DETERMINAÇÃO VOLTAMÉTRICA DE METAIS PESADOS EM AMOSTRAS DA BAÍA DE BABITONGA

Ligia Catarina Mello (PG); Dilson R. Zanette (PQ), Marcelo S. Fernandes (IC) e Ivanise M. Rizzatti (IC)

Universidade Federal de Santa Catarina, CFM, Departamento de Química, Florianópolis, SC, 88040-900

Palavras-chave: metais, voltametria de redissolução anódica, irradiação UV

A determinação de metais pesados tem merecido grande atenção ultimamente, devido a fatores tais como toxidade, riscos de contaminação e distribuição dessas espécies no meio ambiente.^1,2 Vários metais ocorrem em águas naturais, em concentrações muito baixas. Nestes casos, são recomendadas técnicas de análise mais sensíveis, como a Voltametria e a Potenciometria de Redissolução.¹ Devido a presença de matéria orgânica dissolvida na água do mar e em outros ambientes aquáticos naturais, os metais pesados ocorrem na forma complexada, tornando-se menos reativos ou não-lábeis. Para minimizar essa interferência e otimizar os resultados da análise voltamétrica, é necessário que se proceda a destruição da matéria orgânica. A digestão por irradiação ultravioleta tem sido uma alternativa para esta finalidade.³

O objetivo principal deste trabalho é identificar e determinar os metais pesados, presentes em amostras naturais da Baía de Babitonga, localizada entre os municípios de Joinville, São Franscisco do Sul, Araquari e Garuva. A Baía apresenta características que favorecem sua exploração turística, além de ser uma fonte de recursos naturais para as populações vizinhas.

As coletas foram realizadas no mês de novembro de 1999, em águas superficiais e acondicionadas em frascos de polietileno lavados previamente. Em seguida, filtradas em bomba de vácuo, utilizando-se filtros com porosidade média de 0,45 mm. Empregou-se a técnica Voltamétrica de Redissolução Anódica (VRA). A aparelhagem empregada constou de: potenciostato modelo 263A da Princeton Applied Research (PAR), interfaciado a um microcomputador 486 DX100; célula voltamétrica de vidro (com aproximadamente 10 mL de amostra a pH 2, acidificada com HNO₃ 1M); eletrodo de trabalho de mercúrio de gota pendente (EMGP), eletrodo de referência de Ag/AgCl (NaCl 3M) e contra-eletrodo de fio de platina.

Os parâmetros utilizados nas análises foram: potencial de condicionamento de –1,200 V, varreduras entre –1,000 e –0,1500 V, tempo de condicionamento de 300 s e velocidade de varredura de 50,0 mV/s. As amostras não irradiadas apresentaram muitos ruídos, devido à complexação dos metais pela matéria orgânica. Portanto, efetuou-se irradiação, durante quatro horas, em uma fonte de UV, constituída por uma lâmpada de vapor de mercúrio (HPL-N Phillips, 125W), de alta pressão, com o bulbo externo removido. As soluções-padrões dos metais adicionados foram diluídas em água desionizada.

A Tabela abaixo evidencia os resultados das análises de três amostras irradiadas. A Figura nº 1 apresenta o voltamograma e a curva de corrente contra concentração, para o chumbo (concentração de metal total), na Amostra nº 1.

Tabela n^o - 01 – Dados de análises das amostras irradiadas nº 1, 2 e 3.

Figura 1 – Amostra n^o 1: - Voltamogramas de redissolução anódica com adição de padrão de chumbo: a- amostra; b- 3 nM, c- 6 nM, d- 8 nM. - Gráfico referente a concentração de chumbo. O valor encontrado foi de 3,59 nM (R=0,9995).

As técnicas utilizadas mostraram-se eficientes na determinação da concentração de metal total nas amostras. Portanto, o monitoramento deste ambiente possibilitará um trabalho voltado para a determinação de metais pesados na Baía de Babitonga, que em virtude da sua localização acolhe o esgoto doméstico e os efluentes industriais das regiões urbanas, além de material poluente proveniente do Porto de São Francisco do Sul.

Bibliografia

1. Fischer, E. e van den Berg, CMG (1999). Anal. Chim. Acta, 385: 273-280.

2. Belli, SB e Zirino, A. (1993). Anal. Chem., 65:2583-2589.

3. Achterberg, EP e van den Berg, CMG(1994). Anal. Chim. Acta, 291: 213- 232.

[Depto de Química - UFSC]