreção da creatinina faz dela um índice muito útil de função renal, principalmente de filtração glomerular. Em virtude de sua relativa independência de fatores como dieta, grau de hidratação e metabolismo protéico a determinação da creatinina plasmática é um teste de função renal mais seguro do que a uréia. A uréia é principal produto do catabolismo das proteínas e aminoácidos, tem sua concentração afetada pela dieta e pelo estado de hidratação, constituindo uma indicação grosseira do estado da função renal. Valores aumentados da uréia plasmática são classificados como: causa pré-renal, resultante de defeitos de excreção. Causa renal como conseqüência da doença renal aguda ou crônica com diminuição da filtração glomerular. Causas pós renais, geralmente resultante de uma obstrução do trato urinário, pode ocorrer nas litíases renais, nos tumores por compressão da bexiga. A diminuição da uréia sérica ocorre apenas em poucas situações como na insuficiência hepática aguda e inanição.Este trabalho teve como objetivo estudar os efeitos das três dosagens da bixina sobre os níveis plasmáticos de proteínas totais, albumina, creatinina e uréia.
Foi conduzido um ensaio biológico, com 96 ratos (48 machos e 48 fêmeas) (Rattus norvergicus), variedade albinus, da raça Wistar, recém-desmamados, com 24 dias de idade. Os animais foram distribuídos em quatro grupos de 24, sendo que o grupo 1 recebeu ração, o grupo 2 70 mg de bixina , o grupo 3 350 mg e o grupo 4 700 mg. A bixina fornecida aos animais é um corante utilizado na indústria de alimentos e contém 28% de bixina.
Os ratos foram colocados em gaiolas individuais, recebendo água e alimento ad libitum, à temperatura ambiente variando entre 20 e 24 0C e com iluminação controlada com 12 horas de claro e escuro por um período de cento e oitenta dias. A administração da bixina foi feita diáriamente, por via oral, misturadas à ração Labina. No tempo zero, após 3 meses e após 6 meses foram feitas três dosagens dos níveis séricos de proteínas totais, albumina, creatinina e uréia. As dosagens sorológicas foram feitas em equipamento Alizé utilizando-se Kits Biolab e foram apresentadas as percentagens de variação. De acordo com os resultados obtidos para proteínas totais dosadas no terceiro mês de experimento, houve uma diminuição nos níveis séricos das fêmeas dos três grupos que receberam a bixina em relação ao grupo controle, de 1,09% no grupo 2 que recebeu a menor dose de bixina, de 0,94% no grupo 3 e de 9,04% no grupo 4.No sexto mês de experimento houve decréscimo nos níveis séricos de proteínas totais das fêmeas dos três grupos, sendo de 10,07% para o grupo 2, 9,93% para o grupo 3 e 4,89% para o grupo 4.
Não houve variação dos níveis séricos de proteínas totais dos machos no terceiro mês do grupo 2 , houve um aumento de 2,47% no grupo 3 e de 4,44% no grupo 4. Nos machos houve aumento dos níveis séricos de proteinas totais, 17,95% no grupo 2, 24,36 no grupo 3 e 21,24% no grupo 4 no sexto mês.
Nas dosagens do terceiro mês de experimento houve redução nos níveis de albumina das fêmeas no grupo 2 de 5,99% e no grupo 3 de 10,52%, no grupo 4 houve aumento de 2,08% em relação ao controle. Já nas dosagens feitas no sexto mês de experimento, houve diminuição dos níveis séricos de albumina das fêmeas dos grupos 2 de 26,93%, grupo 3 de 27,62% e no grupo 4 houve um aumento de 3,37%.
Nos três grupos de machos no terceiro mês houve aumento nos níveis de albumina, sendo de 8,54% no grupo 2, 8,93% no grupo 3 e 18,49% no grupo 4.
Quanto aos machos, no sexto mês houve aumento nos níveis de albumina nos grupos 2 de 1,11% , grupo 3 de10,75%, e redução de 5,56% no grupo 4.
Das dosagens de uréia feitas no terceiro mês de experimento verificamos uma redução nos níveis séricos das fêmeas nos três grupos, de 20,03% no grupo 2, 22,07% no grupo 3 e 33,61% e no grupo 4. Nas dosagens do sexto mês também houve redução dos níveis séricos de uréia das fêmeas de 20,34% no grupo 2, 25,99% no grupo 3 e 4,33% no grupo 4.
Nos machos houve um aumento nos níveis de uréia no terceiro mês de 17,47% no grupo 2, 9,68% no grupo 3 e 1,61% no grupo 4. Também os machos mantiveram o aumento nos níveis séricos de uréia no grupo 2 de 87,47%, no grupo 3 de 76,45% e no grupo 4 de 92,98%.
Nas dosagens de creatinina no terceiro mês houve redução dos níveis séricos tanto das fêmeas grupos 2-(14,54%), 3-(20%) e 4-(40%), quanto aos machos grupos 2-(4,35%), 3-( 21,73%) e 4-(19,56%). Nas dosagens do sexto mês de níveis de creatinina houve redução dos níveis nas fêmeas grupos 2-(11,11%), 3-(4,17%) e 4-(29,17%) e um aumento nos níveis dos machos grupo 2-(79,49%), 3-(28,20%) e 4-(23,08%). Pode-se concluir que todos os parâmetros foram afetados pelas doses diferentes de bixina. Agências financiadoras:FAPEMIG, CAPES