Rosimar Regina da Silva (PG)1, Tania Toledo de Oliveira (PQ)1, Tanus Jorge Nagem (PQ)2, Aloisio da Silva Pinto(PQ)3, Luiz Fernando Teixeira Albino (PQ)4, Márcia Rogéria de Almeida (PQ)1, George Henrique Kling de Moraes (PQ)1.
1-Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular-UFV-MG, 2-Departamento de Química-UFOP-MG, 3- Departamento de Veterinária- UFV- MG, 4 Departamento de ZootecniaUFV-MG,
palavras-chave: rutina, naringina, colesterol
Dados do perfil de mortalidade no Brasil indicam que as doenças cardiovasculaes representam a primeira causa de morte da população. Dentre as patologias pertencentes ao grupo das doenças coronarianas, a doença cardiovascular aterosclerótica tem sido, atualmente, considerada problema de saúde pública no Brasil, tendo em vista o seu papel no perfil de mortalidade e as alterações patológicas que acarretam. Numerosas populações estudadas mostraram que uma elevada concentração de colesterol total ou colesterol-LDL no plasma, constitui um maior fator de risco para o aparecimento da aterosclerose, o que faz da investigação lipídica um dos campos mais importantes para o controle de uma patologia, que é sem dúvida, uma das principais causas de morte no mundo moderno.
Flavonóides são pigmentos fenólicos de plantas que possuem várias atividades biológicas, sendo que muitos destes estão associados com prevenção de doenças crônicas como câncer e hiperlipidemia. Há evidências de que flavonóides podem interagir e penetrar nas bicamadas lipídicas das membranas, mostrando que estes podem alterar as barreiras destas membranas. Estes efeitos podem explicar diversos fatores, como conformação e lipossolubilidade de drogas. Os flavonóides, alterando a permeabilidade das membranas celulares, podem ser um fator crítico na explicação de muitas das suas atividades biológicas. Flavonóides também modulam a resistência dos vasos sanguíneos, causando um aumento na fluidez lipídica.
Diante das evidências, a redução do colesterol plasmático torna-se de grande importância para o controle da doença aterosclerótica.
Tendo em vista as mudanças dos hábitos alimentares, que devido às oscilações da economia houve um grande aumento do consumo de aves pelas diversas camadas da população em geral, e que apesar de elevado teor proteico, também é rica em gorduras, o que pode levar a um aumento dos níveis de lipídeos comprometendo a saúde humana. Assim, o presente trabalho foi elaborado com o objetivo de estudar o efeito dos flavonóides rutina e naringina no controle do metabolismo lipídico em aves tratadas com gordura de suínos.
Para realização do ensaio biológico foram utilizadas aves da linhagem Aviam Farms, machos, com um dia de vida, pesando em média 39g, os quais receberam ração e água ad libitum por 21 dias. Neste trabalho foram constituídos 4 grupos; de modo que a média dos pesos entre eles fosse a mais próxima possível; contendo cada um 80 animais, sendo estes divididos em 4 boxes:
GRUPO 1-(Ração), GRUPO 2-(Ração + Gordura de Suíno), GRUPO 3- (Ração + Gordura de Suíno + rutina), GRUPO 4-(Ração + Gordura de Suíno + naringina). Os flavonóides rutina e naringina foram administradas via dieta, diariamente, sendo fornecidos 20 mg de substância por ave por dia. As amostras de sangue destas aves foram coletadas por punção cardíaca no 10 , 70 , 140 e 210 dias, para posterior dosagens de colesterol total, triacilgliceróis, e colesterol-LDL. As amostras foram centrifugadas a 7100G, durante 15 minutos, para obtenção do soro. As dosagens sorológicas foram efetuadas em equipamento Alizé (Analisador automático de bioquímica ) e os resultados foram expressos em mg/dl e deste foram calculadas as percentagens de variação comparando-se os grupos 3 e 4 com o grupo 2. .
De acordo com os resultados obtidos em percentagens de variação para os níveis de colesterol tem-se que: o grupo 3 obteve uma redução de colesterol de 4,8% na terceira semana de tratamento e o grupo 4 uma redução, na primeira semana de 14,1%, na segunda semana 8,3% e na terceira semana de 9,5%.
Para os níveis de triacilgliceróis, houve uma redução de 5,6% na segunda semana para o grupo 3. Já o grupo 4 teve uma redução de triacilgliceróis de 5,5% na segunda semana e 8,1% na terceira semana.
Em relação aos níveis de Colesterol-LDL para o grupo 3 houve uma redução de 39,5% na primeira semana, 23,5% na segunda semana e 12,5% na terceira semana. Para o grupo 4, obteve-se uma redução de 41,9% na segunda semana e 12,5% na terceira semana. A digestão de nutrientes em aves é bastante diferenciada das outras espécies devido a várias particularidades de metabolismo. Os alimentos após lubrificados na saliva passam ao esôfago e daí a moela mas podem ser interrompidos no papo onde são depositados para posterior utilização. No papo existe uma rica flora bacteriana constituída principalmente de Lactobacillus acidophillus, além de outras bactérias. A absorção de glicose bem como de ácidos orgânicos em particular ácido láctico e outros ácidos graxos podem ocorrer pela parede do papo. Deste modo, pode ocorrer uma pré-digestão de carboidratos no papo. Nas aves, o proventrículo é o órgão especializado na secreção do suco gástrico. No suco duodenal estão presentes as enzimas amilase, protease e invertase. A secreção pancreática já contem enzimas do metabolismo lipídico tais como a lipase e outras enzimas do metabolismo geral. Como as aves não têm vesícula biliar, a sua secreção é contínua e de cerca de 1ml/hora.Também a secreção intestinal contém lipase, proteases, dissacaridases. Alguns estudos mostram que o nível de colesterol aumentado em dietas de frangos provocou acréscimo desse componente no fígado e fez diminuir a quantidade de fosfolipídeo. A explicação apresentada é que o colesterol é preferencialmente esterificado com ácidos graxos poliinsaturados integrantes dos fosfolipídeos e aumentando este nível no fígado parte dele cairá na circulação.
Ainda segundo a literatura observa-se que o aumento da gordura animal, na suplementação de rações tendem a aumentar a quantidade de gordura depositada na carcaça. Sabe-se que a composição de toucinho contém 39,2% de ácidos graxos saturados, 45,1% de ácidos graxos monoinsaturados e 11,2% de ácidos graxos poliinsaturados, contém ainda 0,09% de colesterol. Pode-se concluir que as substâncias testadas apresentaram ação hipolipidêmica.
Agências financiadoras: FAPEMIG, CNPq.