FRACIONAMENTO QUÍMICO DE FÓSFORO NOS SEDIMENTOS DO ESTUÁRIO DO BACANGA, SÃO LUIS-MA


Luciana Protazio Barbosa(PG)1,Sônia Maria C.N.Tanaka(PQ)2, Paulo Roberto S.Cavalcante(PQ)3 e Carmen Lúcia M.Serra(PQ)3


1Pós graduação em química, 2Departamento de Tecnologia Química, 3Departamento de Oceanografia e Limnologia .

Universidade Federal do Maranhão

E-mails: sonia@ufma.br / labohidro@ufma.br


Palavras chaves: fósforo, sedimento, fracionamento


INTRODUÇÃO : O sedimento constitui um compartimento importante na avaliação da intensidade e formas de impactos a que os ecossistemas aquáticos estão ou estiveram submetidos, uma vez que realizam constantes trocas de nutrientes e outras substâncias poluentes ou não com a coluna d’água(FORSTNER ,1989). O papel do sedimento como fonte ou depósito de fósforo tem sido discutida por diversos autores(GOLTERMAN et al,1990;LOPEZ,1991)que enfatizam a relação existente entre a composição dos sedimentos e o fosfato a ele ligado, de modo a prever o potencial deste compartimento em liberar este nutriente para a fase aquosa.

Neste trabalho foram determinadas as formas de fósforo nos sedimentos do estuário do Bacanga, correlacionando seus níveis às atividades antrópicas e fatores ambientais da área de estudo.

MATERIAIS E MÉTODOS: Perfis de sedimentos foram obtidos em três estações de coleta distribuídas ao longo do rio Bacanga, através de tubos de PVC. Os perfis foram seccionados em intervalos de 2 cm, secos a 120ºC e em seguida caracterizados quanto às formas de fósforo utilizando-se o procedimento proposto por WILLIAMS et al. (1976), o qual distingue operacionalmente as seguintes fases: fósforo total(PT),fósforo apatítico(PA), fósforo inorgânico não apatítico(PINA).O fósforo orgânico(PO) foi obtido pela diferença entre o fósforo total e o fósforo inorgânico.

RESULTADOS: As concentrações de fósforo total e de suas diferentes fases geoquímicas são apresentadas nas tabelas 1,2 e 3.


Tabela 1: Distribuição das formas de fósforo expressas em mg P/g nos sedimentos da estação 1(Rio das Bicas)

Profundidade (cm)

PT

PINA

PO

PA

0-2

712,0

299,7

237,3

260,8

2-4

750,9

286,3

294,8

251,6

4-6

876,7

353,3

263,3

361,1

6-8

895,1

335,5

228,7

327,4



Tabela 2: Distribuição das formas de fósforo expressas em mg P/g nos sedimentos da estação 2(próxima à vala da Macaúba)

Profundidade (cm)

PT

PINA

PO

PA

0-2

984,5

590,6

270,5

309,0

2-4

772,0

401,4

243,9

241,4

4-6

959,0

529,5

333,5

247,3

6-8

1.160,5

383,1

488,2

273,6


Tabela 3: Distribuição das formas de fósforo expressas em mg P/g nos sedimentos da estação 3(Lago)

Profundidade (cm)

PT

PINA

PO

PA

0-2

432,6

83,8

247,1

101,6

2-4

398,6

76,2

220,0

102,4

4-6

419,3

92,5

216,0

110,8

6-8

503,5

104,1

293,9

105,4


Os resultados obtidos mostram que os níveis de fósforo são elevados, sendo mais pronunciados na estação 2 que recebe uma maior carga de efluentes domésticos “in natura”. O fósforo orgânico e o fósforo inorgânico não apatítico foram as fases que apresentaram os maiores valores refletindo possivelmente os despejos urbanos na estação 2, bem como também devido à presença de vegetação marginal(mangues) que encontra-se mais desenvolvida na estação 1.O fósforo apatítico apresentou variações horizontais e verticais significativas refletindo o 'background" local e a mobilidade desta fase do fósforo. O PO mostrou um ligeiro aumento nas camadas mais inferiores, o que denota uma menor taxa de remineralização da matéria orgânica em profundidade e uma menor remobilização de fósforo. As concentrações de fósforo na estação 3 refletem os menores níveis deste nutriente representando, dentre os pontos analisados, a área com menor influência antropogênica.

CONCLUSÃO

A predominância das frações geoquímicas mais biodisponíveis e mobilizáveis do fósforo(PINA e PO) nas áreas submetidas à intervenção antrópica indicam um estoque importante deste nutriente no sedimento, passível de ser liberado para a fase aquosa e implementar o processo de eutrofização no meio estudado.

REFERÊNCIA

  1. FORSTNER,U., Contaminated sediments lectures, notes in earth sciences nº 21.Springer-Verlag,Berlim (1989).

  2. GOLTERMAN H.L., & GROOT,C.J. Sequential fractionation of sediment phosphate. Hidrobiologia,192,143-148(1990)

  3. LOPEZ,P. Sedimentry phosphorus dynamics in epicontinental systems: a literature review.Oecol.aquat.(1991)

  4. WILLIAMS,J.D.H; JAQUET,J.M. & THOMAS,R.L. Forms of phosphorus in the surficial sediments of Lake Erie.J.Fish.Res Bd can.33: 430-439 (1976)

[CNPq]