OXIDAÇÃO ELETROQUÍMICA DO DIPIRIDAMOL EM ACETONITRILA
Marilza Castilho (PG), Adaíla M. P. Almeida (PG), Luiz E. Almeida (PG), Marcel Tabak (PQ) e Luiz H. Mazo (PQ)
Instituto de Química de São Carlos - Universidade de São Paulo
Cx.P. 780 CEP 13560-970, São Carlos-SP
INTRODUÇÃO
O Dipiridamol (DIP), 2,6-bis(dietanolamina)-4,8-dipiperidinapirimida-[5,4-d]pirimidina, apresenta efeito vasodilatador e antiagregante plaquetário, sendo amplamente usado no tratamento e profilaxia de reinfarto do miocárdio e enfermidades tromboembólicas e suas complicações. Além deste efeito, há relatos, do DIP possuir atividade antioxidante [1], bem como o de co-ativador de substânciais antitumorais. Dessa forma o DIP é uma molécula biológica de importância em face de sua vasta aplicação. No entanto poucos estudos eletroquímicos tem sido reportados e, em particular, esses trabalhos não procuram associar os dados obtidos aos efeitos biológicos.
Neste sentido estudos utilizando técnicas eletroquímicas, métodos eficazes de extração e separação bem como de caracterização, estão sendo realizados no estudo da oxidação do DIP, visando contribuir para a elucidação do mecanismo de atuação do DIP como antioxidante.
EXPERIMENTAL
Os voltamogramas cíclicos foram registrados utilizando ultramicroeletrodo (UME) de Pt (f=25mm) como eletrodo de trabalho e Ag°/Ag+ (0,01molL-1 Ag+,ACN) como referência. A instrumentação utilizada consta de um Programador Universal EG&G PARC Mod. 175, Picoamperímetro - Keithley Mod. 428, um Osciloscópio Nicolet Mod. 310, conectados a um microcomputador IBM-PC. Os experimentos de eletrólise a potencial controlado, foram realizados em uma célula de 3 compartimentos com capacidade para 10mL, como ânodo foi utilizado uma placa de Pt de 4,2cm2 de área, usando um Polarógrafo EG&G-PARC, mod. 174-A. Utilizou-se soluções com DIP 0,5mmolL-1 e LiClO4 0,1molL-1 em ACN.
Espectros de absorção óptica foram obtidos em um espectrofotômetro Hitachi U-2000. Espectros de emissão de fluorescência foram obtidos em um espectrofluorímetro JASCO FP-777, usando cubeta de quartzo, de caminho ótico 1mm, orientada a 45°. A solução eletrolisada foi analisada por HPLC em aparelho Shimadzu C-R4A. Utilizou-se uma coluna C18, fase reversa (Licrosorb 250 x 4,6 mm; 10m) em modo de eluição isocrático com H2O:MeOH 7:3 (v/v), com vazão de fluxo: 1,0mLmin-1. As frações coletadas ao final da análise cromatográfica foram evaporadas sob pressão reduzida e posteriormente analisadas por RMN, absorção óptica e fluorescência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os voltamogramas cíclicos do DIP em solvente orgânico aprótico, ACN, são caracterizados por duas ondas, que correspondem a perdas consecutivas de um elétron por etapa num processo quasi-reversível[2]. Os valores de E1/2 são de 120mV e 400mV, de acordo com a Fig.1. A oxidação na 1a e 2a onda é acompanhada pela diminuição na intensidade de fluorescência emitida pelo DIP e mudanças significativas no espectro de absorção óptica, com o aparecimento de novas bandas centradas a 360 e 500-520nm associadas ao cátion radical, e uma redução significativa das intensidades das bandas em 280 e 400nm.
A solução eletrolisada e analisada por HPLC apresentou 4 picos principais como mostram os cromatogramas na Fig.2, antes (A) e após (B) a eletrólise. P1 (tR=2,5min) é atribuído ao LiClO4 remanescente da fase de extração, e P2 (tR=4,1 e 5,1); P3 (tR=11,3) e P4 (tR=20,7min), monitorados em 260nm, aos produtos de oxidação do DIP. Os espectros de UV-Vis das 3 amostras coletadas, P2,P3 e P4, mostram apenas ombros em 530nm, 460nm e 260nm, sendo que a absorção em 260nm é cerca de 30 vezes maior que a absorção no visível. Espectros de RMN, estão sendo analisados e novas preparações estão em andamento para obtenção de quantidades maiores dos produtos da eletrólise.
(A)
Figura 1. Varreduras anódicas de potencial, DIP 0,5mmolL-1, UME Pt f=25mm.
(B)
Figura 2. Cromatogramas (A) antes e (B) após eletrólise + 650mV.
CONCLUSÕES
A oxidação eletroquímica do DIP em ACN revela duas ondas de oxidação. A eletrólise no potencial da segunda onda gera 3 produtos principais que estão sendo analisados por HPLC.
[1] Pedulli, G.F. et.al. Free Rad. Biol & Medicine, 26, n.3/4, 295-302, 1999.
[2] Almeida, L.E., Castilho, M., Mazo, L.H., Tabak, M. Anal. Chim. Acta, 375, 223-231,1998.
AGRADECIMENTOS