PRODUÇÃO DE RADICAIS DE OXIGÊNIO POR NEUTRÓFILOS ATIVADOS POR DIFERENTES ESTÍMULOS: FUNÇÃO DE FLAVONÓIDES


Alexandre Kanashiro (PG); Ana Cristina Morseli Polizelllo (PQ); João Luís Callegari Lopes (PQ);Yara Maria Lucisano Valim (PQ)*


Departamento de Física e Química: Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto–Universidade de São Paulo


Palavras-chaves: flavonóides; radicais de oxigênio; neutrófilos.


Os flavonóides são estruturas polifenólicas de baixo peso molecular encontradas naturalmente nas plantas. Esses metabólitos secundários são de grande importância na manutenção da saúde de muitos animais herbívoros, incluindo o homem.

Nos últimos anos, o interesse pelas propriedades farmacológicas e bioquímicas destes compostos tem crescido bastante, principalmente pela sua atividade anti-inflamatória. Para explicá-la tem-se estudado suas propriedades antioxidantes, tais como: sua ação inibitória de enzimas, sua excelente capacidade de quelar metais, como o ferro, e sua atuação como “scavenging” de radicais de oxigênio (ROS), uma vez que a presença destes tem sido relacionadas a certas doenças crônicas, como: doenças auto–imune (artrite reumatóide, lupus,...), câncer, doença de Parkinson.

Os radicais de oxigênio são originários de fontes metabólicas e de agentes externos. Normalmente são gerados durante o catabolismo e o “burst” respiratório desencadeado nas células fagocíticas, após a infecção viral ou bacteriana e também nas reações inflamatórias.

O fagócito maduro, leucócito polimorfonuclear neutrófilo (PMN), é altamente especializado na sua função primária, a fagocitose, a morte e a digestão de microorganismos. Partículas apropriadamente opsonizadas (com anticorpo e/ou componentes do complemento) desencadeiam esse processo celular. Ainda estas células exercem efeito citotóxicos em direção a células infectadas com vírus e tumores. De maneira geral estas atividades são mediadas por radicais de oxigênio (O2-• OH•, 1O2...), que são gerados sequencialmente, iniciando-se com produção de O2- pela ativação da enzima NADPH-oxidase ligada a membrana do PMN.

Nosso laboratório estuda os mecanismos envolvidos na produção de ROS por neutrófilos de coelho estimulados com imunocomlpexos de anticorpos da classe G de coelho anti-ovoalbumina (ICIgG), e partículas de zimosan opsonizado (Ziops) apresentando diferentes propriedades imunoquímicas. Essas investigações fornecem subsídios para entendimento dos mecanismos moleculares envolvidos nestas estimulações.

Atualmente muitos estudos vem se desenvolvendo para verificar o efeito dos flavonóides no processo de liberação de ROS por células fagocíticas (ex. neutrófilos), com o objetivo de se relacionar a estrutura destes compostos com a função biológica desencadeada, bem como entender como esta classe de compostos modulam a resposta oxidativa dos neutrófilos.

No presente estudo temos investigado o efeito inibitório de 08 flavonóides na produção de ROS por PMN estimulados com complexos imunes da classe G, preparados na zona de equivalência, e zimosan opsonizado com componentes do sistema complemento.

Os flavonóides estudados foram: quercetin; isorhamnetin; diosmetina; eriodictiol; homoeridictiol; 7,3’-dimetil éter do eriodictiol; tetrametoxiflavona e pentametoxiflavona.

Para cada determinação, usamos 2x106 células suspensas em 2,0 mL de solução de Hanks pH 7,2, contendo 10-4M de luminol, na presença ou ausência de 10-5 ou 10-6 M de flavonóide teste. As amostras foram mantidas por 5 minutos a 37oC em luminômetro BioOrbit (modelo 1250). A Quimioluminescência dependente de luminol (Qllum), expressa em milivolts, foi medida antes da estimulação, para se obter um valor basal e depois em intervalos de 10 segundos por um período de 15 minutos, após a adição do agente estimulador ICIgG ou Ziops. O efeito inibitório de cada composto foi determinado no pico de quimioluminescência obtido (valor máximo menos o valor o valor basal) e expresso como porcentagem do controle (células + ICIgG ou Ziops).

O agente estimulador dos PMN, ICIgG, interage com um receptor de membrana específico, Fcg, sendo esta interação dependente de sua concentração e íons Ca2+; já o outro agente, o Ziops, liga com outro receptor, o CR1. Nas condições investigadas: 1x106 células/mL e 10-4 M de luminol atingiram um máximo na medida de QLlum, quando estimuladas com 60 mg de ICIgG ou 2 mg de Ziops.

Nossos resultados mostram que todos os flavonóides estudados inibiram as respostas de QLlum dos PMN. Isto pode ser devido a inibicão da produção de ROS pelas células e estar relacionado com atividades antioxidante e/ou quelante destes compostos, dependentes de sua estrutura química.

Parece ainda que os flavonóides apresentam um quadro de inibição diferente na atividade estudada, dependente do agente estimulador. Estas observações serão discutidas em detalhes.

O atual estudo da relação entre a estrutura química dos flavonóides e sua atividade biológica é discutida e avaliada no sentido de obter informações que auxiliem no entendimento dos mecanismos de ação destes compostos utilizando diferentes estímulos, no modelo experimental estudado.





CNPq / FAPESP