CICLOPEPTÍDEOS ISOLADOS DE DISCARIA FEBRIFUGA MART


Sandro Rogério Giacomelli1 (PG), Fabiana Cristina Missau1 (IC), Marco Aurélio Mostardeiro1 (PG), Wellington de Abreu Gonzaga1 (PG), Emília Machado Dessoy1 (PQ) e Ademir Farias Morel1 (PQ).


1. Núcleo de Pesquisas em Produtos Naturais - Departamento de Química - Centro de Ciências Naturais e Exatas - Universidade Federal de Santa Maria.


palavras-chave: Discaria febrifuga, rhamnaceae, determinação estrutural


INTRODUÇÃO


Discaria febrifuga é um pequeno arbusto pertencente à família rhamnaceae encontrado no Uruguai, Paraguai, Argentina e sul do Brasil1. Arbusto armado de espinhos, geralmente afilo ou com poucas folhas lineares, deciduas e pequenas flores dispostas em fascículos, brancas, fruto capsula esférica, tricota2. O interesse pela continuação do estudo fitoquímico desta espécie vegetal deve-se ao fato que a casca de sua raiz ser utilizada na medicina popular como agente antitérmico, afecções do estômago, diabete e fortificante, sob forma de chá.


OBJETIVOS


A investigação química de Discaria febrifuga tem como objetivos principais: o isolamento e a determinação estrutural dos metabólitos secundários dos extratos de Discaria febrifuga, através da aplicação de técnicas de RMN de 1H bidimensionais homonucleares tais como NOESY, COSY 1H-1H, RMN de 13C totalmente desacoplado (BB), experimento tipo DEPT 135 e heteronucleares HMQC e HMBC.


MÉTODOS


Cascas de raízes de Discaria febrifuga foram coletadas no mês de janeiro de 1998 no município de Santana do Livramento no estado do Rio Grande do Sul. O material botânico (2800g) foi moída a fino grão, extraído em Soxhlet com metanol. O extrato metanólico (600g) foi suspenso em uma mistura de água-éter etílico (1:1 V/V) acidificado com HCl 2N a pH 1,5 e após extraído com éter etílico (5X 1L). A solução aquosa remanescente foi alcalinizada com NH4OH a pH 9,0 e extraída com éter etílico, resultando em 9g de um sólido denominado fração básica etérea (FBE).

A FBE foi cromatografada em coluna, utilizando-se como suporte sólido sílica gel e HCCl3-MeOH, em gradiente crescente de polaridade, como sistema eluente. Os metabólitos obtidos foram purificados através de cromatografia em placas preparativas usando-se sílica gel 60 PF254.e recristalizações com éter diisopropílico.




RESULTADOS


Deste modo, foi possível o isolamento de três ciclopeptídicos neutros3 denominados de Scutianeno C4,5 [1], Franganeno [2] e Discareno C [3], sendo os dois últimos ainda não descritos na literatura.

Através da analise dos espectros de RMN de 1H uni- e bidimensionais (COSY e NOESY) pôde-se identificar todos os hidrogênios e os acoplamentos através de ligações que definiram os sistemas de spins. As atribuições de sinais, em RMN de 13C, foi possível através dos experimentos de carbono totalmente desacoplado (BB) e experimento DEPT 135 que apresentaram sinais distribuídos numa região espectral entre 14 e 172 ppm. O espectro HMQC confirmou todos os carbonos protonados. Analise do espectro HMBC possibilitou atribuir todas as correlações dos carbonos da estrutura, principalmente os quaternários. Desta maneira, foi possível atribuir as estruturas 1-3 a estes metabólitos





[1] R1= (Me)2CH; R2= CH(OH)C6H5; R3=C6H5.

[2] R1= (Me)2CH; R2= CH2CH(Me)2; R3=(Me)2CH.

[3] R1= C6H5;R2= CH2CH(Me)2; R3= (Me)2CH.


BIBLIOGRAFIA


  1. Reissek, S.; Martius, C.F.R. Flora Brasiliensis 11, 100.

  2. Corrêa, M.P. Dicionário de Plantas Úteis do Brasil. 568, 1978.

  3. Gournelis, D.C.; Laskaris, G.G; Verpoorte, R. Natural Product Reports. 75, 1995

  4. Sierra, M.G.; Mascarretti, O.A.; Merkusa, V.M.; Tosti, E.L.; Rúveda, E.A. Phytochemistry. 13 2865, 1974.

  5. Morel, A.F.; Bravo, R.V.F.; Reis, F.A.M.; Rúveda, E.A. Phytochemistry. 18, 473, 1979.

CAPES, FAPERGS