DETERMINAÇÃO DO SALBUTAMOL EM MEDICAMENTOS POR ELETROQUIMIOLUMINESCÊNCIA

Cleber Antonio Lindino1,2 (PG) e Luis Otávio Bulhões2 (PQ)

1 Faculdade de Farmácia e Bioquímica e Faculdade de Ciências Agrárias- UNOESTE/Presidente Prudente

2LIEC – Depto. de Química – Universidade Federal de São Carlos


Palavras chave: salbutamol, eletroquimioluminescência, medicamentos.


INTRODUÇÃO

A qualidade, a segurança e a eficácia dos produtos farmacêuticos são uma preocupação constante das autoridades sanitárias em todos os países [1]. O salbutamol é um estimulante beta-adrenérgico capaz de promover uma broncodilatação eficaz, sem estimulação cardíaca significativa, sendo muito utilizado no tratamento da asma.

Neste trabalho procurou-se quantificar o salbutamol em medicamentos através da quimioluminescência eletrogerada, onde a emissão de luz é modulada aplicando-se potenciais de oxidação em um eletrodo imerso em soluções contendo o Ru(bipi)32. A aplicação em sistemas por injeção em fluxo permitiu um maior controle da intensidade de emissão, reduzindo a quantidade de reagentes e permitindo maior agilidade nas determinações.


MÉTODO

Os reagentes utilizados foram grau analítico. A água utilizada foi purificada por destilação e pelo sistema Milli-Q da Milli-Pore. O complexo Ru(bipi)3Cl2. 6H2O foi sintetizado a partir do RuCl3 [2].

Utilizou-se um potenciostato PAR da EG&G 283. O sistema para as medidas de luminescência é constituído por uma fotomultiplicadora SSR Instruments modelo 1151, de um eletrômetro de 5 1/2 dígitos Keithley modelo 616, uma fonte de 800 V feita em nosso laboratório e uma plotter HP 7090.

O sistema em fluxo é constituído de uma bomba peristáltica Ismatec ISM 761, um injetor de 4 vias em acrílico e tubos de Tygon (Cole Parmer). A célula de fluxo foi construída em acrílico, com três eletrodos: referência Ag/AgCl/KCl 3 M, trabalho disco de platina (A = 0,2 cm2) e contra-eletrodo de aço inox. A solução tampão utilizada foi o tampão Britton-Robinson, com o valor de pH 9,10 (valor ótimo para este sistema) com força iônica final de 2,91 mol L-1.


RESULTADOS

O salbutamol sofre oxidação irreversível no potencial de 0,91 V, sendo que o complexo de rutênio sofre oxidação no potencial de 1,1 V. Os processos de oxidação do complexo e do grupo amino, presente no salbutamol, originam as reações de formação de radicais que levam à emissão luminescente, cuja intensidade é proporcional à quantidade do salbutamol em solução. Otimizadas as condições de análise foi possível obter uma faixa de trabalho linear entre as concentrações de 1 x 10-5 mol L-1 e 1 x 10-4 mol L-1 (figura 1).

Figura 1 Figura 2


Figura 1: Curva da resposta luminescente para o salbutamol. T = 22,0 °C. Tampão pH 9,1, potencial aplicado de 1,1 V, com alça de amostragem de 470 mL, veloc. de fluxo de 4,24 mL min-1, [Ru(bipi)32+] = 1 mmol L-1.


Figura 2: Recuperação em amostras de medicamentos para o salbutamol. 1-3 são amostras de comprimido, 4-6 são amostras de xarope e 7-9 são amostras de aerossol.


O coeficiente de correlação obtido foi de 0,998 com desvio padrão médio de 1,9 %. A repetibilidade apresentou erro relativo de 2 % e a reprodutibilidade um erro relativo de 3 %. Amostra de medicamentos contendo salbutamol em diferentes apresentações (comprimido, xarope e aerossol) foram analisadas, calculando-se a taxa de recuperação, entre 97,8 e 104,5 % para comprimido e entre 101,5 e 103 % para aerossol (figura 2). A recuperação para o xarope é baixa, da ordem de 51 %, devido aos aditivos do veículo (aromatizantes e corantes).


CONCLUSÃO

O método da quimioluminescência eletrogerada pode ser utilizado na detecção e quantificação do salbutamol em medicamentos, visando o controle de qualidade e investigação de falsificações.


BIBLIOGRAFIA

1.- Boas práticas para a fabricação de produtos farmacêuticos, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária, Brasília, 1994.

2.- John Broomhed e Charles Young, in Inorganic Syntheses, Vol. XXI, editado por John Fackler, John Wiley and Sons, N.Y., 1982, 127-128.

3.- Boyd, D.; Rodriguez, J. R. B.; Ordieres, A. J. M.; Blanco, P. T. e Smyth, M. R.; Analyst, 119, 1994, 1979-1984.



Os autores agradecem o suporte financeiro da FAPESP e do CNPq.