Estudo fitoquímico de Bertholletia excelsa
(Lecythidaceae).
1 Francinete R. Campos (PG), 1 Lisandra V. Rosas (PG), 1Samara K.R. do Nascimento(PG), 2Ana H. Januário (PQ), 2Paulo S. Pereira (PQ), 2 Suzelei de C. França (PQ), 1 Milade dos S.C Cordeiro (PQ)
Departamento de Química - Universidade do Amazonas
Departamento de Biotecnologia Vegetal Universidade de Ribeirão Preto
Palavras chave: Bertholletia excelsa, Lecythidaceae, ácidos fenólicos
Bertholletia excelsa H.B.K (Lecythidaceae) é uma planta tipica da floresta amazônica e conhecida popularmente como castanheira. Na medicina popular a casca do caule deste vegetal é utilizada como chá ou sumo para o tratamento de moléstias crônicas do fígado e como antimalárica, e a água do fruto contra hepatite [1,2]. Do ponto de vista químico é uma espécie pouco estudada.
Em comunicação anterior[3] relatamos o estudo químico dos extratos em hexano (EH) e AcOEt (EA) das cascas de B. excelsa. Do extrato EH, foi isolado o ácido betulínico e foram identificadas por CG/EM as substâncias: a,b amirina, b-sitosterol, estigmasterol, a-tocoferol em adição aos ácidos palmítico e 9,12 - octadecadienóico na forma de ésteres. Do extrato EA, foram isolados os ácidos siaresinólico e betulínico, além dos esteróides já citados. O presente trabalho tem por objetivo dar prosseguimento ao estudo químico do extrato em acetato EA para esta espécie, visando contribuir para um melhor conhecimento químico do gênero.
Cascas de B. excelsa foram coletadas em Manaus- AM e os extratos EH (hexano) e EA ( acetato de etila) foram obtidos por percolação.
O extrato EA ( 21,39 g) foi cromatografado em coluna filtrante com éter etílico, acetato de etila e metanol sucessivamente. A fração em éter etílico (A) foi submetida a uma filtração em sílica sob vácuo utilizando-se como eluente hexano e acetona em gradiente de polaridade crescente (9:1 ® 1:1, MeOH 100%). As frações reunidas foram recromatografadas em coluna de sílica gel, levando ao isolamento do ácido gálico (1) e seu derivado, ácido 3-O -raminosil-4-metoxi-5-hidroxibenzóico (2). A fração A-3 constituida de uma mistura de triterpenos, foi cromatografada por CLAE- semipreparativo , utilizando-se um cromatógrafo Shimadzu LC-10-AD com detector de arranjo de fotodiodo, coluna C-18- supelco 25cm x 10 mm com tamanho de partícula 5 mm, sendo o sistema eluente um gradiente de MeOH/H2O 85:15 (60 min), MeOH 85%(MeOH 100% (6min), fluxo de 2,5 ml/min (70 min), e detecção a 210 nm, isolando-se o triterpeno (3), com esqueleto do tipo ursano.
As substâncias isoladas tiveram suas estruturas propostas com base no conjunto dos dados espectroscópicos obtidos, incluindo IV, RMN de 1H e 13C, Dept 135, COSY 1H-1H , HMQC e comparação com dados da literatura .
Segundo a literatura o ácido gálico apresenta atividades antibacterial, antiviral e antifúngica, além de mostrar ação antiinflamatória e antitumoral [4].
É relatado também que polifenóis ligam-se através de pontes de hidrogênio e interações hidrofóbicas com colágeno formando uma película que protege a pele reduzindo a perda de água e proteína, propiciando menor formação de fibrose resultando ainda uma ação anti-inflamatória.[5]
Este fato sugere que o ácido gálico e seu derivado descritos neste trabalho, podem estar associados a preservação do colágeno.
A presença de vários sinais de hidrogênios carbinólicos entre d 4,0- 5,7 e um dubleto integrando para tres hidrogênios em d 1,66 ( J = 6,14 Hz) no espectro de RMN1H de 2 sugerem a presença de uma unidade raminose. O sinal a d 18,47 no espectro de RMN13C confirma esta proposta.
A configuração do carbono anomérico da raminose está sendo proposta com base no valor da constante de acoplamento de 1,12 Hz entre H-1 e H-2 .
1. Vieira, L.S. Fitoterapia da Amazonia- Manual das Plantas Medicinais, ED. Agronomica Ceres, São Paulo- SP, 2a edição, 1992.
Brandão, M. das G. Ciência Hoje, 113: 78, 9, 199l.
3. Campos, F.R., Rosas, S.V., Nascimento, S.K.R., Januário, A. H., Pereira, P.S., França, S.C., Cordeiro, M. dos S.C. IV Jornada Paulista de Plantas Medicinais, 1999, Painel 7.34.
4. Harborne, J.B., Baxter, H. Phytochemical Dictionary a Handbook of bioactive compounds from plants, Taylor & Francis, 1993.
5. Haslam E. Journal Natural Products 59: 205-215, 1996.
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