Síntese e propriedades térmicas de HDLs contendo Cu(II)-Cr(III)
Eduardo Luis Crepaldi (PG)a,b, Lucelena Patricio Cardoso (IC)a, Jairo Tronto (IC)a, Cleberson Cipriano de Paula (PG)a, William Jones (PQ)b, João Barros Valim (PQ)a
a
Departamento de Química, Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São
Paulo, Av. Bandeirantes, 3900, 14040-901, Ribeirão Preto, SP.
b
Department of Chemistry, University of Cambridge, Lensfield Road, CB2
1EW, Cambridge, UK.
Hidróxidos duplos lamelares são materiais microporosos que tem recebido grande atenção ultimamente, devido a sua potencial aplicação como catalisadores, adsorventes, trocadores de ânions, peneiras moleculares, entre outras. Em particular, HDLs contendo metais de transição, como Cu(II), Co(II/III), Ni(II) e Cr(III) tem sido aplicados como catalisadores em várias reações químicas de interesse industrial, como na síntese do metanol a partir do gás de síntese e na oxidação de hidrocarbonetos. Estes materiais tem sido utilizados também em catálise ambiental, como na decomposição de NOx e SOx. O objetivo deste trabalho foi sintetizar HDLs contendo Cu(II), Cr(III) e carbonato como ânion interlamelar (Cu-Cr-CO3-HDL) e estudar suas propriedades térmicas.
	  EMBED
	Origin50.Graph  
	 
	
Fig. 1. Dados de TG/MS para o HDL tratado em atmosfera de N2.
	
Os dados obtidos por TG/MS mostraram duas etapas de decomposição muito bem definidas para o carbonato interlamelar. Este fato não é comum na decomposição de HDLs, tendo sido reportado anteriormente apenas uma vez. Além disto, esta mesma análise mostrou a evolução de O2 (para a amostra tratada em N2) em três etapas distintas (Fig. 1). A análise por DRX mostrou que estas etapas de decomposição relacionadas à evolução de O2 ocorrem em temperaturas coincidentes com o aparecimento de espécies de Cu(I): CuCrO2 e Cu2O. Decomposições similares ocorreram em atmosfera de ar, mas em temperaturas mais elevadas. Na realidade, espera-se que após aproximadamente 600 °C o material tenha sido convertido a óxidos. Entretanto, após 600 °C foram observadas mais duas etapas de decomposição. Novamente a análise por DRX mostrou a presença de espécies de Cu(I), o que evidencia a evolução de O2 mesmo em atmosfera oxidante (ar). Óxidos com estrutura do tipo do espinélio, normalmente observados na decomposição dos HDL, não foram observados aqui. Este fato pode ser relacionado à redução dos cátions Cu(II) com formação de CuCrO2.
	  EMBED
	Origin50.Graph  
	 Fig. 2.
	Evolução da quantidade relativa de Cr(VI) com a
	temperatura.  N2;
	¢ Ar
Com base nos dados obtidos pode-se concluir que os materiais obtidos apresentam grande potencial para serem usados em catálise. Vários trabalhos existentes na literatura mostram que catalisadores derivados de HDLs contendo Cu apresentam como sítio ativo espécies de Cu em baixo estado de oxidação (1+, 0) para uma grande gama de reações. A presença de Cu em baixo estado de oxidação geralmente é conseguida pelo uso de atmosfera redutora (H2), o que não se faz necessário no presente caso. Em atmosfera inerte pode-se obter espécies de Cu(I) a partir de 470 °C. Em ar pode-se obter estas espécies a partir de 790 °C.
PAPESP CNPq