EXPLORAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS E MATÉRIA PRIMA INDUSTRIAL: EIXOS CENTRAIS PARA A DISCIPLINA QUÍMICA INORGÂNICA NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL TÉCNICO
Andrea de Moraes Silva (PQ)1,2, Ismarcia Gonçalves Silva (FM)1,3,4,
Maura Ventura Chinelli (FM)1,5
1Centro Federal de Educação Tecnológica de Química de Nilópolis RJ / Unidade de Nilópolis; 2Pontifícia Universidade Católica RJ Departamento de Química; 3Colégio Estadual Padre Anchieta Duque de Caxias RJ; 4NUPEQUI Núcleo de Pesquisas em Educação Química UFF RJ; 5Universidade do Estado do Rio de Janeiro RJ - Faculdade de Educação
Palavras-chave: química inorgânica, ensino de química, profissionalização
Desde a aprovação da Lei 9394/96, que estabelece as atuais diretrizes e bases para a educação nacional, vários outros documentos legais vêm sendo publicados, a fim de definir e orientar as reformas que precisam ser implementadas. No que diz respeito à Educação Profissional destacam-se, até o momento, os textos que traçam objetivos e modificam a estrutura dos cursos profissionalizantes, bem como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico. Neste contexto, as instituições de ensino envolvidas com esse segmento da Educação precisaram reorganizar-se e redesenhar os currículos de seus cursos. Na matriz curricular criada a partir das determinações legais para o Curso Técnico de Química da Unidade de Nilópolis do CEFET de Química de Nilópolis-RJ, a Química Inorgânica, antes oferecida em dois semestres letivos, passou a contar com apenas um semestre para desenvolver-se.
Este trabalho teve por objetivo reelaborar o programa da disciplina Química Inorgânica, de modo a proporcionar aos estudantes a oportunidade de construir conhecimentos relativos à compreensão do comportamento químico das substâncias e dos elementos - a partir da configuração eletrônica destes, das ligações químicas e das propriedades periódicas bem como relacionar a Química aos fenômenos cotidianos, aos processos industriais e aos interesses da sociedade.
A equipe responsável entendeu que deveria atribuir à disciplina novos valores na formação do técnico químico, em lugar de apenas comprimir ou reduzir o programa anterior, e procurou atender aos princípios preconizados pela Lei sem, no entanto, negarlhe o valor tradicionalmente aceito. O trabalho desenvolveu-se tomando por base os princípios de Ausubel para a aprendizagem significativa os alunos são jovens adolescentes, cuja maturidade psíquica e intelectual precisa ser respeitada e que possuem vivências e conhecimentos prévios a serem considerados - levou em consideração possibilidades para uma abordagem interdisciplinar e procurou fazer da atividade profissional do Técnico Químico o contexto em que se desenvolveria o aprendizado. Fundamentado nesses princípios, o programa foi organizado de forma a possibilitar a reflexão e o debate sobre exploração de recursos naturais e seu aproveitamento como matéria-prima para a indústria, interligando os conteúdos de modo a dar-lhes coerência, otimizar o tempo e facilitar a aprendizagem, sem abrir mão do aprofundamento desejável para a formação profissional de técnicos de nível médio. O grande desafio seria tratar dos aspectos microscópicos da matéria através de conceitos atualizados, novos modelos, novas interpretações e relacionar, através de discussões teóricas e atividades experimentais, o comportamento químico das substâncias e elementos a suas aplicações industriais. Desenvolvendo-se o programa conforme o planejado, os alunos teriam a oportunidade de conhecer os processos de obtenção e as principais aplicações dos elementos da Classificação Periódica, com ênfase naqueles que se destacam em razão de sua importância econômica ou social; identificar as propriedades químicas desses elementos, através de suas reações e das de seus compostos, buscando as razões microscópicas pelas quais ocorrem os fenômenos em que se envolvem; compreender as razões químicas que fazem da água e do oxigênio substâncias essenciais à vida e determinantes das suas condições na Terra; e adquirir habilidades e técnicas necessárias à realização dos procedimentos experimentais.
Como resultado, chegou-se a um programa dividido em seis tópicos: 1. Estrutura Atômica: orbitais atômicos, blindagem, penetração de orbitais, carga nuclear efetiva. 2. Ligação Química: ligações iônica, covalente e metálica. Características dos compostos unidos pelos diferentes tipos de ligações. Estrutura e geometria dos sólidos iônicos. Energia reticular. 3. Propriedades gerais dos elementos: raio atômico, raio iônico, raio covalente. Energia de ionização e afinidade eletrônica. Poder polarizante e polarizabilidade. Valências e números de oxidação variáveis. Relações horizontais, verticais e diagonais na Classificação Periódica. 4. Gases: estrutura, propriedades, obtenção e aplicações de gases, entre eles: O2, O3, H2, CO, CO2, N2, N2O, NO, NO2, NH3, SO2, H2S, F2, Cl2; 5. Minerais, minérios e metais: definições, classificação, ocorrência, reações, obtenção e aplicações. Fabricação de aço e vidro. Cerâmicas. Semicondutores. Células solares. Substâncias de grande importância industrial. 6. Água: estrutura e propriedades. Ligação de Hidrogênio. Água dura e água pesada. Potabilização e abrandamento.
Após a aplicação deste programa em dois semestres consecutivos concluiu-se que: · foi possível dar significado à aprendizagem, sem negligenciar os conceitos necessários à compreensão dos processos produtivos, das tecnologias utilizadas pela indústria e dos métodos de análise instrumental; · relacionar aspectos microscópicos da matéria a questões tecnológicas e ambientais possibilita que esses conhecimentos tornem-se aplicáveis à vida profissional futura e à formação dos alunos como cidadãos.
Bibliografia: 1. BARROS, Haroldo L. C. Química Inorgânica: uma introdução. Belo Horizonte. UFMG,1992; 2. CANTO, Eduardo L. do. Minerais, minérios, metais: De onde vêm? Para onde vão? São Paulo, Moderna, 1996; 3. GEPEQ-Grupo de Pesquisa em Educação Química. Interações e Transformações I. São Paulo, Edusp, 1995; 4. _______. Interações e Transformações II. São Paulo, Edusp, 1995; 5. _______. Interações e Transformações III. São Paulo, Edusp, 1998. 6. Lee, J. D. Química Inorgânica não tão concisa. São Paulo, Edgard Blücher, 1999