UTILIZANDO O CONHECIMENTO QUÍMICO E BIOLÓGICO PARA A VALORIZAÇÃO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS NO CONSUMO DE ALIMENTOS



Maria do Socorro Catão de Arruda Reis1 (FM) Severina Siloneide de Souza2 (FM) Arnaldo Rabelo de Carvalho3 (PQ) Carmita Freitas Portela3 (PQ)


1 Escola Oliveira Lima – Recife - PE, 2 Escola Simon Bolivar – Jaboatão - PE

3 Departamento de Química Fundamental – Universidade Federal de Pernambuco


palavras-chaves: ensino-apredizagem, ensino médio, alimentos


Nos últimos anos vem se observando uma preocupação crescente com o nível de ensino/aprendizagem não só em química, mas nas ciências de um modo geral. Pesquisas realizadas com alunos do ensino médio mostram a química como uma disciplina não atraente e cuja importância não é percebida por eles.[1]

Numa tentativa de enfatizar a importância da aprendizagem das ciências, realizou-se um trabalho interdisciplinar com alunos da Escola Oliveira Lima (EOL) e da Escola Simon Bolivar (ESB), ambas pertencentes à rede de ensino público do Estado de Pernambuco, onde a metodologia adotada envolve os alunos na busca de informações sobre assuntos do cotidiano. Nesta busca de informações e na sala de aula, junto aos colegas e professor, o aluno recebe subsídios para compreender a importância de um estudo interdisciplinar envolvendo química e biologia e de suas aplicações no cotidiano.

Esta investigação foi idealizada ao se observar que os alunos, na hora do lanche, tinham grandes preferências pelo consumo de alimentos industrializados. Também notou-se a crescente preferência pela alimentação fora do domicílio. Observou-se ainda que a qualidade dos alimentos escolhidos está diminuindo, pois com o crescimento de lanchonetes e “fast food”, tem-se um alimento saboroso, rico em proteínas, carboidratos e gorduras, porém pobre em vitaminas, minerais e fibras.[2]

Este estudo visa identificar os hábitos alimentares dos alunos, valorizar uma alimentação natural e de preferência caseira, assim como mostrar-lhes a importância de cada grupo alimentar e como a alimentação está relacionada com a tecnologia, através dos métodos de conservação dos alimentos.

Este trabalho foi realizado com cinco turmas das 2as séries da EOL, perfazendo um total de 113 alunos de ambos os sexo; destas turmas uma é do turno da tarde, com alunos que não trabalham e têm idade variando de 15 a 18 anos e as outras quatro turmas são do turno da noite, com alunos que trabalham e têm idade superior a 18 anos. Também foram pesquisados 32 alunos de ambos os sexos da ESB, distribuídos em duas turmas das 2as séries do turno da tarde. Esses alunos, com idade variando entre 15 e 25 anos, em sua maioria não trabalha e faz suas refeições básicas em casa. Para identificar os hábitos alimentares dos alunos, aplicou-se, inicialmente, um pré-teste com dezessete questões. A partir da análise do pré-teste, realizou-se intervenções didáticas onde foram trabalhados os seguintes conteúdos: nutrição e alimentação, os principais grupos alimentares (carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, água e sais minerais), aditivos e conservantes.

Na intervenção das turmas da EOL os alunos, trabalhando em grupos de 4 a 5, realizaram: pesquisas bibliográficas, apresentação de seminários, debate entre eles e debate entre alunos e professor.

Na intervenção das turmas da ESB os alunos, trabalhando individualmente, realizaram: pesquisas bibliográficas, elaboração de textos, estudo dirigido sobre os alimentos consumidos com maior freqüência e debate sobre os alimentos industrializados.

Após esta vivência em sala de aula, aplicou-se o pós-teste em ambas as escolas.

A categorização dos dados obtidos no pré-teste e no pós-teste foi feita elaborando-se tabelas percentuais e gráficos para auxiliar a análise dos resultados e melhor visualização dos mesmos.

Os resultados da EOL mostram mudanças bastante significativas na escolha dos alimentos como também nas suas justificativas. Notou-se que os alunos passaram a dar preferência a alimentos mais nutritivos, bem como a reconhecer o valor nutricional deles. Por exemplo, houve uma diminuição no consumo de coxinha e um aumento no de frutas. Para verificar se houve realmente mudança nos hábitos alimentares dos alunos, ou se eles simplesmente estavam respondendo às perguntas só teoricamente, foi aplicado um novo questionário. Esse teste adicional serviu como suporte e esclarecimento para o pós-teste. Foi verificado que 15,9% dos alunos mudaram de hábitos alimentares. Dos 84,1% que não mudaram de hábitos alimentares, 27,6% não se interessou em mudar de hábito, 19,8% não interessa mudar seus hábitos, 11,9% não divulgou ou repassou os conhecimentos em casa, 8,9% os habitantes da casa não concordaram com a mudança e 15,8% não mudou por razões econômicas.

Já os alunos da ESB passaram apenas a recomendar uma alimentação pelo seu valor nutritivo, sem mudar seus hábitos. Para verificar a razão de não ter havido mudanças significativas nos hábitos alimentares desses alunos, um novo teste foi aplicado, sendo observado que: 29,2% não interessa mudar de hábito, 16,7% não se interessou de mudar de hábitos, 16,7% não mudou por razões econômicas, 12,5% não divulgou ou repassou os conhecimentos em casa, 8,3% os habitantes da casa não concordaram com a mudança e 16,7% não mudou por outras razões. O fato de todos os alunos responderem este teste confirma a conclusão obtida anteriormente de que não houve mudança nos hábitos alimentares dos alunos da ESB.

Concluindo, diferenças na faixa etária dos alunos e nas intervenções didáticas realizadas, possivelmente contribuíram para a divergência do comportamento observado quando se comparam os resultados obtidos nas duas escolas.

CAPES/FACEPE/UFPE

Referências Bibliográficas

  1. LUTFI, Mansur. Cotidiano e Educação em Química. Ijuí: Livraria Unijuí Editora, 1988.

  2. ORTIGOZA, Sílvia Aparecida Guarnieri. O fast food e a mundialização do gosto. In: Revista do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação, NEPA/UNICAMP, Caderno de Debates, Vol. V, Campinas, 1997.