UMA ABORDAGEM PARA A DISCIPLINA DE QUÍMICA GERAL EXPERIMENTAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM QUÍMICA.
Ana Lúcia Becker Rohlfes (PQ), Rosana de Cassia de Souza Schneider (PQ),
Nádia de Monte Baccar (PQ)
palavras-chave: ensino de química, cotidiano, habilidades
O ensino de Química passa por uma reestruturação nos diversos níveis, desde o ensino fundamental até o ensino superior, exigindo que os professores repensem sua prática profissional. Assim, as mudanças necessárias passam por alterações no âmbito dos estudos teóricos e experimentais, que na maioria dos cursos de nível superior apresentam-se em disciplinas separadas.
Quanto as disciplinas experimentais, a adequação envolve a seleção de atividades e metodologias que sejam programadas conforme, as habilidades que pretende-se explorar, o tempo disponível, a aplicabilidade na formação integral dos estudantes e a relação da mesma com a realidade local ou regional, para que esta disciplina contribua efetivamente na formação profissional.
Devido a esta necessidade, introduziu-se na disciplina de química geral experimental dos cursos de Química Industrial e Licenciatura Plena em Química, uma abordagem aplicada aos experimentos, partindo-se de reagentes, materiais e equipamentos usuais, que normalmente são desconhecidos dos estudantes que ingressam em um curso superior de química.
Com esta estratégia elaborou-se um material didático que visa preparar inicialmente o acadêmico para o comportamento adequado ao ambiente de laboratório e as regras de segurança individuais e coletivas, para que desde o ínicio da formação dos futuros profissionais da área da química haja uma perfeita relação entre as informações e as ações.
Em um segundo momento da disciplina busca-se desenvolver as habilidades científicas em grau crescente de dificuldade, iniciando com atividades básicas, como técnicas de pesagem e de filtração, até o uso de equipamentos específicos, como extratores, evaporadores rotatórios, densímetros eletrônicos, fusiômetros, entre outros.
Outro objetivo da disciplina diz respeito a leitura e redação de procedimentos analíticos, bem como o exercício da discussão dos resultados obtidos nos diversos experimentos, permitindo que os estudantes possam identificar a aplicabilidade dos materiais e equipamentos utilizados, redescobrir algumas leis básicas da química e verificar as fontes de erros que possam ter ocorrido.
Em cada experimento selecionado busca-se a utilização de amostras reais e que explorem a possibilidade de obter-se resultados que identifiquem a interferência da matriz na obtenção de resultados analíticos.
Busca-se também, com o uso de amostras reais, aguçar a curiosidade e mais interesse pela química, pois o acadêmico se depara em um laboratório investigando fenômenos e materiais de uso cotidiano.
Nesta proposta obteve-se como grande resultado, a permanência dos estudantes no curso que escolheram, diminuindo consideravelmente a evasão do início do curso, havendo uma estabilidade no número de alunos matriculados, o que pode ser verificado no gráfico da Figura 1, que representa o nº de alunos matriculados no período de 1992 a 1998.
Neste gráfico observa-se que a partir do momento em que houve a alteração curricular que inseriu a disciplina de Química Geral Experimental, em 1993, a evasão do início do curso reduziu.
Por outro lado, a satisfação demostrada pelos acadêmicos também é um fator relevante, pois inúmeras vezes ocorrem depoimentos que demonstram o quanto estão estimulados. Inclusive dependendo do experimento que estava sendo realizado, havia a interação dos estudantes ao ponto de sugerirem modificações na aula programada.
Em algumas atividades ocorre o encadeamento com as atividades anteriores, dependendo dos resultados, materiais e equipamentos que estão sendo usados. O que permanece inalterado na disciplina é a proposta de quais habilidades, materiais e equipamentos serão apresentados e explorados pelos acadêmicos.
A análise dos fatos que ocorrem no ambiente de laboratório, onde os alunos que inicialmente são desconhecidos, partindo de nenhuma relação professor-aluno e aluno-aluno, criam um vínculo de conhecimento compartilhado produtivo no processo ensino-aprendizagem.
Finalizando, este perfil de disciplina experimental, exige do acadêmico e do professor o empenho necessário para gerar novas posturas que vão se refletir na vida acadêmica e conseqüentemente no dia a dia da atuação profissional destes futuros químicos industriais ou licenciados.
Figura 1: Gráfico do nº de alunos matriculados no período de 1992 a 1998.
UNISC