REDUÇÃO DE ALFA-CETOAMIDAS EMPREGANDO O COMPLEXO BORANA-THF
Biank Tomaz Gonçalves1 (IC), Angelo da Cunha Pinto2 (PQ) & Joaquim Fernando Mendes da Silva1 (PQ)
Departamento de Fármacos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCS, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, 21944-910
Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
palavras-chave: redução, complexo borana-THF, ariletanolaminas
A hipertensão é uma das principais causas de morte em indivíduos adultos em todo o mundo. Entre os fármacos utilizados para o combate desta patologia temos os bloqueadores b1-adrenérgicos contendo uma estrutura ariletanolamina como grupamento farmacofórico.
Dentro de um projeto visando a síntese de novas ariletanolaminas possuindo um substituínte na posição 2 do anel aromático, capaz de modular a conformação da cadeia etanolamina afetando, assim, o perfil farmacológico do composto, estamos estudando a redução de fenilglioxamidas (2) derivadas da 1-acetilisatina (1) pelo complexo BH3.THF.
Em estudos anteriores, verificou-se que a redução de 2-acetami-dofenilglioxamidas secundárias (2, R1=H, R2=alquil ou aril) por hidreto de lítio e alumínio1 ou pelo complexo BH3.THF2 à temperatura ambiente em THF, levam a mandelamidas do tipo 3 (R1=H, R2=alquil ou aril). Se a reação for conduzida à temperatura de refluxo, o uso de BH3.THF leva a redução completa do sistema, gerando ariletanolaminas (4, R1=H, R2=alquil ou aril), enquanto que o uso de LiAlH4 não altera o padrão de reatividade, obtendo-se 3 (R1=H, R2=alquil ou aril).
No caso de amidas terciárias (2, R1= R2=alquil ou aril), estudou-se apenas o uso de hidreto de lítio e alumínio como redutor e à temperatura de refluxo, o que gera ariletanolaminas1 (4, R1=R2=alquil ou aril).
Assim, em função da conformação da cadeia glioxamida, determinada pelas ligações de hidrogênio entre as carbonilas e os grupos NH, ocorre uma alteração da reatividade do sistema. Diferentes propriedades deste sistema em função da geometria já foram observadas por espectroscopia de r.m.n. e de UV/Vis.
Visando expandir a compreensão da relação entre geometria e reatividade neste sistema, e estabelecer a melhor condição sintética para a obtenção de 4, estamos estudando a redução de diversas amidas secundárias e terciárias frente ao complexo BH3.THF. Descrevemos aqui os resultados obtidos com as amidas 2a (R1=H, R2=tBu) e 2b (R1=R2=nBu).
As amidas 2a e 2b foram obtidas pela reação de 1-acetilisatina com as aminas correspondentes em diclorometano e à temperatura ambiente. Os rendimentos foram de 78% para 2a (após recristalização) e de 40% para 2b (após cromatografia de coluna flash).
As reduções empregando o complexo BH3.THF foram realizadas à temperatura ambiente e com aquecimento a refluxo. No caso da amida secundária 2a, observamos o mesmo padrão já descrito acima, em que a reação a temperatura ambiente leva à redução a 3a (R1=H, R2=tBu), enquanto que a redução à temperatura de refluxo leva à etanolamina 4a (R1=H, R2=tBu). O mesmo ocorreu nos experimentos envolvendo a amida terciária 2b (R1=R2=nBu), obtendo-se a mandelamida 3b (R1=R2=nBu) na redução a temperatura ambiente, e a etanolamina 4b (R1=R2=nBu) na redução à temperatura de refluxo.
Para fins de comparação de espectros e para uso em análises cromatográficas, obtivemos também os álcoois 5a (R1=H, R2=tBu) e 5b (R1=R2=nBu) em rendimentos de 36% e 60%, respectivamente, pela redução de 2a/2b com boroidreto de sódio em metanol à temperatura ambiente.
Os resultados obtidos mostram uma menor reatividade da amida do radical glioxil frente ao complexo BH3.THF, um redutor de natureza eletrofílica, pelo comprometimento do átomo de oxigênio da carboxila em uma ligação de hidrogênio intramolecular, provavelmente envolvendo o grupo NH ligado ao anel aromático2. Verifica-se também uma maior reatividade deste redutor frente a este sistema, quando comparado com o LiAlH4, tornando possível a obtenção das etanolaminas secundárias desejadas.
Referências bibliográficas:
1Franke, A. Liebigs Ann. Chem., 1982, 794-804.
2Silva, R.B. Tese de Mestrado, IQ-UFRJ, 1990, 58-69.
APOIO FINANCEIRO: FUJB/UFRJ, FAPERJ, CAPES