qUalificação de professores de química em conteúdos e metodologias – programa pró ciências


Rosana de Cassia de Souza Schneider (PQ), Wolmar Alípio Severo Filho (PQ)


Universidade de Santa Cruz do Sul – Depto. de Química e Física - UNISC


Palavras-chave: Pró ciências, formação de professores, qualificação


Considerando o cenário atual do ensino médio no que diz respeito à falta de adequação profissional dos professores frente ao desenvolvimento científico e tecnológico e à carência de professores na área de Ciências Exatas, sentimos a necessidade de propiciar a estes profissionais a oportunidade de rever conteúdos e ter contato com metodologias e propostas de ensino numa perspectiva de conhecimento aplicado.

Desta forma a proposta do Programa Pró Ciências, convênio CAPES/FAPERGS, veio ao encontro da formação continuada que de uma certa forma auxilia o professor de ensino médio, atualizando e oportunizando momentos para repensar a sua prática profissional.

Na região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, onde ocorreram duas edições dos cursos de educação continuada vinculados ao programa, buscou-se desenvolver o espírito da pesquisa integrada ao processo ensino aprendizagem, propiciar o encontro e discussões sobre ensino de química e principalmente intensificar a relação teoria-prática dos conteúdos de química do ensino médio.

O curso foi desenvolvido em 160 horas, culminando na apresentação de uma proposta de laboratório para a escola da qual cada participante era oriundo, e um seminário de avaliação visando dar indicativos da qualidade do curso e das perspectivas futuras para novas edições de cursos de formação continuada.

Com estes objetivos, selecionou-se conteúdos a serem desenvolvidos por 10 professores universitários que tiveram o desafio de desenvolver a informação de forma que elas chegassem aos estudantes de ensino médio.

Dos professores de ensino médio que participaram, salienta-se que 80% atuam 40 ou mais horas semanais em sala de aula e a maioria tem pouco tempo de serviço como professor, sendo 67% com menos de 5 anos, 6% de 5 a 10 anos e 27% de 10 a 15 anos.

Temas como compostos químicos com atividade biológica, produtos naturais, química da água e do solo, técnicas de extração e separação, foram bastante apreciados pelos participantes. Entretanto, a volta ao ambiente de laboratório e a possibilidade de receberem informações atualizadas foram os aspectos destacados pelos professores e pelos participantes neste curso do programa.

Segundo a avaliação feita junto aos professores após cada período do curso, verificou-se uma grande satisfação dos mesmos ao descreverem o ambiente criado em sala de aula, muitos questionamentos e aparecimento de propostas de ensino dos conteúdos em questão.

Este aspecto também foi observado, no seminário de avaliação no qual os participantes deram depoimentos como: “O curso obteve sucesso, pois nós contribuímos, com nossa experiência profissional, ansiedades, deficiências, interesse e dedicação. “ ou “ Houve integração e troca de idéias” e ainda “ A maioria dos colegas mostrou-se interessado” entre outros.

Cabe salientar que este quadro de avaliação positiva do programa também foi devido a realização do projeto de laboratório, que recebeu excelentes comentários de todos os participantes, ou seja, 100% de aceitação da proposta.

Cada participante viabilizou em sua escola a possibilidade da química ser desenvolvida como uma ciência experimental. Além disso, a exposição de cada proposta para o grupo foi mais um momento de troca de idéias.

Salienta-se o depoimento: “Gostei muito, o projeto de laboratório me fez ver que eu posso dar aulas experimentais e até consegui muitas coisas para o laboratório de minha escola, pois eu apresentei uma proposta organizada à direção e ela se empenhou junto a Delegacia de Educação, jamais pensei que seria viável.” Outro participante acrescentou “ Vimos que é possível trabalhar como autênticos professores de química com a estrutura que a escola apresenta. Espero com pouco dinheiro, fazer muito.”

A injeção de ânimo que cada participante recebeu durante o curso com certeza gerou algumas alterações de comportamento profissional. Lógico que um programa de educação continuada precisa ser reeditado periodicamente, permitindo que os participantes de uma edição possa participar das edições seguintes.

A limitação na participação foi o grande ponto negativo do programa, pois os professores de ensino médio que participaram anteriormente só poderiam participar sem bolsa.

Entretanto, a surpresa foi que a predominância de participantes recém formados enriqueceu as atividades, pois eles têm mais vontade de mudar a realidade das escolas, e participam com mais interesse no curso, inclusive propuseram-se a continuar se reunindo para troca de idéias.

Restam alguns questionamentos quanto a continuidade de investimento na formação de professores do ensino médio. Por outro lado, a necessidade de atualização destes professores que participaram pode não ser a realidade dos professores da regiâo do Vale do Rio Pardo. E por último, será que a vontade de mudar a prática profissional vai realmente superar as dificuldades que o dia-dia impõe a quem trabalha 40 horas-aula, com um grande número de alunos em sala de aula?


CAPES/FAPERGS